Cidades
Preço do pão pode sofrer novos reajustes
Guerra entre Rússia e Ucrânia e alta do dólar eleva valor do trigo e pressiona aumento dos custos da produção do pãozinho

Impulsionado primeiro pela alta do dólar, o pão poderá sofrer novos reajustes por conta da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, países exportadores mundiais de trigo. Hoje, em Maceió o quilo do pão francês varia entre R$ 13 e R$ 16. Conforme o presidente da Associação dos Panificadores do Estado de Alagoas, Clodoaldo Nascimento, em um ano o trigo bruto subiu 100% e em apenas 30 dias a farinha de trigo subiu 17%.
Nascimento afirmou que os panificadores já vêm trabalhando com margem de lucro reduzida. “O reajuste justo do salário do nosso colaborador, aliado a alta do trigo e de preços como do gás, da energia, de embalagens e do transporte vêm pressionando os custos da nossa produção, por isso precisamos repassar”.
Nascimento disse que os panificadores ainda têm conseguido segurar os preços, por ainda estarem trabalhando com a farinha existente em estoque, mas caso a guerra se prolongue por mais tempo existe a previsão de desabastecimento e consequentemente o preço do pão deve subir.
A Rússia e a Ucrânia respondem por 30% do trigo bruto exportado globalmente, o que representa a quarta parte do cereal consumido no mundo. Conforme o presidente da associação, “o Brasil importa mais de 40% do grão, de países como Argentina, Canadá e Estados Unidos, que também sofrem a pressão do mercado. Antes da guerra, a tonelada do trigo na Argentina custava 305 dólares. Com a guerra, a mesma quantidade do produto foi para 405 dólares”, afirmou.
A psicóloga Giovânia Lima comprava pão em uma panificação no Bairro da Serraria. “Desde que o governo Bolsonaro assumiu que ficou mais difícil. Com a desvalorização da nossa moeda, não somente o pão, mas, tudo ficou mais caro. A saída tem sido reduzir mesmo. Comprar menos”, afirmou Giovânia.
Para o aposentado José Aristides, morador da Serraria, a forma de driblar os altos preços também tem sido a redução nas compras. “Se eu comprava dez pães, agora só compro cinco”, disse ele.
Economista destaca que trigo é responsável por 60% dos custos
O economista Lucas Sorgato disse que, o Brasil consome cerca de doze milhões de toneladas de trigo por ano, sendo que grande parte vem da Argentina. “Ano passado a Argentina teve uma queda de safra, o que reduziu muito a oferta de trigo. Além disso, o trigo argentino teve aumento de custos, como transportes e impostos”, afirmou.
Sorgato afirmou também que, “por outro lado a Rússia e a Ucrânia são responsáveis por cerca de 30% da produção de trigo no mundo. A Rússia é o maior produtor de trigo do mundo e a Ucrânia o quarto maior. Eles vendem muito para África, mas se tem uma guerra e esses países não estão vendendo, a África vai ter que comprar de alguém. África e Europa comprando de outros destinos, América do Sul, no caso, vai ocorrer uma maior demanda. Quanto maior a demanda e menor oferta do produto, aumento de preços. Sendo a farinha de trigo responsável por 60% dos custos na produção do pão, aumento do preço do pão”, explicou Sorgato.
SUBSTITUIÇÕES
O nutricionista Luã David destaca que o pão francês é uma ótima fonte de carboidrato e também uma tradição, principalmente, no café da manhã e no jantar do brasileiro. “No entanto, com os altos preços do produto, ele pode ser substituído por uma tapioca ou uma crepioca, feita com goma e ovo, ou ainda pelo pão caseiro. Na internet é possível encontrar receitas fáceis e acessíveis economicamente”, disse ele.
Segundo David, o cuscuz, além de ser também uma boa fonte de carboidrato, pode ser mais acessível ao bolso da população. “A banana comprida ou da terra, compradas em feiras livres, costumam ser encontradas a preços mais baixos. Elas são saborosas e nutritivas, podendo ser consumidas fritas ou assadas”, recomenda o nutricionista.
CAIU NA BOCA
O pão caiu na boca do brasileiro, praticamente desde o descobrimento das terras indígenas. As naus, embarcações portuguesas, chegaram ao país, trazendo pães. No entanto, eles não foram bem apreciados pelos primeiros habitantes dessas terras. Esses povos não estavam acostumados a consumir aquele tipo de pão. Os que eles comiam eram feitos de mandioca. O plantio do trigo no Brasil teria iniciado com sementes trazidas por Martim Afonso de Souza, entre 1490-1570.
No mundo, a história do pão é mais antiga. Relatos dão conta que ele surgiu há mais de seis mil anos, quando os egípcios descobriram a fermentação do trigo. Na antiguidade, os grãos eram consumidos de forma bruta e crus. Alguns historiadores afirmam que o pão surgiu por acidente, quando uma pasta mascada na boca caiu em uma pedra quente e gerou uma massa assada. Assim nascia o pão.
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