Cidades

Pandemia reduz em 33% número de mamografias em Alagoas

Dados do Siscan apontam que mais de 27 mil exames deixaram de ser realizados no estado no ano passado

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 14/10/2021 08h43
Pandemia reduz em 33% número de mamografias em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Dados do Sistema de Informações de Câncer (Siscan) apontam que mais de 27 mil mamografias deixaram de ser feitas em Alagoas no ano passado - quando considerados os números dos anos anteriores -, devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19. Isto representa uma redução de 33% no número de exames realizados em 2019 (81.717) e 2020 (54.266). Em alguns pontos do país a queda chegou a 70%. “A estimativa é de que foram 70% a menos de atendimentos e realização de exames em todo o país e esse número deve ter tido o mesmo impacto em relação às mulheres diagnosticadas com o câncer de mama”, explica a mastologista e presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia - regional Alagoas, Lígia Teixeira. A preocupação dos especialistas é de que a situação se repercuta no número de casos em estágio avançado nos próximos anos. De acordo com a médica, a orientação neste momento é intensificar o rastreio da doença. “Infelizmente na pandemia tivemos uma queda absurda na realização dos exames que foi justificada pelo temor que todos tivemos de sair de casa, de contrair a Covid-19, por ser um vírus altamente letal. Mas a recomendação atual é de que a pandemia caminhando para um controle, as mulheres voltem a fazer seus exames, se protejam, usem máscaras, álcool gel, tomem as vacinas necessárias e vão fazer seus exames”, pontua. De janeiro a setembro deste ano foram realizados 36.956 exames de mamografia, que é considerada a “porta” para detecção do câncer de mama mesmo em estágios primários. Neste sentido, a médica reforça a importância de realizar os exames periodicamente. “A mamografia é importantíssima porque consegue mostrar o câncer de mama quando ele ainda não é percebido pela mulher, quando ele ainda não é palpável e as chances de cura nestes casos são maiores que 90%”, diz. ORIENTAÇÕES Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam 66.280 casos novos de câncer de mama em todo o país a cada ano até 2022. Isto corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres. Ainda segundo o Inca, o câncer de mama provocou em 2019 mais de 18 mil mortes no país ou 16,4% do total de mortes por neoplasias malignas. Lígia Teixeira reforça a importância de realizar os exames de rotina para em caso positivo a descoberta vir o mais cedo possível. “A estratégia utilizada pela Sociedade Brasileira de Mastologia tem sido a de encorajar as mulheres a realizar seus exames, obviamente tomando todas as precauções, orientando que as mulheres devem se vacinar observado a realidade de cada paciente e que não deixem mais de fazer seus exames e ir ao médico para que o especialista possa avaliar o exame e a paciente. A Sociedade recomenda que as mulheres realizem o rastreamento a partir dos 40 anos e que ele seja realizado anualmente”, ressalta. Alimentação saudável e rotina de exercícios são fundamentais   Uma rotina de exercícios físicos e alimentação balanceada são fundamentais tanto como prevenção quanto durante o tratamento. “Eu costumo falar que os cuidados com a saúde da mama devem se iniciar o mais precoce possível. Não é só na vida adulta, desde a infância se tivermos a consciência que os nossos hábitos vão interferir no futuro das nossas mamas, é importante que a gente cuide das nossas crianças, estimulando desde cedo a ter uma alimentação mais saudável, uma vida mais ativa, praticando esportes, fazer atividade física. A gente sabe que a longo prazo isso vai ter impacto na vida das mulheres que tiveram uma vida mais saudável, vão ter menos chances de ter câncer de mama”, detalha a médica. Mesmo durante as etapas de tratamento, as pacientes podem estabelecer uma rotina de treinos diários e prática de esportes. “Em relação ao tratamento, cada vez mais sabemos que as mulheres que estão em tratamento do câncer de mama, mesmo aquelas que estão em quimioterapia, podem e devem tentar fazer atividade física, orientadas por um profissional qualificado. Traz benefícios como  por exemplo melhorar a qualidade do sono, diminuir a fadiga que a quimioterapia provoca. É o contrário, antes se imaginava que fazer a atividade física iria deixar a paciente mais cansada, mas hoje sabemos que diminui a fadiga e a incidência de depressão nessa fase”, enfatiza.