Cidades

Pastora recebe novas ameaças de morte por celebração homoafetiva

Religiosa esteve na quinta-feira (16) com a delegada Luci Mônica, designada para o caso, que recomendou cautela à família

Por Sirley Veloso com Tribuna Independente 17/12/2021 06h58
Pastora recebe novas ameaças de morte por celebração homoafetiva
Reprodução - Foto: Assessoria
O pastor Wellington Santos, esposo da pastora e teóloga, da Igreja Batista do Pinheiro, Odja Barros, afirmou ontem, que a religiosa e sua família receberam novas ameaças de morte. Ele disse que esteve ontem com a delegada Luci Mônica, designada para o caso, que recomendou cautela à família. Conforme o pastor, a delegada disse que enquanto não fosse atendido o pedido de segurança individualizada, feito na quarta-feira (14), a família deveria manter-se cautelosa. “Estamos cansados. Nós que lutamos pelos direitos dos mais vulneráveis também ficamos vulneráveis”, declarou o religioso. Ele disse que as ameaças nas redes sociais afirmavam, “não sou besta não. Vocês vão ver”. O pastor disse esperar que cheguem logo a esse agressor. “O pior fanatismo é o religioso, que usa o nome de Deus para cometer violências. Deus não busca sangue, ele é respeito ao outro”. O promotor Magno Alexandre de Moura afirmou que o pedido de segurança individualizada para a pastora já encontra-se com o presidente do Conselho Estadual de Segurança, juiz Maurício Breda que vai apreciar o pleito. A solicitação foi feita pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, do qual o promotor Magno é presidente, representando o Ministério Público de Alagoas. As ameaças contra a vida da pastora e teóloga Odja e sua família ocorreram após a religiosa ter celebrado no dia 11 deste mês um casamento homoafetivo entre duas mulheres. Outros casamentos LGBTQI+ já foram realizados pela Igreja Batista, entretanto, esse foi o primeiro celebrado por uma mulher, no Brasil. Para a presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher, Olga Miranda, as ameaças de morte à pastora da Igreja Batista, Odja Barros, além de serem homofóbicas também são misóginas. “outros casamentos homoafetivos já foram realizados entre homens e por um pastor, que sofreu com mensagens agressivas e xingamentos. Agora, com uma mulher celebrante de um matrimônio entre mulheres, as ameças são de morte. Fica evidente a intolerância, a misoginia, o preconceito, a homofobia”, afirmou Olga. Olga Miranda reforçou que “a pastora não está sozinha. Todas as providências estão sendo adotadas. Não vamos admitir nenhum tipo de violência e nem que atos como esse sejam reproduzidos”. Na quarta-feira (15), a religiosa esteve na sede da Delegacia Geral da Polícia Civil, onde foi recebida pelo delegado-geral Carlos Reis, que designou a delegada Luci Mônica, titular do 9º Distrito Policial, para presidir o inquérito. O delegado-geral Carlos Reis afirmou que “o objetivo da Polícia Civil é encontrar o mais rápido possível o autor das ameaças para que ele responda pelo crime”. Entidades assinam nota de solidariedade   As ameaças à pastora e seus familiares repercutiram intensamente na sociedade. Diversos órgãos e entidades assinaram nota de solidariedade e apoio à Pastora e à Igreja Batista do Pinheiro. Por meio do manifesto eles repudiam veementemente os ataques e ameaças de morte a teóloga e se solidarizam com a Igreja Batista do Pinheiro. NOTA A nota também destaca que a Igreja Batista do Pinheiro pratica o cristianismo com respeito e apoio a todos os setores excluídos e oprimidos na sociedade, e sempre soma com os movimentos sociais de defesa dos direitos humanos, sociais, trabalhistas, de defesa da liberdade e da democracia. O texto diz ainda que os movimentos sociais de Alagoas estão juntos e solidários com a Igreja Batista do Pinheiro, contra toda a intolerância religiosa, preconceitos, discriminações e violências, em defesa da democracia, da justiça e da liberdade. PINHEIRO A Associação dos Empreendedores no Pinheiro e Região Afetada também emitiu nota de solidariedade à pastora Odja e sua família, e de repúdio às ameaças de morte sofridas pela liderança religiosa. Por meio da nota, os empreendedores ressaltaram também, que a Igreja Batista do Pinheiro tem sido um foco de resistência contra várias formas de injustiças, a exemplo das de intolerância religiosa, as praticadas contra a comunidade LGBTQI+ e as causadas à população dos bairros afetados pela Braskem.