Cidades

Família analisa se vai processar fabricante de aparelho celular que explodiu

Crianças de 10 e 2 anos tiveram o corpo queimado e seguem internadas com quadro de saúde estável

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 20/07/2021 08h40
Família analisa se vai processar fabricante de aparelho celular que explodiu
Reprodução - Foto: Assessoria
A família de duas crianças, menores de idade, que ficaram feridas após a explosão de um celular no quarto, onde ambas dormiam no Povoado Santiago, zona rural de Pão de Açúcar, Sertão de Alagoas, analisa se vai processar a fabricante Samsung pelo incidente. A madrinha de uma das vítimas, a professora Deusdete Assis Gomes, disse que o aparelho estourou sem motivo aparente provocando o incêndio que se alastrou pelo mosquiteiro, cama e quarto inteiros. A menina G.S.J., de 10 anos, que teve 40% do corpo queimado chegou em estado grave ao Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, e até e  segunda-feira (19) seu quadro era estável. De acordo com o último Boletim do HGE, a menor segue internada na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIped), acordada e reagindo bem ao tratamento. Ela deu entrada na unidade de saúde na última quinta-feira (15), após transferência do Hospital de Emergência do Agreste (HEA) em Arapiraca, Agreste do Estado. A paciente sofreu lesões extensas, de 2º e 3º graus, principalmente nos membros inferiores e superiores. O seu irmão de 2 anos teve ferimentos leves e segue na enfermaria em observação na (HEA). Sua madrinha, a professora Deusdete Assis Gomes, contou que a criança dormia com o irmãozinho de dois anos quando o aparelho da marca Samsung explodiu sem motivo aparente e o fogo se alastrou no mosquiteiro, cama e quarto inteiro. “Ela protegeu ele, chegando a se queimar muito mais, ele só teve pequenos ferimentos, está em Arapiraca, em observação, com a mãe que o acompanha,” referiu à professora, afirmando que o aparelho não estava em uso e nem carregando. A médica Daniela Bandeira Pacheco ressaltou que as queimaduras mais graves estão localizadas nas mãos e pés da menor, talvez por proteger o irmão. “Ela está com epidermólise nestas regiões, uma alteração nas proteínas responsáveis pela união das camadas da pele”. Médico do HGE alerta para perigos com equipamento   Paulo Teixeira, médico e gestor do HGE, alertou para os perigos com os aparelhos celulares. “Infelizmente aconteceu essa fatalidade com nossa paciente que pode ter acontecido devido a uma explosão da bateria e para minimizar e até evitar acidentes pensamos em algumas recomendações importantes que devem ser observadas”. Segundo o médico, aparelhos celulares não devem ser deixados em locais úmidos, precisam ser desligados enquanto carregados e apenas carregadores originais podem ser utilizados, pois esses equipamentos são homologados pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). “O uso do celular enquanto carrega pode superaquecer o aparelho, podendo gerar explosões; também é aconselhado tirar o smartphone da tomada durante chuvas fortes e de grande duração. A condição atmosférica gera descargas elétricas que podem representar riscos à segurança”, explicou. Ele também orientou a jamais utilizar fones de ouvido com celular conectado à tomada, nem abafar o celular no momento do carregamento ou carregar debaixo do travesseiro. E sempre retirar o carregador da tomada depois de encerrado o uso. AJUDA Por serem de origem simples, a família das crianças, conta com a solidariedade das pessoas, que estão ajudando na medida do possível a se reerguer. “Muita gente vem se mobilizando e ajudando”, frisou um tio das crianças que tomou a frente da situação. Os menores moram com a avó que é viúva e recebe benefícios do marido e com a mãe que é separada e trabalha em um mercadinho na cidade de Pão de Açúcar, e nas horas vagas também é cabeleireira. Elas estão na casa de parentes por enquanto. “Não foi perda total, graças a Deus, a explosão atingiu os quartos, o banheiro e parte da cozinha e um pouco da sala”, disse. Foram registrados 37 acidentes com aparelhos e 19 mortes no Brasil   Infelizmente, muitas pessoas ainda não se conscientizaram dos perigos existentes ao utilizarem os celulares enquanto estes estão sendo carregados. De acordo com o Engenheiro Edson Martinho, diretor da Associação Brasileira para a Conscientização dos Perigos da Eletricidade (Abracopel), o celular é um eletrônico indispensável, mas sua utilização enquanto está em carregamento, pode ser muito perigosa. No ano de 2019 foram registrados 37 acidentes com celulares e 19 mortes no Brasil. Já, em 2020, até o mês de maio, foram registrados 15 acidentes entre choques e explosões com celulares. “A Abracopel luta para que todos tenham plena consciência de todos os perigos causados pela eletricidade. Choques elétricos, incêndios, mortes, podemos evitar se a eletricidade for usada com consciência e sabedoria”, salientou. “Um pequeno gesto pode falar mais do que mil palavras então, se encontrarem uma situação em que haja risco elétrico, fique alerta e oriente, seja cauteloso com sua vida e das pessoas”, destacou Edson Martinho. HGE recebeu 99 pacientes queimados até junho   O Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do HGE atendeu somente este ano, de janeiro a junho, 99 pacientes e em sua maioria crianças de até 10 anos de idade vítimas de vários tipos de queimaduras. Em Alagoas, de janeiro a julho deste ano, um homem morreu na cidade de Craíbas, ao manusear um celular carregando. Durante todo o ano passado foram registradas duas ocorrências com carregador de celular: uma em Maceió - um incêndio com carregador de celular sem vítimas e outro em Porto Calvo (choque), este fatal com um adolescente de 14 anos que morreu ao mexer no celular enquanto carregava. Os dados são da Associação Brasileira para a Conscientização dos Perigos da Eletricidade (Abracopel). BRASIL Ainda conforme o levantamento, no Brasil neste 1º semestre de 2021 (janeiro a julho) foram 15 ocorrências com carregador de celular (entre choques e incêndios); no Nordeste foram sete ocorrências. Em 2020, no ano inteiro foram 42 ocorrências no país. No Nordeste foram 17 ocorrências.