Cidades

Maceió tem 500 áreas com risco de desabar

Com medo, muita gente foge das barreiras e busca nova moradia; quem fica não pode ver um pingo de chuva que perde o sono

Por Valdete Calheiros/Colaboradora com Tribuna Independente 15/09/2023 07h36 - Atualizado em 15/09/2023 10h10
Maceió tem 500 áreas com risco de desabar
Condição das casas em regiões de risco põe moradores em perigo todo o tempo na localidade do Bolão - Foto: Edilson Omena

Maceió tem mais de 500 pontos de risco de desabamento, segundo a Defesa Civil Municipal. Essas áreas vulneráveis deixam em alerta a população da capital ao menor sinal de chuva na região. Os pontos de risco próximos às encostas estão distribuídos em grandes sete áreas distintas.

A previsão para os próximos cinco dias é de sol, com pancadas de chuva ao longo do dia. E é justamente essa chuva passageira que tira o sono da dona de casa Marlene Mari Alves dos Santos, 74 anos, moradora da comunidade do Bolão, no bairro do Farol.

Segundo ela, a situação ficou bem mais crítica nos últimos 20 anos. Basta sentir uma gota de água de chuva para a dona de casa começar a olhar constantemente para os fundos da residência em que mora com toda família.

“Já vi muito vizinho se mudar daqui. Alguns indo até para o interior. Eu não saio porque não tenho para onde ir. E, na verdade, acho que não devemos sair. A Prefeitura tem condições de reparar a barreira, dando sustentação para garantir a nossa segurança dentro de casa. O inverno já acabou. Sei disso, mas a chuva vem no tempo de Deus. Ninguém pode controlar as chuvas, mas pode controlar a queda da barreira”, afirmou, apontando para o perigo que tem no quintal de casa.

Na mesma rua, em uma casa mais afastada, mora a também dona de casa Chiara Miriam Alves dos Santos. Assim como dona Marlene, ela não tem um endereço alternativo para se mudar caso a chuva aperte e aumente o perigo de desabamento.

De acordo com Chiara dos Santos, mudar as pessoas de endereço não é a solução. “Ninguém quer deixar sua vida, sua casa e seus pertences. Dar as costas a tudo. O que falta é planejamento e ação. O inverno tem data marcada, sempre que para de chover mais forte e intensamente o poder público esquece as barreiras. Ai quando chove um pouquinho quer pensar no assunto. Ou melhor pensar não, falar”, reclamou.

Para Chiara dos Santos, obras paliativas não resolvem o problema.

Pelo contrário, afirmou ela, pode até piorar. “Se uma barreira for contida deforma errada, desaba tudo embaixo, tanto as barreiras quanto as lonas”, frisou.

Conforme a moradora, no último período de chuva construíram uma ponte da madeira para que os moradores pudessem passar de uma área para outra. “A ponte não durou uma semana. Moro entre duas crateras que foram abertas na última grande chuva que caiu em Maceió. Morar no Bolão é assim, a gente não pode nem comemorar que a chuva vai afastar um pouco do calor porque temos que ficar de olho na barreira”.

A Defesa Civil de Maceió que o órgão está monitorando as áreas e que não há previsão de chuvas fortes para os próximos dias.