Cidades
“Atividade física após Covid-19 depende de avaliação médica”
Cardiologista diz que novo coronavírus aumenta riscos de desenvolver doenças cardiovasculares por inflamação

Quem passou pela Covid-19 seja de forma leve ou não, deve passar por uma avaliação médica para retornar às atividades físicas. Cientistas da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, realizaram um amplo estudo que revelou que a infecção causada pelo coronavírus aumenta os riscos do desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
O estudo, publicado no periódico científico Nature, aponta que a probabilidade de problemas no coração aumenta até mesmo entre os pacientes que apresentaram casos leves da doença.
De acordo com o presidente da Sociedade Alagoana de Cardiologia (SAC), Pedro Henrique Oliveira de Albuquerque, a avaliação da complexidade varia de cada paciente, ou seja, se ele tem alguma doença ou não, além da Covid e como foi a enfermidade.
O médico deu o exemplo, de um jovem saudável que teve o Covid leve e de um paciente idoso cardiopata, renal que também teve coronavírus. “Então são duas condutas diferentes, mas é importante que ambos passem por uma avaliação”, destacou o cardiologista.
“Independente do caso, ambos têm que passar por uma avaliação médica antes de retornar a uma atividade física. Agora se esta for muito leve como uma caminhada, sem ser academia ou corrida e se o paciente não tiver outras doenças, pode voltar depois de 14 dias de assintomáticos, não é 14 dias do Covid”, reforçou.
O presidente da SAC alertou que o coronavírus aumenta os riscos do desenvolvimento de doenças cardiovasculares por inflamação na maioria das vezes chamada de miocardite e que pode ser também doenças de coronária.
“Em torno de 16% existe acometimento cardíaco, destes em extrema maioria de forma leve, quase que indetectável, que passam por assintomáticos”, frisou Pedro Henrique.
A jornalista Deisy Nascimento diz que desde criança pratica esportes, mas a dedicação às corridas e competições como trekking e trail run é desde 2016. Ela contou que teve Covid há um ano e que se exercitou durante a doença porque aparentemente teve sintomas leves.
“Eu corri sozinha na rua mesmo com covid, não parei de me exercitar, mesmo sabendo que corria risco”, disse. Deisy mencionou que após alguns casos de morte pós-Covid o pessoal do seu meio esportivo ficou mais cauteloso. “Eu, por exemplo, farei exames cardiológicos para saber como se encontra minha saúde. Na época fiz alguns exames e depois refiz para saber se já estava tudo estabilizado”, comentou.
Segundo a nutricionista esportista, Stefanny Costa, todo vírus causa uma grande desordem (que podemos chamar de inflamação) no metabolismo do hospedeiro. E em pessoas com condições metabólicas alteradas antes da presença do vírus, piora significativamente essa inflamação após o contágio.
“Qualquer atividade física gera mais estresse metabólico nesse indivíduo já debilitado. Por isso, a recomendação é que pessoas que não possuem nenhum problema de saúde antes da infecção retornem às atividades físicas de forma leve após quinze dias de recuperação. Assim, o corpo vai se adaptando e se fortalecendo aos poucos”, observou.

