Cidades

Grupos de quadrilhas preparam lives para celebrar o São João

Festejos juninos estão proibidos no estado por conta da pandemia; grupos que se apresentam terão número mínimo de participantes

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 08/06/2021 07h42
Grupos de quadrilhas preparam lives para celebrar o São João
Reprodução - Foto: Assessoria
Pelo segundo ano consecutivo, as quadrilhas juninas de Alagoas seguem sem se apresentar no estado e fora dele. Mas para diminuir a saudade, pequenos grupos de brincantes se empolgam para fazer bonito por meio de lives e festejar o São João. As festas juninas foram proibidas em Alagoas por conta da pandemia da Covid-19. Agora a prioridade é conter o avanço do vírus com a vacinação a todo vapor. De acordo com Washington Nascimento, presidente da Liga das Quadrilhas Juninas de Alagoas (Liqal), desde o ano passado as quadrilhas tiveram que entrar numa nova ferramenta que foram as lives e, este ano, não será diferente pelo momento em que o estado e o país enfrentam. “As lives acontecerão através do poder público pelo município de Maceió através da FMAC [Fundação Municipal de Ação Cultural], que abriu um edital para a realização das lives para realizar apresentações com uma quantidade limitada de casais, e pelo estado através da Secult [Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas] realizaremos em parceria com o Concurso de Quadrilheiros, que contempla quatro categorias, além das juninas que farão suas próprias lives”, explicou Washington Nascimento. O presidente da Liqal salientou também que haverá um concurso de Quadrilheiros que acontecerá em parceria com o governo do estado com as seguintes categorias: Casal de Noivos, Casal de Matutos, Rainha da Diversidade de Gênero e Rainha da Quadrilha. Segundo ele, haverá premiação em dinheiro para os primeiros colocados e troféu, para os três primeiros colocados. “Muitos grupos estão refazendo figurinos para essas lives e para o concurso, já a parte coreográfica alguns vão usar de 2019 e inserir coreografias novas. Os ensaios só foram retomados com número mínimo de pessoas respeitando todos os protocolos sanitários”, observou Nascimento. O representante da Liga das Quadrilhas Juninas de Alagoas finalizou destacando que o investimento feito através da lei Aldir Blanc no ano passado e os recursos repassados das lives que já aconteceram este ano podem proporcionar aos grupos um pouco de investimento em figurino e produção de suas próprias lives. EDITAL Criada para manter viva a tradição do São João na capital, a FMAC lançou o edital do projeto “Maceió: um dos berços do forró!”. As inscrições estão abertas e seguem até amanhã (9). Em Maceió, com o São João cancelado, quase 500 artistas, 28 grupos de quadrilha, coco de roda, além de trios e bandas de forró, se apresentarão em lives previstas para o período de 23 a 29 de junho. “Não é o ideal para levar alegria ao público, mas hoje é o real”   A psicóloga Sandra Cristina Gomes avalia que a pandemia fez com que as pessoas tivessem que lidar com o imprevisível e inesperado. Com isso, foram geradas incertezas, tanto no campo individual como no coletivo. “As incertezas são vivenciadas de várias formas, o de não se saber muito sobre o próprio vírus, de termos decretos que flexibilizam o nosso cotidiano e depois restringe. Então assim, no ano passado, as pessoas que estavam se preparando para as quadrilhas juninas tinham a esperança de que, este ano, teriam essa oportunidade, mas na verdade é mais um ano que se vive a frustração do não acontecer”, explicou Sandra Gomes. Segundo a psicóloga, a quebra de expectativa que gera a frustração remete toda uma tendência do valor afetivo em relação ao acontecimento em si. Ela salientou que as pessoas que fazem quadrilha, que é uma arte, além da técnica por meio dos ensaios tem todo um envolvimento que, em muitos casos, são passados de geração em geração, isto é, de uma família para outra. “Existem grupos que estão dançando a muitos anos juntos e que têm isso como rotina na vida, o que pode trazer sentimentos negativos de tristeza, falta de esperança de que no ano seguinte também não aconteça. O importante é que haja uma postura ativa, ou seja, o grupo de quadrilha pode fazer exercícios de lembrar-se dos sentidos: do ouvir, falar, paladar, tato”, destacou a terapeuta. Um exemplo que Sandra Cristina Gomes deu foi, em datas como estas de junho, às pessoas se vestirem com trajes juninos, prepararem uma mesa com comidas típicas, com cenário em casa, vivenciando os sentidos com músicas da quadrilha, e se quiser manter contato fazendo encontros virtuais sempre cumprindo o distanciamento social. “Não é o ideal de levar alegria ao público e a si mesma, mas hoje é o real, isso é uma forma de trabalhar a resiliência, fazendo o que é possível, e de uma forma mais saudável possível”, ressaltou. AMA A Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) orienta que a população não solte fogos, não acenda fogueiras e evite a aglomeração. O Ministério Público de Alagoas (MP/AL) também emitiu recomendação para as prefeituras. Ambos os órgãos emitiram o documento ainda no final do mês de maio. A orientação da Associação é que os gestores não promovam qualquer tipo de festividade junina em cumprimento aos decretos estadual e municipal. A medida de segurança é para evitar a disseminação do coronavírus. O documento também orienta que os gestores não promovam concursos de quadrilhas juninas, shows e demais eventos e que eles não concedam autorizações para a utilização do espaço público para a realização de shows particulares, com ou sem cobrança de ingressos. Os prefeitos estão empenhados em aderir à campanha e buscar formas de conscientizar a população sobre não promover aglomerações, como também o uso de fogos de artifício. Segundo especialistas, a dificuldade respiratória provocada pela fumaça pode agravar quadros respiratórios com a possibilidade de afecções e comprometimentos pulmonares, que podem confundir com Covid-19 e as demais doenças com sintomas semelhantes. Outro fator é o cuidado com quem está se recuperando do vírus, que não pode ter contato com a fumaça. (Com assessoria)