Cidades
Fardos de borracha encalhados nas praias de Alagoas são de naufrágio da 2ª guerra
Caixas pesam entre 100 a 200 quilos. 17 delas foram localizadas em praias de Coruripe.

A origem dos fardos de borracha látex que encalharam no litoral do Nordeste a partir de outubro do ano de 2018 e reapareceram no último dia 21 de julho em Coruripe, Litoral Sul de Alagoas, foi desvendada por pesquisadores do Instituto de Ciências do mar (Labomar/UFC) da Universidade Federal do Ceará. Trata-se de um navio alemão afundado na segunda guerra mundial em 1944, que está a cerca de mil quilômetros da Costa de Pernambuco. Caixas pesam entre 100 a 200 quilos. 17 delas foram localizadas em praias de Coruripe.
Emerson Soares, professor, pesquisador e doutor em Ciências Aquáticas, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), explicou que a carga era transportada pelo navio alemão “SS Rio Grande” para a empresa Indochina. “A gente sabe disso a partir de uma pesquisa feita pelo pessoal do Labomar no Ceará, que identificou entre os vários fardos de borracha a inscrição da empresa”.
“O material ficou muito tempo preso no fundo do mar e estes fardos não são exclusivos de Alagoas, parte deles já foram encontrados também na costa nordestina: Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco porque depende das correntes marítimas. O navio alemão foi afundado e está a mais de quatro mil metros de profundidade, não tem como tirar as caixas de borracha dele, o custo é elevado para remover o navio”.
[caption id="attachment_465697" align="aligncenter" width="1200"] Fardos de borracha são encontrados no litoral alagoano – Foto: Divulgação[/caption]De acordo com o professor, como o navio está se deteriorando com a ferrugem, as marés, ventos e correntes marítimas, principalmente no inverno, começam a soltar os fardos que estavam submersos, os trazendo para a costa.
“A borracha é natural, vem da floresta e árvores, não é tão agressiva, mas mesmo assim tem seus impactos por conta do tempo no fundo do mar. O navio vai continuar soltando o material, porque não se sabe a carga que foi afundada, e está presa no barco em águas profundas, e com a deterioração e movimentação hidrodinâmica vai soltando fazendo chegar às costas. O problema é quando não se faz a remoção dos fardos, é prejudicial para o ambiente e traz seus impactos”, salientou Emerson Soares.
Ele destacou que embora o material possa ser reutilizado, frisou que a borracha ficou muito tempo no fundo do mar e há propriedades que já foram perdidas. “O látex é natural, provavelmente dos seringais na época, exploração da borracha”, disse.
[caption id="attachment_465696" align="aligncenter" width="900"] Fardos de borracha - Foto: Biota[/caption]A orientação do pesquisador é de que se alguém encontrar estes fardos na costa informar a Marinha por meio da Capitania dos Portos, ao Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O látex era usado como matéria-prima para a fabricação, entre outras coisas, de pneus, uniformes e isolantes de cabos submarinos. E a inscrição da empresa indicava que o material do navio cargueiro tinha saído da Indochina Francesa, localidade atualmente conhecida como Vietnã, Laos e Camboja. Durante a guerra, essa colônia foi dominada pelos japoneses, que, junto a alemães e italianos, formavam o Eixo.
Prefeitura de Coruripe segue recolhendo as caixas com a borracha
Nesta terça-feira (27), as equipes da Prefeitura de Coruripe recolheram nove fardos, localizados na Praia da Lagoa do Pau. Hoje, na maré mais baixa, uma nova vistoria será feita para localizar os fardos que surgirem e realizar uma nova retirada, uma vez que estes materiais migram de acordo com a alta da maré.
[caption id="attachment_465698" align="aligncenter" width="1200"] Caixas de borracha foram recolhidas pela Prefeitura de Coruripe para o CTR do Pilar (Foto: Assessoria)[/caption]Todo o material recolhido será encaminhado para o Centro de Tratamento de Resíduo (CTR) do Pilar, uma vez que se trata do mesmo material encontrado em 2018, identificado como Látex. Cerca de 17 fardos foram encontrados em três praias do município.
O coordenador de Gerenciamento Costeiro do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL), Ricardo César, salientou que da última vez que foi encontrado no estado, o material se espalhou a 1.600 quilômetros da costa, sendo recolhidos pouco mais de 200 fardos.
“Foram cerca de 17 fardos em Coruripe, três ou quatro em Maceió, além de Paripueira. Estamos orientando as prefeituras a recolher este material, tirando-o da praia para evitar que se fragmentem tanto pelos processos físicos de arrebentação quanto de processos químicos de decomposição por micro-organismos e assim contaminarem o ambiente marinho”, observou.
“As caixas pesam entre 100 a 200 quilos, então a orientação é que se remova rapidamente para evitar um acidente já que são muito pesadas. No Rio Grande do Norte, por exemplo, estes fardos já causaram duas mortes, um bugre bateu e tiveram duas vítimas fatais. Pesquisam indicam que o material possa está navegando por cerca de quatro meses, saem do casco do navio e se dissipam até chegar à costa do Nordeste”, completou.
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