Cidades

Lodo produzido em estações de tratamento ganha usos sustentáveis

Projetos inovadores de utilização de resíduos da Agreste Saneamento e Casal contribuem diretamente para a preservação ambiental

Por Assessoria 07/06/2021 16h38
Lodo produzido em estações de tratamento ganha usos sustentáveis
Reprodução - Foto: Assessoria
Construção civil, agricultura familiar... o lodo gerado por Estações de Tratamento de Água (ETA) em Alagoas recebe diferentes destinações com o mesmo objetivo: sustentabilidade. Na Semana do Meio Ambiente conheça o que empresas de saneamento do estado têm feito para contribuir com a preservação ambiental. Você sabia que durante o processo de tratamento da água são produzidos resíduos? Conhecidos como lodo, podem provocar desequilíbrio quando desprezados de maneira incorreta, por isso, precisam ser encaminhados a aterros sanitários. Entretanto, é possível dar uma destinação ainda melhor, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. É isso o que tem feito a Agreste Saneamento: anualmente os dois sistemas de tratamento de água produzem mais de duas mil toneladas de lodo. O Sistema Coletivo do Agreste gera 1.380 toneladas e o Sistema Adutor do Agreste 780 toneladas. Todo esse volume é destinado para a produção de tijolos em duas cerâmicas no interior do estado. Uma em Arapiraca e outra em Palmeira dos Índios. A iniciativa coloca em prática a gestão responsável de resíduos e ainda fortalece a economia local. Como explica o gerente operacional Marcello Cardoso, a produção de tijolos com os resíduos das Estações de Tratamento de Água (ETAs) foi iniciada em 2015 a partir de um projeto da Agreste Saneamento. Desde então, já foram confeccionadas mais de 50 mil unidades apenas na Cerâmica São Carlos, em Arapiraca. “Após as etapas do tratamento, o lodo segue para armazenamento em mantas de polipropileno, conhecidas como geobags. Em seguida, desidrata até o ponto em que é retirado das mantas e encaminhado para a fabricação dos tijolos. Nesta etapa, o geobag é aberto e levado por caçambas lonadas até a cerâmica”, explica Cardoso. O controle é feito a partir de manifestos de resíduos, contendo o volume, o gerador, o transportador, o destinador final, hora e data. Na cerâmica são utilizados aproximadamente 25% de lodo na massa de cada tijolo produzido. As geobags também recebem destinação 100% sustentável em outro projeto da empresa, o Agreste Rural que beneficia pequenos agricultores da região. Uso na Agricultura Uma pesquisa de mestrado do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) está em fase final e tem obtido bons resultados com a utilização do lodo gerado nos processos de tratamento da água na mistura com o substrato para uso na agricultura. Segundo o pesquisador Marcelo Cavalcante algumas amostras avaliadas indicam que a substância faz um trabalho de compensação nutricional. A última etapa do estudo é a análise das mudas em laboratório. A previsão é de que no segundo semestre deste ano o trabalho seja finalizado. “Os resultados são preliminares, mas já indicam que 20% de lodo (acrescidos a 80% de substrato comercial) têm uma carga de nutrientes que incrementam as culturas de alface, reduzindo custos de produção de mudas. Encaminhamos uma amostra do lodo para o laboratório para sabermos quais nutrientes existem no material e a quantidade de cada um. Assim, teremos as informações mais precisas”, explica o pesquisador. Viveiro Florestal da Casal usará subprodutos do tratamento de efluentes Já em Santana do Ipanema, um projeto da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) consiste na inovação para operação sustentável das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) e dos subprodutos gerados pelo tratamento de efluentes. Ainda neste mês de junho deve ser concluído o centro administrativo do Viveiro Florestal, no âmbito da ETE, que garantirá à Casal destinar o lodo oriundo do tratamento de esgoto na área da própria estação, que será a primeira do Brasil a executar a fertirrigação em mudas da Caatinga. A iniciativa de reuso do efluente em viveiro florestal tem recurso garantido oriundo da Agência Peixe Vivo, signatária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), no montante de R$1.200 milhão. A ação contempla, além da execução do centro administrativo para desenvolvimento de pesquisa em saneamento, a instalação de laboratório e estufa, e liberação de campo aberto para semeadura. O projeto é piloto e experimental. Um dos autores, Antônio Ramos Soares Júnior, supervisor de Coleta e Tratamento de Esgotos (Supece) da Unidade de Negócio Bacia Leiteira, da Casal, detalha como o ECO ETE vai funcionar e os benefícios gerados. “A iniciativa abrange o gerenciamento do lodo de esgotos, o reuso do efluente tratado e do gás produzido no âmbito da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Santana do Ipanema. O sistema de reuso do efluente tratado na agricultura será o primeiro do Nordeste e contempla, como projeto laboratório, a fertirrigação de mudas de culturas naturais do bioma Caatinga”, destaca. Ramos defende ainda que o projeto traz consigo mais do que uma oportunidade de novo negócio e destaca o reconhecimento de que o enfrentamento da crise hídrica desperta a necessidade de novas estratégias de manejo: “o reuso de efluente é uma tangente importante, sobretudo no contexto do semiárido, e a Casal dentro desse cenário tem relevância e mostra suas potencialidades enquanto empresa pública”.