Cidades
Avenida Major Cícero de Góes Monteiro pode “desaparecer” na próxima década
Abel Galindo destaca necessidade de intervenções para área do Mutange que mais sofre com afundamento de solo

O afundamento de solo que atinge cinco bairros de Maceió é um processo dinâmico, em evolução e que ainda gera muitas incertezas sobre o que acontecerá nos próximos anos. Exemplo disso é o futuro de uma das vias mais importantes da capital, a Avenida Major Cícero de Góes Monteiro, no Mutange, interditada há cerca de um ano. De acordo com o pesquisador Abel Galindo, caso nada seja feito, a via pode “desaparecer” na próxima década.
É que, segundo Abel Galindo, o processo de subsidência ocorre de forma gradual e apesar de não ser tão “visível” a área segue afundando, o que exigiria um trabalho de aterramento para evitar um possível avanço da Lagoa Mundaú com o rebaixamento do terreno. “O que acontece ali não é o avanço da Lagoa Mundaú, e sim o afundamento. Está previsto ali nos próximos dez, vinte anos, aquilo ali pode afundar mais de 2 metros, tem relatório que fala em 4 metros. Afundando isso e se não aterrarem, se afunda, a Lagoa ocupa o espaço. Se não for feito nada nos próximos anos, a Avenida Major Cícero de Góes Monteiro, principalmente naquela área entre o campo do CSA e o Colégio Bom Conselho, ali vai ficar submerso”, expõe o engenheiro.
Na prática, isto significa que apenas o preenchimento de quatro minas - recomendado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e Institutos de Geologia contratados pela Braskem - não é suficiente para parar o processo, e sim desacelerar. Vale lembrar que, após a constatação de que a atividade de mineração executada pela Braskem foi a causadora do fenômeno, houve a recomendação para preenchimento das cavidades com areia para minimizar os danos causados no subsolo e nas camadas salinas.
“Mesmo com o preenchimento das minas o processo não vai parar. Vai continuar. O que pode acontecer é de afundar menos nos próximos anos, mas tudo isso é uma conta estimada. Mesmo preenchendo com areia vai continuar afundando”, afirma Galindo.
Além disso, não há até o momento nenhum plano oficialmente aprovado e divulgado para recuperação das áreas. Também não há informações se a via voltará a ser transitável.
Em nota, a Braskem informou que apenas com o avanço das ações que executa atualmente é que serão discutidos os encaminhamentos dados às áreas, incluindo a Avenida Major Cícero.
“A Braskem vem atuando no processo de fechamento dos 35 poços de sal, com a técnica mais apropriada para cada um deles, e segue monitorando a região atingida pelo fenômeno geológico em Maceió – incluindo a Avenida Major Cícero de Góes Monteiro –, para acompanhar a evolução de sua estabilização. As medidas estão previstas em termo de acordo assinado com as autoridades e o plano de estabilização e monitoramento é aprovado junto à Agência Nacional de Mineração (ANM). Com o avanço das ações, a empresa discutirá com as autoridades as medidas adequadas para cada uma dessas áreas”, disse a empresa em nota.
Área segue em monitoramento, diz Defesa Civil
Segundo a Defesa Civil de Maceió a área do Mutange segue sendo acompanhada diuturnamente, mas não informou se existem outras ações previstas.
“A Defesa Civil trabalha com o problema de risco às pessoas, o que a gente solicitou e foi cumprido foi o isolamento dos trechos comprometidos nestes bairros e a instalação de boias numa área de segurança na Lagoa Mundaú que impede a navegação. Essa área do Mutange segue sendo monitorada diuturnamente, inclusive a rede de equipamentos que temos no Cimadec ela é voltada para o monitoramento das áreas atingidas pelo afundamento. Temos informações sobre a evolução do fenômeno e como ação complementar é a atividade de fechamento dos poços executada pela Braskem”, disse a Defesa Civil.
Cabe ressaltar que desde o tremor registrado no último dia 5, a atividade de preenchimento da Mina 7, próxima a Avenida Major Cícero, foi interrompida pela empresa. Nesta semana, o Instituto do Meio Ambiente (IMA) embargou as demais atividades. O prazo dado pelo órgão estadual é de dez dias para que a empresa apresente explicações sobre o fenômeno. A Defesa Civil de Maceió também informou que aguarda estudos da Braskem.
TREMOR
Abel Galindo detalha ainda que é possível que outros tremores ocorram devido ao processo de movimentação no subsolo. Ele explica, no entanto, que o microssismo ocorreu em camadas mais superficiais do solo o que não indica uma “piora” do problema.
“Não está piorando ou melhorando. O tremor é fruto da instabilidade da região. A região está afundando e vai continuar afundando aí por uns dez anos. O tremor foi a 180 metros de profundidade, ou seja, não aconteceu nas camadas salinas, o que ocorreu foi o rompimento de pilares que é uma coluna entre uma mina e outra. Só que essa distância é relativamente pequena, é essa distância entre uma caverna e outra que se rompe. Existem simulações matemáticas, que indicam possivelmente outros temores, só que esse que ocorreu foi superficial, não foi na camada de sal, foi nas camadas superficiais devido a essa movimentação que está havendo”, diz.
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