Desde o fim de semana mais praias alagoanas tiveram registros de resíduos de óleo. As análises dos primeiros materiais, encontrados no fim de agosto, sugerem a presença de um óleo diferente. Isto é, não compatível com o encontrado em 2019, o que pode indicar um novo descarte do material no oceano.

Segundo laudo emitido em setembro, os materiais coletados são diferentes. O material que vem sendo coletado vai ser levado para análises que vão determinar a possível origem e relação com os resíduos encontrados em diferentes períodos.

“Através do perfil cromatográfico podemos observar a diferença entre eles, o que pode levar à indícios que não se trata da mesma amostra, ou seja, o petróleo coletado em 23-08-22 não tem ligação com o episódio do derramamento de óleo no litoral de 2019”, afirma o laudo assinado pelo pesquisador Dr. Mozart Daltro Bispo.

O pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Emerson Soares explica que existem duas amostras analisadas este ano, ambas são similares, mas diferem do material encontrado em 2019. A avaliação do pesquisador é que possivelmente seja material descartado da lavagem de tanques em alto mar.

“Então, de 2019 é diferente desses agora que a gente coletou recentemente analisando as praias. Esses que coletamos agora são iguais, o que diferencia um do outro é a consistência. No caso do óleo novo que chegou em Coruripe e nas outras praias no fim de semana as equipes de laboratório ainda vão analisar. As análises devem durante uma semana e aí a gente vai ver. Então a gente vai ter três tipos de óleo agora. Possivelmente algum barco limpou seus tanques em águas brasileiras ou na corrente Sul Equatorial”, pontua.

Último fim de semana tem mais registros de óleo em praias alagoanas

Ontem (3) houve registros nas praias de Carro Quebrado, Barra de Santo Antônio, Jequiá da Praia e Maragogi. No fim de semana foram encontrados resíduos em Paripueira, Porto da Rua, Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres, Francês e Coruripe.

Além da costa Alagoana, em Pernambuco, Rio Grande do Norte e Bahia também tem chegado material. Um vídeo que circulou nas redes sociais ontem mostra a chegada de óleo em Jequiá da Praia. O monitoramento e a limpeza têm sido realizados por órgãos ambientais locais e federais. Segundo Emerson Soares é possível que o material continue chegando em alguns locais.

Ainda não há levantamento sobre a quantidade de óleo e resíduos retirados das praias.

RELEMBRE

O surgimento de óleo nas praias do litoral brasileiro ocorreu entre agosto de 2019 e março de 2020 atingindo 130 cidades e onze estados. À época, a Polícia Federal concluiu que um navio petroleiro grego derramou o produto no mar e indiciou os responsáveis pela embarcação por crimes ambientais. Estima-se que entre cinco mil e doze mil toneladas foram despejadas no mar.

Até hoje não é possível quantificar o real impacto para os ecossistemas, entretanto, a situação é considerada um dos maiores desastres ambientais da história.