Cidades

Aumenta preocupação de moradores dos Flexais após sismo

Liderança afirma que vai buscar respostas dos órgãos públicos e que comunidade teme agravamento da situação

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 09/11/2021 07h42
Aumenta preocupação de moradores dos Flexais após sismo
Reprodução - Foto: Assessoria
O tremor registrado na última sexta-feira (5) no bairro do Mutange em Maceió acendeu um alerta entre os moradores dos Flexais e Rua Marquês de Abrantes no bairro vizinho, Bebedouro, também afetado pelo processo de subsidência. Mesmo sem relação direta com o fenômeno - de acordo com as versões da Braskem e Defesa Civil -, a comunidade teme o agravamento da situação e a falta de providências em relação as moradias “fora do mapa de risco”. O líder comunitário de Bebedouro, Maurício Sarmento expõe a tensão vivenciada pelos moradores desde o ocorrido. Ele afirma que os órgãos de controle devem ser acionados para dar uma resposta. “Estamos extremamente preocupados com essa situação. As casas dos Flexais, Quebradas e Marquês de Abrantes apresentam as mesmas patologias das casas desocupadas no Pinheiro. E agora com esse tremor a preocupação cresce. Tudo isso nos traz preocupações e só nos leva a responsabilizar a Defesa Civil, que tem a sua mão a legislação que possibilitaria essa realocação, e o Ministério Público. Devemos sim protocolar um documento expondo toda essa situação das áreas remanescentes”, detalha. Para os moradores, o risco é real e crescente. Desde o ano passado cobram a realocação das chamadas áreas remanescentes, isto é, que ficam ao redor do mapa de risco devido ao ilhamento social. Somado a isso, as fissuras nos imóveis e o avanço da Lagoa Mundaú também preocupam. Segundo Maurício, os moradores têm sido obrigados a viver com muitas incertezas. “Durante audiência pública na Câmara Federal há dois anos, a CPRM informou que não pode dimensionar o tamanho de um desastre desse tipo. O Serviço Geológico do Brasil, através da CPRM, em laudo apresentado à Defesa Civil de Maceió, recomendou a desocupação de áreas com situações semelhantes às das áreas remanescentes. Durante audiência pública na Câmara Municipal, a Defesa Civil falou que seríamos alertados com a antecedência de 12 horas e isso não aconteceu”, pontua. Defesa Civil nega relação com sinkhole e risco a regiões próximas   Em resposta aos questionamentos dos moradores, a Defesa Civil de Maceió afirma que o tremor não tem relação com um processo de sinkhole, isto é, afundamento abrupto do solo. Além disso, o órgão nega que haja risco aos moradores de regiões próximas ao local do fato. “As áreas que não estão no mapa não sofrem risco. Desde sexta-feira (5), tudo está sendo monitorado e não foi identificado nenhum tipo de consequência colateral ou patologia relacionada ao microssismo. A Defesa Civil de Maceió informa que as áreas dos Flexais, Quebradas e Marques de Abrantes encontram-se fora do mapa por não apresentarem, até o presente momento, movimentação do solo associada ao processo, que de acordo com o Serviço Geológico do Brasil foi causado pela mineração de sal-gema”, pontua. O órgão explica ainda que a informação passada aos moradores é de que no caso de uma possível ocorrência de sinkhole a rede instalada nos bairros seria capaz de identificar com 12h de antecedência. No caso específico do microsismo, não haveria equipamento capaz de fazer essa identificação. “Não há equipamento em nenhum lugar do mundo que seja capaz de registrar microssismos. Os sismógrafos são para prever os sinkhole. Para isso, instalamos os equipamentos para que nós possamos compreender a evolução desses microssismos. Em uma situação hipotética em que tenhamos um aumento de frequência e de intensidade, haverá um modelo matemático para prever o sinkhole. O equipamento não é para prever os sismos. O monitoramento continua sendo feito da mesma forma. E os equipamentos instalados são suficientes para que, em uma situação como essa, a Defesa Civil possa identificar a profundidade, intensidade e o local, principalmente. O sistema de monitoramento da Defesa Civil é eficiente e o tempo de resposta é muito rápido. Em pouco menos de cinco minutos nós tínhamos todas as informações precisas de localização geográficas, com coordenadas, a profundidade e a intensidade, além de imagens, o que mostra que a Defesa Civil está preparada para seguir com os trabalhos de monitoramento dos bairros atingidos pela subsidência”, afirma o órgão. Causas do microssismo ocorrido na sexta ainda estão sendo apuradas   Na manhã da última sexta-feira, um abalo sísmico de magnitude 1,41 na escala Richter foi registrado no bairro do Mutange, nos arredores da casa José Lopes onde a Braskem executa operação de preenchimento das cavidades, especificamente da Mina 7, apontada pelo pesquisador Abel Galindo como a mais perigosa, medindo algo em torno de 150 metros de diâmetro. Moradores de áreas próximas que sentiram a movimentação, acionaram a Defesa Civil de Maceió assustados com o ocorrido. Segundo relatos, o tremor foi sentido em bairros próximos como Pinheiro e Bebedouro. A Defesa Civil atribuiu o evento à atividade de perfuração promovida pela Braskem para preenchimento das minas com areia. E exigiu a paralisação das atividades até que os estudos sejam realizados. “O sismo da última sexta-feira foi ocasionado pela sonda de perfuração, em uma profundidade relativamente rasa (mais ou menos 200 metros), para realização de um poço que será responsável pelo enchimento de uma das cavidades, ou seja, não está associado, a princípio, a qualquer possível processo de sinkhole. Reitera-se também que as áreas onde existem a possibilidade de ocorrer o sinkhole, a exemplo do bairro do Mutange, já foram evacuadas. A atividade de preenchimento foi suspensa nesse momento de forma preventiva, para que tenha 100% de certeza com relação aos motivos do microssismo de sexta-feira, que está sendo feito por outros métodos científicos, como o uso de sonares. Após a conclusão dessas ações complementares, é que se deve retornar com a atividade. O risco que há na região é o causado pelo processo de subsidência, mas a atividade de preenchimento é necessária no intuito de tentar evitar um sinkhole”, explica Em nota, a Braskem afirma que o sismo foi “pontual”, que paralisou as atividades de imediato, e que está apurando as causas. “A Braskem informa que o microssismo detectado na sexta-feira, 5, pelos equipamentos de monitoramento foi pontual e ocorreu na região próxima ao Hospital José Lopes. O evento foi de baixa intensidade e não alterou a rotina da região. Assim que o microssismo foi detectado, a Braskem paralisou as atividades no local, preventivamente, e participou de discussões técnicas com a Defesa Civil para análise dos dados. A empresa está verificando o que pode ter causado o evento e continuará prestando os esclarecimentos necessários às autoridades competentes”, informou em nota.