Cidades

Alagoas se aproxima de 7 mil mortes por Covid-19

Somente na capital, foram registrados mais de três mil óbitos pela doença; número é maior em Maceió, Arapiraca e Rio Largo

Por Luciana Beder com Tribuna Independente 13/07/2022 06h25
Alagoas se aproxima de 7 mil mortes por Covid-19
Pessoas infectadas pela Covid-19 em Alagoas podem ser bem maior em virtude da subnotificação de casos - Foto: Ilustração

Alagoas registrou na terça-feira (12), três mortes por Covid-19 e 470 novos casos de pessoas infectadas, segundo o informe epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Com os novos óbitos, o estado contabiliza 6.997 mortes, se aproximando de sete mil óbitos. Maceió, Arapiraca e Rio Largo foram as cidades que mais registraram mortes, com 3.117, 566 e 193, respectivamente.

O número de pessoas infectadas pela Covid-19, em Alagoas, pode ser bem maior do que o contabilizado pela Sesau, em virtude da subnotificação dos casos. De acordo com a infectologista Sarah Dominique, como os resultados dos autotestes disponíveis para compra em farmácias não são comunicados às autoridades sanitárias, muitos casos ficam de fora das estatísticas oficiais. Além dos casos assintomáticos, que não são testados.
“Sem dúvida alguma os dados são irreais. Inclusive, se os profissionais da área de saúde, quando atenderem, não se lembrarem de notificar compulsoriamente, os dados não computam, a informação se perde e nem se pode atribuir ao paciente. E se o paciente, ao testar positivo, não buscar atendimento médico, o caso dele também não será computado”, afirmou Sarah Dominique.

A médica infectologista disse ainda que um número mais próximo da realidade permitiria um melhor planejamento contra a Covid-19. “Isso serve para todas as doenças e agravos. O ideal é: testou positivo, ser atendido, nem que seja por telemedicina, e ser notificado. O Brasil não tem a casuística real dos casos dessa doença. Fora que muitos profissionais não pensam em Covid-19, quando os sintomas não são respiratórios. E a Covid-19 é uma doença sistêmica, afeta todo o corpo”, explicou.

A auxiliar administrativa Maria Helena Albuquerque está entre as pessoas que não fizeram o exame para a doença, mas apresentaram os sintomas. Ela contou que, no início da pandemia, o escritório onde trabalhava permaneceu funcionando e uma colega foi diagnosticada com Covid-19 e afastada do trabalho, mas, dias após o afastamento da colega, ela começou a ter febre, diarreia e outros sintomas da doença.

“Eu morava no Tabuleiro, aí liguei para a central de informações que tinham disponibilizado e me orientaram a fazer o teste. Fui no posto do Graciliano, que era o que atendia lá próximo, e, quando fui atendida, a médica passou os remédios e disse que eu não poderia fazer o teste porque era apenas para pessoas do grupo de risco”, contou.

Maria Helena Albuquerque disse que foi para casa, tomou os remédios e cumpriu o isolamento por 15 dias. “Tive todos os sintomas característicos da doença. Perda de olfato e paladar, febre alta, diarreia e falta de ar. Com certeza, foi covid, mas eu não tive a confirmação e lembro que, na época, o teste particular tinha que agendar, era um longo processo e aí optei por não fazer”, afirmou.

Dois diagnósticos, mas apenas um caso estatístico

Já a estudante Vanessa Guimarães foi diagnosticada duas vezes com Covid-19, mas só entrou para as estatísticas na primeira vez, que não tinha sido vacinada e precisou ir ao hospital. Na reinfecção, ela fez o autoteste disponível para compra em farmácias e o resultado foi positivo para a doença, mas, como não procurou um laboratório oficial para testar novamente, não entrou para as estatísticas.

“Com cinco dias apresentando os sintomas, eu fiz o teste de farmácia e deu positivo. Como os hospitais, públicos e privados, estavam muito cheios, eu optei por não ir e fiquei observando os sintomas, só iria se agravasse. Eu já tinha tomado três doses da vacina, então os sintomas foram bem mais leves”, afirmou.

Ômicron

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, reforçou que as subvariantes BA.4 e BA.5 do coronavírus “continuam a impulsionar a disseminação da Covid-19″ ao redor do globo, em entrevista coletiva em Genebra em 12/7.

Segundo o diretor-geral, foi observado um “aumento substancial da subvariante BA.5 da ômicron nas últimas semanas”, pressionando sistemas de saúde ao redor do globo.

“As novas ondas mostram que a Covid-19 está longe de ter acabado. Estamos em uma posição melhor do que no início da pandemia, mas não podemos baixar a guarda. À medida que o vírus avança, devemos contra-atacar”, defendeu.

Reinfecção: imunidade não é perene para alguns tipos de vírus

Segundo a infectologista Sarah Dominique, o adoecimento mais de uma vez se dá, assim como para outras doenças virais, respiratórias ou não, pela imunidade não ser perene para alguns tipos de vírus.

“Assim como acontece com os vírus influenza A e B, anualmente vacinamos a população em virtude de não mantermos a imunidade perene mediante um adoecimento prévio ou vacinação prévia. E após alguns meses, em média seis meses, estamos vulneráveis novamente”, explicou.

A médica infectologista disse que, na maioria dos casos, após a vacinação, a reinfecção ocorre com a apresentação dos sintomas de forma mais branda. “Há um estado mais ameno da intensidade de sintomas como dor de garganta, coriza, obstrução nasal, febre ou até mesmo ausência de febre, dor de cabeça e dor no corpo”, afirmou.

A psicóloga Luciana Oliveira foi diagnosticada com Covid-19 duas vezes e uma delas foi após tomar três doses da vacina. “A primeira vez que eu tive a doença foi bem severa. Eu estava estagiando em um hospital, em 2020, atendendo pessoas que estavam testando positivo para a doença, e aí comecei a ter falta de ar, tosse e o quadro foi piorando, tive o paladar e olfato afetados, perda de memória, pneumonia e fiquei com 25% do meu pulmão comprometido”, contou.

Já na segunda vez que testou positivo para a doença, Luciana Oliveira disse que os sintomas foram muito mais leves e até cogitou ser outro problema de saúde.

“Foi no começo desse ano, eu estava trabalhando em outro hospital, já tinha tomado as três doses da vacina e mesmo assim comecei a apresentar alguns sintomas, que pensei até que estaria com dengue ou gripe porque até hoje uso máscara, higienizo sempre as mãos, mas que no teste deu covid”, afirmou.