Cidades
Odebrecht: subsidiárias e afundamento de solo
Advogado questiona relação; denúncia envolve Braskem e BRK Ambiental, responsável pelo saneamento da grande Maceió

A relação entre subsidiárias da antiga Odebrecht, atualmente Novonor está sendo questionada pelo advogado alagoano Geraldo Carvalho. Ele explica que ainda em 2017, a Odebrecht Ambiental foi vendida a um grupo de investidores canadenses dando origem a BRK Ambiental, atual responsável pelo saneamento de Maceió e região metropolitana. Conforme noticiado nacionalmente a Odebrecht, uma das acionistas da Braskem, até 2017 possuía um “braço” ambiental que anos após ser vendido venceu o leilão da concessão da capital alagoana. No ano seguinte, um tremor de 2,5 na escala Richter deu início ao processo de afundamento de solo em cinco bairros da capital motivado pela mineração executada pela Braskem. À Tribuna Independente, o advogado afirma que o processo foi realizado para uma chamada “sucessão empresarial”.
Tribuna Independente – Na prática, qual seria o problema dessa transação comercial?
Geraldo Carvalho - O que você acha que a população de Maceió acharia de saber que os donos da Braskem, depois de tudo o que fizeram, ganharam de ‘castigo’ quase 3 bilhões com a venda de uma empresa que veio a ganhar a licitação pra administrar nossas águas? Ela só não ganhou em nome próprio, porque a situação da própria Odebrecht com a corrupção denunciada na operação Lava Jato e posteriormente o escândalo ambiental da Braskem não permitiria que a empresa pudesse disputar o leilão. No direito esse fenômeno é chamado de sucessão empresarial, método que por vezes é utilizado para livrar empresas de responsabilidades trabalhistas, tributárias, etc.
Tribuna Independente – A negociação entre os acionistas ocorreu ainda em 2017, quase um ano antes do estopim do afundamento de solo, em 2018. Já o leilão, em 2020. Conforme as informações que o senhor reuniu, como se deu o processo de venda?
Geraldo Carvalho - Veja bem, é e público e documentado que a Braskem tem dentre seus donos privados a empresa Odebrecht, num acordo de sócios que inclui a Petrobras, Odebrecht S.A. e Odebrecht Serviços e Participações S.A., e uma empresa chamada a BRK Investimentos Petroquímicos. A BRK Ambiental, é o nome fantasia de uma empresa canadense que no Brasil comprou, por quase 3 bilhões de reais, 70% da empresa que Odebrecht Ambiental, como dito dona da Braskem, ao tempo da acentuação das denúncias de rachaduras que desencadearam o escândalo ambiental que hoje o Brasil todo conhece, apesar de a União não fazer nada. Aí esses acionistas da Braskem/Odebrecht, apesar de tudo o que fez com Maceió, embolsaram 2,9 bilhões para, sucedendo e mudando de CNPJ e nome adquiriram o direito de administração e exploração das águas e esgoto de Maceió e boa parte de Alagoas, para prestarem um serviço ruim e extorsivo para um bem tão essencial. Agora só falta repetirem outra tragédia ambiental, o que, se ocorrer, infelizmente não vai surpreender.
Tribuna Independente – Existe algum impedimento jurídico nessa transação?
Geraldo Carvalho - É uma operação imoral, mas não ilegal.
Tribuna Independente – Esta é a primeira vez que essa relação que o senhor aponta vem a público?
Geraldo Carvalho - Isso precisa ser levado ao conhecimento da sociedade alagoana, com clareza, o que nem mesmo os críticos à Braskem ainda o fizeram. Se é por que não sabiam, agora sabem. A questão é, eles não querem que essa relação venha a público. Nem eles, nem os políticos que tinham a obrigação de esclarecer tudo à população. Entrei em contato com a empresa, eles deram uma resposta evasiva, falando no meu Instagram que a BRK Ambiental não é a Braskem, mas quando eu perguntei a relação entre a Brookfield e a Odebrecht Ambiental eles não responderam mais os comentários. Foram para o meu privado, pedir meu telefone para me ligarem, e eu disse que falassem o que tinham pra dizer por lá mesmo. Também não quiseram, só não sei que esclarecimento é esse que não pode ser feito publicamente. Querem continuar escondendo essa relação da população.
Sobre o caso, a BRK emitiu nota. Leia a seguir na íntegra:
"NOTA
A BRK esclarece que, diferentemente do que foi citado pelo advogado Geraldo Carvalho na entrevista divulgada nos veículos de comunicação Tribuna Hoje e Tribuna Independente nessa segunda-feira (23/05), a empresa não tem a relação com a Braskem. A BRK faz parte da Brookfield, companhia canadense que chegou ao Brasil em 1899 e que comprou a Odebrecht Ambiental em 2017, três anos antes de a empresa vencer o leilão de saneamento do bloco A. Dessa forma, não há nenhuma relação da BRK com o antigo controlador.
A empresa reforça ainda que entrou em contato com o advogado através das redes sociais no último dia 10 de maio, após a publicação de um vídeo em que o mesmo propagava informações equivocadas acerca do tema. A reação do advogado foi manter apenas um dos comentários postados pela BRK, ocultando dos seus seguidores os outros esclarecimentos postados pela empresa sobre os pontos citados no vídeo.
A BRK lamenta que o acesso aos esclarecimentos tenha sido limitado na publicação em questão e reitera que continuará trabalhando contra a desinformação, com transparência e respeito à sociedade alagoana.
BRK"
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