Cidades

'Vacinação já!', defendem especialistas

Presidente da Sociedade de Infectologia reforça importância e cobra aceleração no processo de imunização da população

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 09/06/2021 08h36
'Vacinação já!', defendem especialistas
Reprodução - Foto: Assessoria
Esta quarta-feira, 9 de junho, é comemorado o Dia da Imunização. No cenário de pandemia enfrentado, a data ganha ainda mais importância. Sob a defesa de “Vacinação Já!”, a presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia Vânia Pires reforça a importância da imunização para a sociedade, principalmente em se tratando de Covid-19. “Nesse dia da imunização a gente quer dar ênfase a vacinação já. Que essa vacinação chegue para benefício da população e seja um legado, porque so assim teremos o controle da pandemia. Não adianta fazer todas as outras coisas se não houver imunização em massa e rápido. Para mim o lema é vacina já!”, defende. Segundo dados do Ministério da Saúde, pouco mais de 10% da população brasileira está totalmente vacinada contra a Covid-19, isto é, recebeu as duas doses. Para Vânia Pires é preciso que o processo de imunização da população ocorra de forma célere. “Não dá mais para andar tão devagar com a vacinação. Precisamos de mais vacinas, mais vacinas e vacinar cada vez mais. As autoridades precisam ter essa consciência de que a vacinação não pode esperar mais. O grande êxito de países como Reino Unido, Estados Unidos é porque em todo lugar se toma vacina, nas farmácias, nas esquinas, nos consultórios, porque vacina tem para quem quiser. É assim que vai se combater, vacinando em massa. Enquanto estivermos com vacinas limitadas, vamos ter dificuldades”, cobra. Em Alagoas, dados do Observatório da Covid-19 mostram que o estado atingiu na última semana avaliada a marca de 1,03 milhão de aplicações, sendo 745 mil equivalentes à primeira dose e 287 mil à segunda. “Assim, para vacinar toda a população adulta de Alagoas, de 2,2 milhões de pessoas, serão necessárias 3,37 milhões de doses”, diz o comitê de pesquisadores. Os entraves para a aplicação das duas doses da vacina, segundo Vânia, podem prejudicar a imunização coletiva que é quando mais de 70% da população já está imune a formas mais graves e consegue frear o contágio. Entre as principais dificuldades estão a falta de vacinas disponíveis, a rejeição de alguns setores da população e a falsa ideia de que apenas a primeira dose assegura. “A vacinação só é eficaz se tiver completa. Se não toma a segunda dose, fica com a falsa ideia que está imunizado e só vai piorar as coisas porque nem você está imunizado, nem vai promover a imunidade de rebanho, tampouco diminuir a circulação do vírus. É claro que se tomar as duas doses, não se está seguro de que não vai contrair o vírus”, destaca. A especialista defende a necessidade de se utilizar experiências bem-sucedidas, inclusive registradas no país, como propulsor para o momento enfrentado. “O Brasil tem uma experiência de vacinação em massa, com a vacina de Gripe, de Pólio, já há uma experiência positiva de vacinação em massa, só precisa ter vacina, seja qual for a vacina. Não precisa ser necessariamente a da Pfizer, com eficácia de quase 100%, se for vacinado em massa. Pode ser até uma com eficácia um pouco menor, desde que todos se vacinem, pode demorar um pouco mais, mas vai dar certo.” “Imunização é a grande arma para controle de doenças potencialmente fatais”   Para o infectologista Fernando Maia, professor da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) e que atua na linha de frente do combate à Covid-19 no Hospital Escola Dr. Helvio Auto (HEHA), “a vacinação é a grande arma para o controle efetivo de diversas doenças potencialmente fatais ou que podem deixar sequelas graves”. “A decisão de se vacinar não é individual, e sim, coletiva. Quando deixamos de nos imunizar, colocamos em risco a nossa saúde e também a saúde das pessoas que nos cercam - seja em casa, no trabalho ou em nossa convivência. Mantenha seu cartão vacinal em dia e tome todas as vacinas preconizadas para sua condição clínica, idade e época, para proteger a si mesmo e as pessoas que você ama”, afirma o infectologista. O negacionismo em torno da eficácia das vacinas gira em torno, entre outros aspectos, à possibilidade de reações. De acordo com Vânia Pires, os benefícios gerados pela vacina superam as possíveis interações. “As vacinas são uma grande descoberta para a humanidade na prevenção de doenças imunopreveníveis. Hoje uma das ferramentas mais importantes de combate, inclusive no combate da Covid, é a vacina. Apesar de todos os cuidados na prevenção, distanciamento, uso de máscaras, as vacinas são muito importantes nesse contexto. As vacinas, apesar de apresentarem alguns eventos adversos, possuem mais benefícios porque ela provoca à comunidade e à pessoa que se vacinam a imunidade de rebanho e com isso diminui a circulação do vírus. As pessoas ganham inúmeras vezes, o risco é muito menor que o benefício”, salienta.