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Centro: prefeitura compra prédios abandonados

Edifícios Palmares e Ary Pitombo serão transformados em sede administrativa: primeiro passo de revitalização da região

Por Valdete Calheiros - colaboradora com Tribuna Independente 14/07/2023 16h31 - Atualizado em 14/07/2023 16h36
Centro: prefeitura compra prédios abandonados
Antigo edifício Palmares teve parte da estrutura retirada por vândalos e foi vendido para a gestão municipal junto com outros prédios - Foto: Edilson Omena

Com um investimento de pouco mais de R$ 10 milhões, a prefeitura de Maceió adquiriu os edifícios Palmares e Ary Pitombo, localizados no Centro da capital, e que servirão de sede para o poder executivo e algumas secretarias e órgãos municipais. Atualmente, o prefeito despacha em um prédio alugado, no bairro de Jaraguá.

A aquisição dos prédios, ambos edifícios até então pertencentes à União, sinaliza o ponta pé inicial no processo de revitalização do Centro da cidade. As construções já serviram de sede a diversas outras repartições públicas e atualmente estão completamente abandonadas.

Com uma nova sede administrativa, o poder executivo municipal irá garantir uma economia considerável aos cofres públicos com o término de dezenas de contratos de locação dos prédios onde atualmente o prefeito despacha e os secretários trabalham. Dando sequência à compra dos prédios, o Plano de Requalificação do Centro de Maceió deverá ser apresentado nos próximos meses.

Os prédios foram vendidos à prefeitura de Maceió, conforme consta no Diário Oficial da União (DOU). O edifício Palmares custou R$ 5.472.000,00 e o Ary Pitombo, R$ 4.600.000,00. A negociação custou ao município R$ 10.072.000,00. Próximos às edificações recém-adquiridas já funciona a Secretaria Municipal de Fazenda.

As autorizações para aquisição dos imóveis foram publicadas no Diário Oficial da União em 29 de maio.

Não tão distante da região da futura sede administrativa de Maceió, funciona a Fundação Municipal de Ação Cultural. O prédio pertence a prefeitura, teve reforma iniciada na gestão do ex-prefeito Rui Palmeiras (PSD) e concluída na atual gestão do prefeito João Henrique Caldas, JHC, (PL). O prédio também é histórico é já figurou como sede da Secretaria Municipal de Ação Social e antes da Casal – A Companhia de Saneamento de Alagoas.

ABANDONO

Os prédios que ligam à Praça dos Palmares à Rua do Comércio funcionaram como sedes dos institutos de aposentadoria e de assistência médica e estão em situação de completo abandono há mais de duas décadas. Nesse intervalo, as edificações sofreram com a ação do tempo, o desgaste causado pelo abandono, as depredações de vândalos e mudaram a ideia de que o Centro da capital é um lugar dinâmico em que a correria do comércio faz a vida do maceioense parecer andar mais rápida.

Há uma década, o edifício Palmares foi invadido por famílias sem-teto. A Justiça determinou a desocupação imediata do prédio. Vândalos invadiram o prédio e retiram todo o material de construção que havia sobrado. O edifício ficou depenado, sobrando apenas o esqueleto da edificação.

É no Centro que está concentrada a maioria dos empregos no setor de serviços de Maceió. São centenas de lojas, restaurantes, lanchonetes, estacionamentos, bancos, escritórios, clínicas e hospitais, museus, teatros e repartições públicas. Como em um comportamento típico de capital, o Centro é o coração pulsante da cidade.

Em nota, a prefeitura de Maceió informou que assinou contrato junto ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para a compra da antiga sede do órgão, localizado no Centro da cidade.

“A intenção é construir um centro administrativo que comportará gabinete do prefeito, secretarias municipais e órgãos da administração, agregando ainda serviços aos moradores. O complexo administrativo significa uma importante economia aos cofres públicos, com os cortes de aluguéis, além de garantir novos usos ao centro histórico da cidade. O projeto arquitetônico e a forma de execução da obra já estão sendo desenvolvidos”.