Ela orientou que pessoas que possuem alguma doença anterior devem procurar o médico que o acompanha para uma avaliação mais criteriosa antes do retorno às atividades.
“Estar atento à saúde preventiva é o melhor remédio em qualquer situação. Procure ter uma alimentação saudável, pratique atividade física e mantenha em dia seus exames de rotina”, pontuou Stefanny Costa.
É preciso cuidado ao retornar aos exercícios
O presidente da Sociedade Alagoana de Cardiologia (SAC), Pedro Henrique Oliveira de Albuquerque, ressaltou que os cardiologistas não estão conseguindo atender a demanda após a pandemia da Covid-19.
“A demanda está muito alta e não estamos conseguindo abraçá-la, esta é a dificuldade diária da gente. Mas o recomendado é que faça uma avaliação cardiológica antes de voltar às atividades físicas, tem que ter paciência e esperar, principalmente aqueles que praticam exercícios de moderados a intensos”, explicou.
Para atletas de alto rendimento, ele destacou que é contraindicado voltar às atividades físicas antes de uma avaliação e antes do resultado dos exames, estes um pouco mais complexos que aqueles que não fazem atividade física.
“Os pacientes que apresentam algum grau de acometimento cardíaco têm que ficar no mínimo três meses sem realizar atividades físicas e só retornar após repetir os exames”, pontuou.
Antônio Neto, do Conselho Regional de Educação Física (Cref) de Alagoas, atentou principalmente para que no retorno das atividades seja indispensável o acompanhamento de profissionais de Educação Física, que irão inserir a dosagem certa de intensidade dos exercícios de forma que toda a progressão ocorra da melhor forma possível.
Segundo ele, tendo em vista que, apesar de ser terceiro ano de convivência com a Covid-19, esta ainda se trata de uma enfermidade recente e que está constantemente sendo estudada. “E por isso, sempre é importante que se tomem os devidos cuidados para ‘reiniciarmos’ nossos hábitos de vida, sejam aqueles de atividades diárias, ou mesmo a prática de exercícios físicos”.
Para o membro do Cref, ter cuidado nunca é demais, principalmente porque alguns estudos já comprovam que existem chances de desenvolvimento de problemas cardíacos após a recuperação da Covid-19.
“Por isso, assim como para algumas enfermidades um paciente que acabou de se recuperar desta, deve buscar fazer uma avaliação médica antes de iniciar suas práticas de atividades físicas, para doenças consideradas relativamente novas como o Covid-19, também é importante ter esse cuidado”, concluiu.
“Educação física não causou morte”
De acordo com Matheus Silva, profissional de educação física, especialista em fisiologia do exercício, infelizmente só há preocupação com questões como essa quando algo acontece com alguém mais próximo da família ou quando a notícia repercute como foi no caso dos dois profissionais de educação física que acabaram falecendo recentemente em Maceió, sendo associado à prática de atividade física com Covid.

“É bom deixar claro para a população, que não foi a atividade física que ocasionou a morte dos profissionais, e sim o fato de terem tido Covid, independente de terem sido assintomáticos ou não. Ambos não fizeram uma triagem clínica e cardiológica, pois as organizações internacionais e Associação Brasileira também de Cardiologia preconizam e orientam que quem teve Covid, independente de ter sentido sintomas leves ou não, a pessoa passe os 14 dias sem praticar atividade física, busque o médico seja clínico e também um cardiologista, faça toda a triagem clínica e também cardiológica, e que só retorne às atividades dependendo dos resultados”, explicou.
PROGRESSÃO
Ele orienta ainda que somente assim é possível retornar aos exercícios físicos, porém de forma progressiva durante os três primeiros meses, porque este é o grande problema e o erro das pessoas que tiveram Covid.
“Não dá para voltar às atividades na mesma intensidade de antes do contágio. Para os atletas amadores é muito difícil, entendo, porque o atleta depende de resultados, de se manter no alto rendimento, então está aí o grande perigo, por isso, se teve Covid ou não, tem que fazer a triagem cardiológica, respeitando as recomendações da Sociedade Internacional de Cardiologia e Brasileira também, para só assim retornar numa zona de segurança”, salientou.
Matheus Silva concluiu destacando a importância de essa orientação ser passada pelos profissionais de educação física aos seus alunos para que possam estar levando em consideração este fator a uma única finalidade de uma equipe multidisciplinar, que é a saúde, bem-estar e segurança do paciente aluno.
Mais lidas
-
1Reviravoltas inesperadas!
Casais de 'Vale Tudo': quem fica com quem ao longo da novela
-
2Vingança e mistério!
'Cuspirei em Seus Túmulos' é a nova série colombiana que todo mundo está assistindo
-
3Novo Lino
Caso Ana Beatriz: sequestro de bebê de apenas 15 dias pode ter sido ''premeditado''
-
4Vilã sem escrúpulos
Como Maria de Fátima separa Afonso de Solange em 'Vale Tudo'
-
5Nota
Veja o funcionamento dos Correios nos feriados de abril