Cidades

Mais uma barraca tem estrutura comprometida na orla de Maceió

Defesa Civil recomenda demolição do imóvel localizado na Praia do Sobral, no Pontal da Barra

Por Luciana Beder - colaboradora com Tribuna Independente 31/08/2023 08h45
Mais uma barraca tem estrutura comprometida na orla de Maceió
Obras de intervenção foram iniciadas ano passado para conter erosão na orla de Maceió - Foto: Edilson Omena

Mais uma barraca está com a estrutura comprometida por causa do avanço do mar, na orla de Maceió. Na terça-feira (29), a Barraca Recanto do Pontal, localizada na Praia do Sobral, no Pontal da Barra, foi interditada pela Defesa Civil de Maceió por apresentar risco iminente de desabamento.

Segundo o órgão, além do avanço do mar, comprometendo o entorno da barraca, há outras patologias, como madeiras de sustentação desgastadas e fissuras no rodapé. Após vistoria e produção do relatório técnico, a Defesa Civil recomendou a demolição emergencial e preventiva, por risco de colapso de edificação, incêndio em aglomerado residencial e erosão costeira/marinha.

Conforme Defesa Civil, além do avanço do mar, barraca apresenta patologia, como madeiras de sustentação desgastadas e fissuras no rodapé I Foto: Edilson Omena


Ainda de acordo com a Defesa Civil, os proprietários serão notificados e após a retirada dos materiais, a demolição será realizada pela Prefeitura de Maceió.
Para o frequentador Adalberto Viana, a obra de contenção que está sendo realizada no local é que causou o risco de desabamento da barraca. “Eles arrancaram toda a vegetação que tinha, as pedras, fizeram uma barreira de areia e foram arrancando tudo. A barraca já estava podre, realmente, mas não era por isso que ia desabar. Quando eles tiram a vegetação, não tem o que segurar a areia e aí ela volta para o mar, desce tudo”, afirmou.

Na semana passada, a Barraca Carlito, que fica na orla da Ponta Verde, também foi condenada pela Defesa Civil por causa do risco de desabamento. Equipes do órgão e da Secretaria Municipal de Segurança Cidadã (SEMSC) iniciaram o processo de demolição da barraca que deve ser concluído hoje (31).

Segundo a Defesa Civil, o órgão monitora e realiza vistorias em todas as barracas de praia da orla de Maceió, a fim de identificar possíveis danos causados pelo avanço do mar.

Erosão atinge 12 pontos da orla, desde o Pontal da Barra até Riacho Doce

Na capital alagoana, a erosão marinha atinge 12 pontos da orla, que vão da Praia do Pontal da Barra até a Praia da Sereia, em Riacho Doce. O avanço do mar vem causando estragos e afeta a passagem de pedestres e ciclistas no calçadão.

A Prefeitura de Maceió iniciou em agosto do ano passado intervenções para frear a erosão da costa da capital. Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra), as obras já estão em processo de finalização em pontos nos bairros de Jatiúca e Jacarecica. A obra se concentra também no Sobral e, em breve, estará começando no Pontal.

Ao todo, 2,4 quilômetros receberão blocos de concreto pré-moldados e anéis hexagonais, que funcionam como dissipadores de energia da maré e também protegerão a ciclovia, passeio e as vias.

Para o ambientalista Alder Flores, o ideal seria o método de engorda de praia, mas acredita que essa obra também seja eficiente e mais barata. “Existem obras de engenharia que de certa forma servem para impedir estes processos erosivos e estão sendo aplicadas em várias regiões costeiras do país. O método, no meu entendimento pessoal, deve ser a engorda da praia. No entanto, este método é muito caro e precisa de vários estudos que devem ser feitos por especialistas para se ter a certeza da intervenção. De todo modo, algumas intervenções, a exemplo das que estão sendo aplicadas na orla de Maceió, servem para resolver o problema por um longo período tempo”, explicou.

A Seminfra informou que o método de engorda só seria possível se houvesse jazidas de áreas doadoras, ou seja, praia com areias de características iguais aquelas existentes no local da contenção, para que houvesse a transferência do material de uma área para outra, o que não existe em Maceió.

Segundo a pasta, engorda não é contenção e sim aumento de faixa de areia, que requer manutenção periódica e nem sempre é a solução mais viável. O órgão reforçou que essa é uma tecnologia holandesa avançada e sustentável, que não afeta o meio ambiente, de longa durabilidade, com vida útil de 200 anos.

OUTROS LOCAIS

Uma análise recente produzida pelo site de hospedagem Hawaiian Islands com base em dados do Centro Conjunto de Pesquisa da Comissão Europeia apontou que a Praia do Gunga, no município de Roteiro, no Litoral Sul de Alagoas, deve perder 63,3 metros de faixa de areia até o ano de 2100. Na análise, a Praia do Gunga ficou na 10ª colocação entre as praias do continente que mais devem perder litoral.

A Praia do Saco, em Marechal Deodoro, também tem sofrido com o processo de erosão marinha. Segundo o coordenador de Gerenciamento Costeiro do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL), Ricardo Cesar, o órgão estima que a praia já perdeu cerca de 90 metros de faixa de areia por causa do fenômeno. Ainda no Litoral Sul, têm sido observados processos erosivos no Povoado Barra Nova e na Praia do Francês.

No Litoral Norte do estado, no município da Barra de Santo Antônio, a erosão costeira tem causado diversos estragos em residências localizadas na Ilha da Croa. Casas repletas de rachaduras e que perderam os quintais para o mar.