Cidades

Maceió perde turistas com esgotos nas praias

Guias recomendam ida aos litorais Sul e Norte quando o despejo aumenta

Por Tribuna Independente 22/09/2023 08h02 - Atualizado em 22/09/2023 14h46
Maceió perde turistas com esgotos nas praias
Jangadeiros e comerciantes denunciam que esgotos são lançados nas praias de Maceió, principalmente durante o período com mais chuvas - Foto: Edilson Omena

Dejetos continuam sendo transportados pela tubulação de águas pluviais e desaguando nas praias de Maceió. O jangadeiro Sandro Cardoso trabalha há mais de 20 anos, na Praia de Pajuçara, e afirma que o esgoto é constante. “Quando chove, aumenta o volume com força. Está com uma intensidade menor porque estamos entrando no período de sol. Mas, no período de chuva estoura tudo, vem um monte de sujeira, sacola, plástico, tudo. E fica um mau cheiro, que todo mundo percebe que é esgoto”, disse.

Segundo Cardoso, o lançamento de esgoto acontece em vários pontos da orla. “Tem aqui onde ficam as jangadas, tem na Ponta Verde, tem onde fica a balança de peixe da Pajuçara, tem outro ponto mais à frente e outros. E isso incomoda bastante. Prejudica o nosso trabalho. Os guias de turismo mesmo recomendam que o pessoal vá para praias mais distantes no Litoral Sul, Litoral Norte por causa da poluição. É triste”, afirmou.

O artesão Enrique Pimenta também trabalha na orla de Maceió e tem esperança de que as praias não sofram com o lançamento de esgoto. “Maceió a cada dia que passa fica mais bonita e sempre se regenera de alguma maneira. Os turistas não ligam muito e, na verdade, quem tem que se interessar, se preocupar, somos nós, que vivemos aqui. É muito triste ver essa poluição, mas acredito que um dia vão entrar em um consenso de que as praias precisam de um cuidado maior”, contou.

De acordo com o coordenador de Gerenciamento Costeiro do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL), Ricardo César, a qualidade das águas pluviais que vertem nas orlas de Pajuçara à Jatiúca, que são no número de 12, melhoraram muito nos últimos anos, devido à intensificação da fiscalização.

Chuvas levam poluentes para o mar

O coordenador Ricardo César disse que, durante os períodos de chuvas intensas há um fenômeno de lavagem da cidade. “Todos os contaminantes e poluentes que estão sobre a superfície afetada pela chuva correm pelas galerias e chegam às praias, somando-se a estes os dejetos e entulhos acumulados. Criando nestes períodos, condições impróprias de balneabilidade”, explicou.

Segundo o coordenador, o Riacho de Águas Férreas, em Cruz das Almas, ainda representa um dos maiores problemas ambientais da zona costeira de Maceió. “Esse Riacho hoje se configura em um canal de drenagem praticamente de esgotos e águas servidas durante o período seco. No período de chuva, se soma à lavagem das encostas com carreamento de lixo e contaminantes. Durante todo o ano, as áreas marinhas adjacentes à foz desse riacho se mantêm impróprias para banho. Os pontos permanentes não balneáveis em Maceió atualmente são as fozes do Riacho de Águas Férreas e Riacho Salgadinho”, disse Ricardo César.

O coordenador ressalta que o órgão executa semanalmente o monitoramento das praias e lagunas do estado.