Cidades

Sururu branco pode ser espécie invasora

Há indícios de que material pode ter vindo do Caribe; Lagoa Mundaú será monitorada por pesquisadores por 4 meses para confirmar ou não

Por Evellyn Pimetel com Tribuna Independente 16/07/2022 09h24
Sururu branco pode ser espécie invasora
O sururu esbranquiçado quando cozido se esfarela totalmente, com prejuízos para renda de pescadores - Foto: Edilson Omena

Estudos preliminares apontam que o surgimento do sururu branco, na Lagoa Mundaú, pode estar relacionado a uma espécie invasora. O pesquisador e pós-doutor em Ciências Aquáticas, Emerson Soares, que acompanha a situação lagunar, afirma que avaliações mais detalhadas devem ser realizadas nos próximos quatro meses para a confirmação. Entretanto, há fortes indícios.

“A gente tinha suspeitas né? Hipóteses... As hipóteses poderiam ser mudanças ambientais, problemas de mutação, podia ser adoecimento, etc. Mas ao que tudo indica que esse sururu branco não é mutação é uma espécie invasora. Estamos terminando um estudo a respeito do sururu e realmente parece ser uma espécie que veio do Caribe”, afirma Soares.

Em resumo, a escassez do sururu nativo, fato que vem se agravando ao longo dos anos, permite que outras espécies se instalem. E a escassez, segundo o pesquisador, tem sido causada pelos altos níveis de poluição que comprometem a sobrevivência do sururu nativo

“O sururu branco está se proliferando porque o sururu nativo, ele está desaparecendo aos poucos, diminuindo a quantidade, então quando uma espécie devido a problemas ambientais ela começa a ter seu espaço ocupado, uma espécie invasora começa a se aproveitar do espaço. Então é um uma espécie invasora que está se aproveitando do espaço que o sururu preto, que a gente chama, que é o sururu nativo, está deixando. Porque está começando a diminuir devido a poluição”, detalha.

Preocupante


Caso a hipótese seja confirmada, a situação é ainda mais preocupante, afirma Emerson Soares. Uma vez que uma nova espécie possui características diferentes, inclusive podendo ser mais resistente e extinguir a espécie nativa.

“Tudo está ligado à questão ambiental. Sendo uma espécie invasora, ela pode ser mais resistente que a espécie nativa. Então a outra pode se aproveitar por ser um pouco resistente por exemplo se for uma espécie nova e ocupar esse espaço, ela pode ir ocupando até começar a diminuir e se extinguir a espécie nativa. São muitas informações que temos, muitas perguntas, mas a gente vai começar a estudar isso. O que sabemos até agora é que se for uma espécie invasora com certeza vai ser muito mais difícil de resolver”, aponta.

Problema é denunciado por pescadores e marisqueiros


O problema do sururu branco vem sendo denunciado por pescadores e marisqueiros da Lagoa Mundaú. No mês passado, a Tribuna Independente noticiou a crise enfrentada pelos profissionais na busca pelo sururu. Eles denunciaram a escassez e a existência desse novo tipo.

Bruno Alves atua na coleta do sururu há 19 anos e conta que nunca viu nada parecido. A escassez do molusco tem se acentuado nos últimos meses e se agravado desde o início das chuvas, em maio deste ano. Ele afirma que os marisqueiros estão com as atividades paralisadas e “passando sufoco”.

“Eu trabalho desde os meus 8 anos e nunca vi nada igual. Não estamos encontrando sururu em lugar nenhum, está tudo morto. Quem tem uma condição melhor, paga frete e leva o barco até Roteiro para ver se consegue pescar alguma coisa. Quem não tem como fazer isso está passando sufoco, porque não tem sururu na Lagoa Mundaú. Muitas vezes quando se encontra é um sururu esbranquiçado que quando a gente cozinha se esfarela todinho. Nunca vi uma coisa dessas. Acho que ele fica sem oxigênio, não sei o que causa isso. Mas é ruim”, comenta o pescador.

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