Cidades

Após chuvas, atividade pesqueira no Flexal pode demorar a se restabelecer

Por Gabriely Castelo com Tribuna Independente 07/07/2022 06h50
Após chuvas, atividade pesqueira no Flexal pode demorar a se restabelecer
Pescador na região do Flexal, Edivaldo diz que água entrou em sua casa e prejudicou mais seu trabalho - Foto: Adailson Calheiros

Em todo o Estado, mais de 66 mil pessoas foram afetadas diretamente pelas chuvas intensas e tiveram que deixar suas casas. Na capital, os bairros mais atingidos foram aqueles próximos à Lagoa Mundaú.

A dimensão do prejuízo é imensurável, mas o pesadelo trazido pelas fortes chuvas não acaba. Os pescadores de Flexal de Baixo estão entre os mais castigados. Após o impacto causado pelas chuvas, a atividade pesqueira está enfraquecida e pode demorar a se restabelecer e retomar o ritmo anterior.

Edivaldo, pescador na região, não teve sua casa invadida por ser no Flexal de Cima, mas o seu negócio foi o principal alvo da ação do temporal. “Há doze anos pesco aqui, nunca vi uma enchente dessas, aqui a gente pescava de tudo, mas agora o negócio está ruim” explica o pescador.

Agora que as águas baixaram, o sofrimento começa para quem vive e sobrevive da pesca. Timóteo, que mora na beira da lagoa, perdeu quase tudo com a enchente. No sábado (2), quando a Lagoa Mundaú transbordou sobre a comunidade do Flexal de Baixo, a água ultrapassou a janela do pescador e invadiu a casa, estragando e danificando todos os seus pertences. Mas, para ele, o pior são os impactos do aumento da vazão sobre o seu trabalho. “Não tem o que pescar, está um sofrimento para os pescadores”, explica.

FERNÃO VELHO

Os moradores de Fernão Velho relatam que o nível da água subiu rapidamente no domingo (3), principalmente por conta do transbordamento dos rios no interior. Quem morava na parte baixa do bairro perdeu quase tudo o que tinha.

Celina Venceslau, de 80 anos, relata que água nunca havia entrado em sua casa antes. Dessa vez entrou e ela perdeu tudo. “A lagoa já encheu, mas nunca desse jeito. A água entrou pela cozinha, pelo esgoto, a casa ficou cheia de fezes, cobras, uma sujeira enorme”, complementa a idosa.

Em outra rua, Jocineide dos Santos Bezerra teve sua casa e comércio afetados. Ela perdeu quase tudo, móveis, eletrônicos, só conseguiu recuperar roupas. Mas sua maior preocupação foi com filhinho de apenas 6 anos. “Quando ele viu que a água estava subindo, ficou apavorado. Aí, o levamos para a casa da minha mãe, que mora em uma parte mais alta e que não foi afetada”, explicou. “Nunca vimos tanta água. Na enchente de 2010 subiu apenas um palmo. Dessa vez em casa estava chegando na altura da cintura e, quando saímos na rua, estava chegando no peito”, complementou.