Solidariedade e amor ao próximo – essas são as palavras de ordem para várias instituições, grupos de igrejas (católica e evangélicas), instituições públicas e privadas, prefeituras e sociedade civil organizada que estão se mobilizando desde último fim de semana para arrecadar donativos para as vítimas das chuvas que atingiram mais da metade de Alagoas nos últimos dias.

Em Maceió, mais precisamente no bairro Pontal da Barra, um dos atingidos pelas enchentes após o nível da lagoa Mundaú transbordar e invadir ruas e casas, o grupo SOS Pontal que surgiu no WhatsApp e se estendeu para as demais redes sociais segue arrecadando donativos e ajudando as famílias carentes. A iniciativa de jovens da comunidade deu tanto certo, que muitos donativos foram enviados até para cidades da região Metropolitana.

“A ideia era arrecadar donativos para as famílias do Pontal que foram atingidas, mas a ação deu tanto certo, recebemos tantos donativos que já conseguimos enviar para os bairros do Trapiche, levada, Vergel e até para regiões de Marechal Deodoro. E ainda estamos recebendo, e quando for suprindo as necessidades da comunidade, vamos enviar para as demais pessoas de outras localidades que estão sofrendo o mesmo que a gente. A União faz a força e tudo vai voltar ao normal se Deus quiser’’, disse Adriana Gomes, umas das coordenadoras das ações.

Gabriely Santos, idealizadora do grupo conta que não se segurou quando viu tudo que aconteceu no bairro e nos bairros vizinhos. “Não fui atingida, mas senti a necessidade de fazer algo. Tinha que ajudar de alguma forma, então criei o grupo e fui adicionando alguns amigos e deu muito certo. Graças a Deus as pessoas estão ajudando bastante. Recebemos muitos donativos prontos e para prepararmos. Passamos os últimos dias levando donativos para as pessoas em várias regiões. Utilizamos canoa para facilitar o acesso. Apesar da águia está baixando, a gente ainda continua com a campanha porque muita gente não tem o que comer, o que vestir e estão retornando para limpar suas casas, então essas quentinhas são necessárias. Além disso, as cestas básicas serão enviadas a essas famílias nesse primeiro momento de retorno as suas moradas, justamente porque perderam tudo’’, disse acrescentando que a campanha seguirá para arrecadar móveis novos e usados, colchões, fogões e geladeira para que as famílias consigam retornar as suas casas e recomeçar.

Fabrício da Silva, voluntário na Creche Mestre Izaldino – abrigo temporário no Pontal da Barra, conta que muitas roupas e alimentos foram enviados ao grupo, mas faltam ainda produtos de higiene pessoal e colchões. “Agora estamos tentando arrecadar produtos de higiene pessoal como absorventes fraldas descartáveis e outros. São 450 refeições que entregamos por aqui, sendo 150 em cada turno. Além disso, ainda alojado neste espaço temos 20 pessoas.

Vale lembrar que o SOS Pontal segue prestando contas à sociedade de tudo que for gasto em dinheiro e de tudo que está sendo doado.

Doações aliviam fome de quem tenta voltar à rotina

As donas de casa Ladjane Leandro da Silva e Sirleide dos Santos, contam que as doações são necessárias neste momento porque ajudam a aliviar a fome de quem perdeu tudo.

“Neste momento estamos focados em limpar nossas casas e tentar reutilizar algo. Muita gente perdeu praticamente tudo, de alimento até o fogão para prepara-los. Então, essa ajuda, esse ato de solidariedade é muito importante. Eu mesmo estava até agora sem comer nada, pois estava limpando minha casa, mas vim aqui porque sabia que teria algo pra gente se alimentar’’, conta Ladjane.

Também vítima da enchente no bairro, a dona de casa, Sirleide diz que a situação é complicada, mas essa ajuda minimiza a dor das famílias atingidas. “É complicado a situação. Perdemos tudo. Iremos ter que recomeçar do zero. Estamos dependendo de ajuda e graças a Deus está acontecendo. Essa equipe aqui é muito atenciosa e enquanto o auxílio divulgado pelo governo não saí, essa ajuda é muito muito importante’’, disse.

Sirleide conta ainda que foi resgatada no terminal de ônibus. “Eu estava no terminal com meu esposo e três filhos quando fomos resgatados e trazidos para este espaço. Aqui recebi apoio e atenção. E isso é importante para gente que passa por um momento difícil desses. Para casa não tenho como voltar agora, lá tem muita cobra e água ainda’’, conta acrescentando que os filhos de 15 e 12 anos viraram voluntários no regaste as vítimas. “Meu esposo tem uma canoa e ele e meus filhos usaram para ajudar as outras pessoas. Eu fiquei receosa com medo e pedi para não irem, mas eles falaram que era pra ter orgulho, pois eles estavam salvando vidas assim como as nossas foram resgatadas.

INSTITUIÇÕES

A Defesa Civil e Cruz Vermelha já havia iniciado ainda em junho uma campanha de arrecadação de donativos. A coleta do material e a distribuição é feita pela Cruz Vermelha. De acordo com o tenente-coronel Moisés Melo , coordenador da Defesa Civil Estadual, as doações prioritárias são alimentos não perecíveis e água mineral, como também colchões e roupas de cama.

As doações podem ser entregues na sede da Cruz Vermelha, no bairro da Jatiúca, em frente ao Maceió Shopping.

A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) começou a arrecadação de casacos, edredons, lençóis, roupas, alimentos não perecíveis e produtos de higiene e limpeza.

A Arquidiocese de Maceió está arrecadando material de higiene pessoal, material de limpeza, agasalhos, cobertores, água mineral, leite para crianças e alimentos não perecíveis. As doações estão sendo recebidas na Arquidiocese, nas paróquias e na Igreja de São Gonçalo.

Além destas, outras instituições seguem fazendo a arrecadação de donativos. 

PREFEITURAS

Prefeituras de várias cidades do interior do estado também segue fazendo campanhas para ajudar os munícipes, assim como prefeituras de cidades não atingidas que estão colaborando com as cidades vizinhas com arrecadação de donativos e agasalhos.

Em Paulo Jacinto, as doações podem ser deixadas na Paróquia de Nossa Senhora das Graças. Jovens dos movimentos da igreja saíram as ruas fazendo a arrecadação que serão enviadas as famílias atingidas nas cidades vizinhas como Quebrangulo, Viçosa, Cajueiro e outras.