Cidades

Escola expulsa aluno por ser portador de TDAH

Laudo médico assinado por profissional especialista confirma diagnóstico; menino sente falta das aulas

Por Valdete Calheiros/Colaboradora com Tribuna Independente 06/09/2023 07h49 - Atualizado em 06/09/2023 14h04
Escola expulsa  aluno por ser  portador de TDAH
Colégio é acusado de expulsar menino ilegalmente, mas diz ser referência em educação inclusiva - Foto: Reprodução

Jacyara Nadianne Barbosa Pereira, 35 anos, mãe de um menino de apenas oito anos de idade, está vivendo um grande drama pessoal e familiar ao ter que explicar o inexplicável ao seu filho. A criança está sem estudar desde o último dia 23 de agosto quando, segundo a mãe, foi expulso, no dia anterior, do Colégio Monsenhor Luís Barbosa, localizado na Rua do Sol, no Centro da capital, sob o argumento de que o “colégio não sabe lidar com o diagnóstico de alguns transtornos que meu filho possui”.

O menor recebeu o diagnóstico de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e de TOD, assinado por uma médica neuropediatra. No laudo, a profissional deixa claro que o menor faz acompanhamento regular em consulta, sempre com a mãe presente e que o paciente faz uso medicamentoso e tratamento multidisciplinar.

Ainda segundo o laudo médico, a participação ativa da escola, com estratégias pedagógicas, também é importante para a evolução do quadro.

A criança estudava no local desde o ano passado. Era bolsista, inclusive. E desde o último dia 22 de agosto, conforme relatos de Jacyara Nadianne, a direção do colégio afirmou “a partir de amanhã, você não traz mais ele”.

Desde então, contou a mãe, o menor – cujas iniciais foram omitidas para manter a criança preservada – acorda todas as manhãs perguntando-lhe por que está sem ir à escola, choraminga dizendo que sente saudades dos amiguinhos de sala, pede para ir ao colégio tirar foto da turma para pelo menos ficar de recordação no quarto. Atendente de uma clínica médica, Jacyara Nadianne, afirmou estar desolada com a forma como tudo aconteceu.

Inclusivo: colégio diz ser instituição referência em Maceió

A reportagem da Tribuna Independente procurou a escola pelo telefone. Em nota, enviada, depois das 19 horas, o Colégio frisou que é uma instituição conceituada, idônea e de renome e que o desenvolvimento de suas atividades educacionais é norteado na excelência do atendimento aos seus clientes. “E que é referência em Maceió quando o assunto é educação inclusiva”.

Ainda conforme a nota emitida pelo colégio, durante o período em que se manteve vinculado ao respectivo colégio, “o estudante apresentou comportamento incompatível com as diretrizes da instituição, tendo sido empenhado diversos esforços de cunho pedagógico a fim de que tais atitudes cessassem”.

Inércia

A nota diz ainda que a atitude foi tomada não por irresponsabilidade do Colégio, mas pela inércia da responsável em buscar acompanhamento extraescolar. “Apenas foi aplicada tal providência por prudência e zelo pelo alunado da instituição, seguindo sua premissa básica de manter o conforto e bem estar dos demais discentes”, encerrou a nota.

Mãe desabafa: “ele é uma criança maravilhosa, um doce de menino”

Jacyara Nadianne desabafa: “ele é meu único filho, uma criança maravilhosa. Um doce de menino que está sofrendo e muito com o brusco, repentino e inexplicável afastamento da escola”.

De acordo com a mãe do menor, o colégio a chamou para uma reunião que foi realizada no último dia 14 de junho. Como não pode comparecer, Jacyara Nadianne pedia para que sua mãe a representasse.

“Durante a reunião, a escola falou palavras muito bonitas sobre a escola e tal. Ao final, pediu para nós procurássemos uma nova escola para o meu filho porque elas não estavam se adaptando a ele, não estavam sabendo lidar com ele. E nos deu uma semana (até o dia 21 de junho) para nós achássemos outra escola. Já naquele momento minha mãe indagou se o colégio achava que conseguiríamos uma nova escola em um prazo de sete dias. O colégio respondeu a minha mãe que ‘aí já não é problema nosso’”, detalhou a mãe do menor.

Chegaram as férias escolares. E ao retornar o período letivo, de acordo com Jacyara Nadianne, o menino continuou na escola. Até que no dia 21 de agosto, ao apresentar comportamento agitado, a mãe foi novamente convidada a comparecer a escola, no dia seguinte, para uma nova reunião.

“Dessa vez, eu mesma fui à reunião. A diretora disse que estava muito preocupada com o novo episódio acontecido com meu filho e lembrou que o prazo estipulado pelo colégio para que procurássemos outra escola já havia acabado”.

A diretora do colégio sugeriu outros dois nomes de escolas, mas Jacyara usou como argumento suas condições financeiras.

O colégio solicitou que a mãe assinasse a ata de reunião do Conselho de Classe. Prontamente a mãe do aluno, que decidia pela expulsão, mas ela se recusou a assinar um documento com relatos de uma reunião que ela não participara. Tudo isso resultou no garoto sendo expulso.