Cidades

Alagoas conta com registro de 315 pessoas com três doses de vacina

São pessoas que tomaram doses a mais contra a Covid-19, segundo Ministério da Saúde

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 08/07/2021 08h45
Alagoas conta com registro de 315 pessoas com três doses de vacina
Reprodução - Foto: Assessoria
Até o fim de junho, 315 alagoanos têm três doses da vacina contra Covid-19 registrados no banco de dados do Ministério da Saúde. O dado alarmante pode indicar fraudes no sistema de imunização.   O fato foi constatado a partir de análises de pesquisadores de todo o país na base do Ministério da Saúde (MS). No Brasil, chega a 30 mil o número de pessoas com três doses registradas. Maceió aparece com 94 registros desta natureza, em seguida vem Arapiraca com 28 ocorrências e São Luiz do Quitunde com 14. Os dados de Alagoas foram analisados pelo Laboratório de Estatística e Ciência de Dados (LED) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) em parceria com diversas instituições como a Universidade de São Paulo (USP). A reportagem da Tribuna Independente esteve em contato com um dos pesquisadores da USP que coordenam as análises. Segundo Tiago Pereira a avaliação começou a partir da necessidade de estimar o tempo de completar o processo de imunização no país. A partir daí os dados passaram a ser cruzados e foram identificadas inconsistências. “É importante destacar que todo o programa de imunização do Brasil possui dados abertos, com esses dados é possível identificar onde está o erro e apontar para os órgãos responsáveis Para que façam as investigações necessárias. Em Alagoas foram identificadas 300 pessoas com três doses da vacina fora outras irregularidades”, aponta. O pesquisador afirma ainda que não é possível determinar se todos os casos foram realmente de vacinas aplicadas ou se foram erros de preenchimento, intencionais ou não “Não podemos afirmar se houve fraude, é necessário o próximo passo, identificadas as inconsistências os órgãos passem a investigar, que a imprensa divulgue para que haja a apuração. Como ocorreu aquele caso no interior de SP onde houve a imunização, podem ter ocorrido outros casos”, diz. Não há registro de denúncias, diz Sesau   A reportagem esteve em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Em nota o órgão informou que não há registro de denúncias neste sentido até o momento. “Não houve o registro e, se houver, a Sesau vai dialogar com os municípios que são responsáveis pela realização da vacinação e o registro das respectivas doses aplicadas”, disse. Também procurado, o Ministério Público Estadual (MPE) explicou que não há formalização de denúncia sobre o caso e que a apuração do caso depende da chegada das informações ao órgão. RITMO LENTO Além das inconsistências, Tiago Pereira reforça que a análise dos dados serviu também para constatar o ritmo lento da vacinação no país. Segundo o pesquisador, o atraso na chegada de vacinas e a escassez na cobertura de doses causam incertezas quanto ao fim da imunização. “O país está entrando na faixa etária onde mais reúne pessoas que é de 35 a 45 anos e notadamente não há vacina suficiente para todos. Essas incertezas atreladas ao atraso na doses que deveriam ter chegado apontam para um prazo indeterminado para a finalização”, acrescenta.