Cidades

Separação de resíduos ainda é desafio em Alagoas

Estado pouco avançou quando se trata de reciclagem e reaproveitamento de material descartado

Por Texto: Ana Paula Omena com Tribuna Independente 01/07/2021 09h49
Separação de resíduos ainda é desafio em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Desde 2018, que todos os municípios alagoanos eliminaram o uso de lixões a céu aberto, mas apesar de contarem agora com aterros sanitários, o descarte correto do lixo ainda é um desafio. Para Alder Flores, químico industrial e ambiental, é preciso avançar e muito ainda na seletividade, reciclagem e no reaproveitamento de vários resíduos, os transformando em novas matérias-primas para geração de outros produtos. “A lei da política nacional dos resíduos sólidos estabelece que só deva ir para os aterros aquilo que for inerte, e isto não ocorre em nenhum município brasileiro. Tudo é muito incipiente e precisam de muita estrutura, apoio e educação ambiental”, ressaltou. Ainda de acordo com Alder Flores, as cooperativas que existem carecem de apoio de todas as formas. Em Maceió, por exemplo, a grande maioria dos resíduos recicláveis é levada para outros municípios fora do estado, devido à falta de empresas que os utilizem para a geração de novos produtos. “Acho que ainda vamos demorar muito para termos uma coleta seletiva que atenda aos princípios legais, ambientais e financeiros”, completou. Em Maceió, com a pandemia a coleta seletiva que ajudava a recolher este tipo de lixo nas residências foi suspensa por conta do novo coronavírus e essa realidade por sua vez estancou toda uma cadeia produtiva que garante renda às famílias que contribuem com o setor. Maria José Silva tem o hábito de separar seu lixo, mas desde o ano passado, uma cooperativa que passava uma vez na semana para recolher, não tem feito mais esse serviço. “Separo o reciclado, mas na hora de colocar o lixo na porta, ele vai junto, não sei qual a sua destinação, se no aterro sanitário tem alguma separação”, indagou. Mariana Regina assim como Maria José também recolhe o lixo descartável, mas como está evitando sair de casa e o caminhão da coleta seletiva não passa mais na rua em que mora, ela começou a passar esse tipo de material a um senhor que passa numa carrocinha todo o sábado no conjunto onde ela reside. “Achei melhor do que colocar na porta para o gari levar. Mas vejo muita gente colocar lixo na porta e os catadores (pessoas carentes) passarem olhando e tirando para tentar vender”, salientou. De acordo com a Superintendência Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Sudes), cerca de 100 toneladas de recicláveis são recolhidas por mês nos 29 pontos de coleta seletiva existentes em vários bairros de Maceió. São os chamados de Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), onde são recolhidos de cada um 500 kg/mês, em média. A capital também dispõe de algumas lixeiras destinadas para essa separação, porém estão danificadas, no entanto a Sudes informou que faz um mapeamento das que estão danificadas e são responsabilidade da prefeitura, situadas em ruas e praças da cidade, para que sejam substituídas. PARCERIA Atualmente a Prefeitura de Maceió firmou uma parceria com quatro cooperativas locais e atendem mais de 16 mil residências na coleta seletiva porta a porta: Cooprel Antares, Cooprel Benedito Bentes, Coopvila e Cooplum. Para Maria José Lins (Meuri), presidenta da Cooperativa dos Recicladores de Alagoas – Cooprel, a maioria da população que faz o descarte de lixo ainda não tem noção do que é reciclável ou não. “É muito ruim para os cooperados porque os materiais vêm sempre tudo misturado, às vezes vem resto de alimento, vem de tudo”, contou. “Se a população separarsse os materiais de reciclagem do lixo comum, aí seria muito melhor para as cooperativas”, frisou Meuri. “As pessoas ainda não têm consciência ambiental para a reciclagem, era muito bom, mas aqui em Maceió está difícil”, criticou a representante da Cooprel. Campanha Coleta Seletiva Solidária é lançada Devido à pandemia do Coronavírus a coleta seletiva domiciliar precisou ser paralisada. Para se adaptar, às cooperativas de catadores de materiais recicláveis de Maceió lançaram a campanha Coleta Seletiva Solidária. Com o tema “Cuidar do meio ambiente é cuidar da saúde coletiva”, a ação chama atenção para os benefícios já comprovados da separação dos materiais recicláveis do lixo comum. Um gesto simples que contribui com a preservação do meio ambiente e garante saúde para todos. Segundo a campanha, para garantir o fortalecimento da coleta seletiva e a segurança durante a quarentena é preciso evitar descarte irregular de máscaras, luvas e outros tipos de lixo hospitalar. “Não permitir o contato desses contaminantes com o que será entregue à reciclagem para evitar que o vírus se alastre. Recomenda-se o descarte destes materiais junto ao lixo do banheiro para evitar contato com catadores ou garis”. Outra necessidade enfatizada pela campanha é a do envio dos materiais recicláveis aos Pontos de Entrega Voluntária (PEVs). Todo ciclo de reciclagem nesse momento será concentrado nos pontos fixos disponibilizados pela prefeitura. É com o material deixado voluntariamente pelo cidadão que será possível manter parte dos recursos que as famílias precisam para permanecer seguras por meio do isolamento social. UNIÃO Fazem parte dessa união de forças as cooperativas Cooplum, Coopvila, Cooprel do Benedito Bentes e Cooprel Antares. Essa campanha pretende dar visibilidade ao setor que contribui com renda e dignidade de mais de oito mil catadores de materiais recicláveis alagoanos. Pessoas que diretamente são responsáveis pela redução da poluição ao destinar matéria prima para a reciclagem.