Cidades

Frota de veículos passa de 1 milhão em Alagoas

Número de automóveis no estado cresce 18 vezes em 30 anos; grande fluxo contribui com caos no trânsito, também na capital

Por Valdete Calheiros / Colaboradora com Tribuna Independente 22/09/2023 07h57 - Atualizado em 22/09/2023 08h14
Frota de veículos passa de 1 milhão em Alagoas
Com excesso de veículos nas ruas, trânsito em Maceió virou caos especialmnente nos horários de pico - Foto: Edilson Omena

Dirigir em Maceió é uma tarefa para os fortes. Além de exigir técnica e perícia, a atividade exige paciência, acima de tudo.

Para o engenheiro de transporte Fábio Barbosa Melo, em Maceió difícil é apontar um trecho em que não tenha engarrafamento, trânsito lento.

“O único horário possível de circular com alguma folga em Maceió é após as 23 horas e antes das seis da manhã. Fora desse intervalo, há risco de ficar retido em algum lugar da cidade a qualquer tempo. Qualquer lugar em que é feita alguma melhoria vira logo uma rota alternativa e, em pouco espaço de tempo, transforma-se num novo ponto de retenção, de congestionamento”, afirmou.

Maceió ganha diariamente uma média de 25 novos veículos nas ruas, segundo o arquiteto e doutor em Urbanismo, Renan Silva. A estatística reflete a sensação de motoristas e pedestres de que o trânsito na capital está sempre sob sinal vermelho e com um congestionamento em cada esquina.

Essa é a sensação da cearense com coração alagoano Neuma Ramos. Ela divide sua rotina entre Fortaleza e Maceió há quase 10 anos e lembra que dirigir em Maceió já foi mais fácil. “Agora está mais complicado por conta do número de carros que está crescendo em uma constante. Os engarrafamentos são enormes. Nos horários de pico, então, nem se fala”.

Segundo Neuma Ramos, embora o trânsito de Fortaleza seja mais intenso até por ser uma cidade maior, Maceió não está tão atrás em termos de congestionamentos. “O trânsito só flui um pouco melhor em vias pouco movimentadas”, acrescentou.

Em Alagoas, o número de veículos cresceu 18 vezes em 30 anos. A frota de veículos no Estado conta com 1.054.651 unidades. Essa é quantidade de veículos emplacados, conforme dados disponibilizados pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran/AL). Em Maceió, estão emplacados 376.815 veículos.

Essa quantidade de veículos faz os motoristas terem que se dirigir ao local de destino com pelo menos uma hora de antecedência. Como é o caso do Edvaldo Cardoso. “Quando assumo um compromisso, já mentalizo que preciso sair de pelo menos uma hora antes e ainda assim corro o risco de me atrasar”, contou.

Todas essas questões resultam em uma situação de grande desconforto para os maceioenses, obrigados a enfrentarem quilométricos congestionamentos, especialmente, nos horários de picos no trânsito.

Autoridades precisam criar alternativas para desafogar trânsito

O engenheiro de transporte Fábio Barbosa Melo afirmou que as retenções ocorrem basicamente por obstruções na via ou pelo alto volume de tráfego em vias com calibre insuficiente para dar vasão a este volume. “Estas duas situações ocorrem com frequência em Maceió. Muitas obras em horário de grande movimento, muitos veículos estacionados ao longo da via e ocupação indevida da via com a ampliação de áreas de bares ocupando a calçada e se estendendo até via de rolagem, por exemplo, tudo isso ocorre em Maceió”, detalhou o engenheiro.

De acordo com o engenheiro Fábio Barbosa Melo, o poder público precisa fazer estudos, criar alternativas de horários onde possam ser realizadas essas atividades ou permitir/proibir estacionamento de veículos, coibir e fiscalizar.

“No caso do grande volume de tráfego, não há uma solução operacional de curto prazo pois ou se alargam as vias ou se reduz o uso da frota. No caso da ampliação do sistema viário, isso implicaria em grandes investimentos e custos com desapropriação e grandes obras que deveriam ser suportadas por planejamento urbano. No caso da redução do uso da frota, seria necessário investir num transporte coletivo de massa capaz de convencer o usuário do transporte individual a deixar em casa e usar ônibus/trem/metrô em seus deslocamentos”, opinou.

O engenheiro especialista em Segurança Viária, Antônio Monteiro, explicou que o grande problema de Maceió é ter apenas as avenidas Fernandes Lima e Menino Marcelo para ligar as partes baixa e alta da capital. “Com o isolamento do Bebedouro, devido à tragédia causada pela Braskem agravou ainda mais a situação”, disse.

Prefeitura destaca obras na cidade

A Secretaria Municipal de Infraestrutura afirmou que a Prefeitura de Maceió tem trabalhado na abertura de novas vias e no melhoramento daquelas já existentes. Citou como exemplo a ampliação da Avenida Durval de Goes Monteiro.

Em nota, a Seminfra explicou “que a via recebe duas novas faixas em cada sentido, ao longo de seis quilômetros, entre a Coagro e o viaduto da Polícia Rodoviária Federal, com duas faixas de 3,50 metros de largura cada, totalizando sete metros em cada sentido.

A Secretaria também falou sobre a Rota do Mar que foi entregue depois de 10 anos de início das obras. Em toda extensão, a Rota do Mar conta com ciclovia e liga os bairros do Benedito Bentes à parte baixa da capital pela região norte de Maceió.

“A avenida tem 5,9km de extensão e conta no momento com um corredor secundário, do conjunto Caetés até o aterro sanitário, com 1,5 km, cuja obra está em fase de conclusão”.

A Seminfra também apontou a obra de pavimentação na Grota do Andraújo, em Riacho Doce como um dos trabalhos para desafogar o trânsito. Os serviços atendem a uma demanda de 32 anos e serão contemplados 2,5 km de via que dá acesso à AL-101 Norte.

A Prefeitura, por meio da Seminfra, também falou sobre a ponte que ligará Santa Lúcia ao Antares. “A implantação da ponte beneficiará não somente os moradores da região, mas todos aqueles que transitam entre a Avenida Durval de Goes Monteiro e a Avenida Menino Marcelo”.