Quanto aos valores a serem economizados com o fim dos contratos de alugueis, a assessoria da prefeitura disse que só poderá ser estimado quando o projeto for elaborado uma vez que não está definido ainda quais secretarias e órgãos passarão a funcionar nas novas edificações.

O engenheiro civil Marcelo Daniel de Barros Melo, perito em engenharia credenciado pelo Tribunal de Justiça de Alagoas e presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape/AL) definiu como louvável a intenção de centralizar nos dois prédios a estrutura administrativa da prefeitura. Ele, no entanto, elencou algumas mudanças importantes a serem feitas.

Funcionários espalhados por falta de uma sede


Atualmente, os funcionários da Superintendência Regional do Ministério do Trabalho em Alagoas encontram-se espalhados em vários imóveis improvisados, explicou o presidente do Sindprev, dificultando o acesso dos trabalhadores, por isso defendem a restauração urgente do prédio, para que possam voltar a atender a população alagoana, em um local e espaço devidamente apropriado para os seus serviços.

“A revitalização daquele unidade, a exemplo do que a prefeitura de Maceió deverá promover nos edifícios Palmares e Ary Pitombo, situados na praça dos Palmares, em muito contribuiria para uma necessária revitalização do Centro comercial de nossa cidade.

O edifício sede da gerência executiva do INSS em Maceió, não escapou a todo esse processo. “Em nosso entendimento, é indispensável a realização de reformas e manutenções prediais, não só no edifício sede do INSS, mas em várias agências da Previdência Social em nosso estado.”, pontuou.

De Bella Vista à futura sede da prefeitura – A aquisição dos prédios da União, por parte da prefeitura, provocou no historiador Edberto Ticianeli uma verdadeira viagem ao tempo. Consultando seus escritos, ele lembrou que o prédio do INSS foi erguido no local do antigo e majestoso Bella Vista Palácio Hotel, que antes foi local do hotel Petrópolis, o único sem mosquito.

Prédio Ary Pitombo é tipo de construção mais fácil de recuperar


“O Ary Pitombo, cuja estrutura é em alvenaria com lajes de piso e forro em concreto armado, é um tipo de construção mais fácil de se recuperar, porque sua estrutura não deve estar muito comprometida. Certamente, o que deve ser totalmente refeitas são as instalações hidrosanitárias e elétricas, com inclusão do sistema de lógica e para-raios. E outras instalações necessárias. Precisam também ser totalmente construídas as estruturas dos elevadores”, detalhou.

PALMARES

Já o edifício Palmares, prédio de construção mais recente entre os dois adquiridos pela prefeitura, é, de acordo com o engenheiro Marcelo Daniel de Barros Melo, todo em estrutura de concreto armado e requer um estudo mais aprimorado para sua recuperação. “Creio que já exista corrosão nas estruturas. O restante tem que refazer total. Em ambos os prédios, as esquadrias em ambos têm que serem refeitas”, explicou ao frisar que estava fazendo uma breve avaliação, sem ter realizado uma vistoria mais aprofundada.

“Outro ponto importante são as coberturas dos prédios, devem estar completamente destruídas, tem que ter um projeto seguro de recuperação”, completou.

Quanto à revitalização dos prédios buscando a revitalização do Centro, acredita o engenheiro e presidente Ibape/AL, tem muito a ser feito. “A começar pela feira da rua, retirando-a de imediato, além de criar áreas para atender a demanda de estacionamento dos veículos dos funcionários e visitantes, criar um comércio atrativo para o turismo, com horário noturno e funcionamento aos finais de semana.

Além dos prédios Palmares e Ary Pitombo, existem outras edificações abandonadas no Centro, a exemplo da antiga sede da Delegacia Regional do Trabalho (DRT), Ministério da Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Sindicato dos trabalhadores da Saúde, Previdência, Seguro Social e Assistência Social (Sindprev),

Para o presidente do Sindprev, Ronaldo Alcantara, os servidores da Superintendência Regional do Ministério do Trabalho/AL, mais uma vez estão se mobilizando para pressionar por uma revitalização daquele imóvel, que é uma verdadeira referência na memória dos trabalhadores.

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