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Vazão do Velho Chico começa a ser reduzida a partir de sábado (12)

Desde janeiro, volume liberado por barragens foi elevado devido a acúmulo de chuvas; redução será de 4.000 m³/s para 3.000 m³/s

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 10/03/2022 06h18
Vazão do Velho Chico começa a ser reduzida a partir de sábado (12)
Aumento da vazão para 4.000 m³/s mudou paisagem ribeirinha; foi o maior patamar das últimas duas décadas - Foto: Cortesia

A vazão do rio São Francisco começará a ser ajustada a partir do próximo sábado (12). Desde o fim de janeiro a vazão na região do Baixo, que compreende Alagoas está em 4.000 m³/s. Este foi o maior patamar registrado nas últimas duas décadas.

Como explica o coordenador da Expedição Científica do Rio São Francisco, pesquisador Emerson Soares, o aumento de vazão foi decidido pelos órgãos que fazem a regulação do curso d’água após intensas chuvas registradas no início do ano ao longo da Bacia do Velho Chico.

A medida foi adotada para evitar transbordo nas barragens das hidrelétricas. Agora com a estabilização do volume de água que tem chegado, a vazão será reduzida aos poucos até retornar ao patamar inicial.
Emerson Soares explica que a vazão diminuirá mil metros, passando para 3.000 m³/s.

Desde janeiro, quando começou a ser elevada, diversas reuniões vinham sendo realizadas para acompanhar a situação.

O aumento da vazão mudou a paisagem ribeirinha. Por um lado afetou áreas utilizadas para turismo em algumas cidades como Penedo, Traipu e Pão de Açúcar. Entretanto, segundo Emerson Soares, foi positiva para fazer uma renovação da água e melhorar a reprodução dos peixes.

Conforme explica o pesquisador, há sete anos o rio vem enfrentando períodos de seca, o que ocasionou, entre outros pontos, comprometimento da navegabilidade, na reprodução dos animais e aumento da poluição. Apesar do impacto inicial, a expectativa é que a água que está chegando faça um processo de “limpeza” e inaugure um novo ciclo de reprodução de peixes nativos.

“A última vez que tivemos isso [aumento da vazão] foi no início dos anos 2000. Os impactos positivos são no caso de Alagoas maiores do que os negativos porque promovem a melhora na qualidade da água, aumentando a reprodução e a produção dos peixes devido a cheia, novos organismos sendo disponibilizados para o homem. São fatores muito positivos que vêm sendo trazidos para a população. Apesar do carreamento de sedimentos, ele vai ser depositado e essa água nova vai impactar muito, vai ajudar bastante, até na questão da salinidade vai amenizar, ali na região da foz, em Piaçabuçu, o aumento da água doce vai afastar um pouco essa salinidade”, detalha.