Cidades

Famílias venezuelanas são acolhidas em Maceió

Elas foram recebidas pela Cáritas em Maceió; cinco destas estão na capital fugindo de conflitos econômicos e políticos

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 19/05/2021 10h47
Famílias venezuelanas são acolhidas em Maceió
Reprodução - Foto: Assessoria
Cerca de cinco famílias venezuelanas, da etnia indígena Warao, chegaram recentemente à capital alagoana em busca de abrigo e de uma melhor condição de vida.  São quatro homens, quatro mulheres, sendo uma gestante e oito crianças entre 12 anos e nove meses, que saíram de Delta Macuro, cidade de Mariusa, na Venezuela, por conta dos conflitos de ordem econômica e política no país de origem. A Cáritas, organização não governamental da Igreja Católica e organismo da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que tem trabalhado fazendo todo tipo de caridade, principalmente na pandemia, há algum tempo têm acolhido fortemente os venezuelanos que chegaram a Maceió. De acordo com James Nogueira, voluntário da Cáritas Arquidiocesana de Maceió desde 2017, os venezuelanos são povos indígenas Waraos também atingido pelo caos econômico e político naquele país. “Como estratégia de sobrevivência, muitos migraram para o Brasil, e estas famílias chegaram há pouco tempo aqui em Maceió. Estas famílias estão precisando de muita coisa. Inclusive uma gestante que não tem nada”, disse. James Nogueira, que acompanha as famílias, diz que a maioria é composta por pescadores e que a Fundação Nacional do Índio (Funai) em contato com a Colônia de Pescadores da capital viabilizou a inserção deles na atividade. “Estas famílias estão sendo acompanhadas por nós, desde que deixaram Roraima, logo após atravessarem a fronteira”, frisou. “Eles escolheram Maceió por saberem que não havia tantos imigrantes aqui, mas também passaram por outras cidades brasileiras, como São Luiz do Maranhão, Campina Grande na Paraíba, Recife em Pernambuco, mas não se adaptaram. Estão chegando aos poucos, nesta terça-feira (18) mais uma família chegou”, contou. Ele lembrou que outras famílias da Venezuela, que não são indígenas, estão em Maceió desde 2018 em vários bairros de Maceió, como Pontal da Barra, Jaraguá, Centro. “Como esses já estão há mais tempo no estado, já conseguimos documentação, emprego, escola para as crianças, isto é, já estão mais inseridos, os que chegaram recentemente ainda têm certa dificuldade porque não falam português, apenas um fala espanhol, o restante somente o dialeto deles que não conseguimos entender nada”, salientou James. O voluntário da Cáritas Arquidiocesana de Maceió observou que as famílias deixaram a Venezuela por conta dos conflitos no país, tendo em vista a situação de miséria e fome atualmente. “Em Maceió, existem dez famílias desde 2018 para cá”, destacou. “Enquanto essas famílias não começam a trabalhar, recebem doações e também saem para pedir ajuda nos semáforos da cidade, mas nós também pedimos ajuda nos grupos da igreja como forma de contribuir”, ressaltou. “Alguns trabalham no comércio local, em oficinas mecânicas. Há um empreendedor que montou uma marcenaria”, revelou. Artesãs voluntárias, mas sem vínculo religioso, estão ensinando as venezuelanas a fazer terços. “Ficaram bonitos, até conseguimos um espaço na Praça Lions, na Pajuçara, para elas exporem seus trabalhos”, anunciou James. Auxílio-moradia foi concedido para os imigrantes sul-americanos A Assistência Social (Semas) atendeu 21 venezuelanos, sendo dez adultos e 11 crianças. Após todos os procedimentos passaram a receber um auxílio-moradia. A Semas informou que ao todo são cinco núcleos familiares. O primeiro atendimento foi feito pela Secretaria, que levou essas famílias para fazer testagem de Covid-19 no Ginásio do Sesi e em seguida, foram acolhidos na Casa da Passagem Manoel Coelho Neto. Segundo a Diretoria de Proteção Social Especial, as famílias passaram quase um mês no abrigo. “A Secretaria também forneceu dez quilos de alimentos não perecíveis e 40 quilos de proteínas, para que as famílias não passem necessidade. O Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) também está à disposição dessas famílias”, colocou o órgão. SARAMPO A Venezuela é um país que sofre de surtos de sarampo. A partir da imigração para o Brasil, há o encontro com uma população que acredita estar imune à doença e, portanto, não se previne, espalhando o surto novamente. Em 2018, o Brasil voltou a registrar casos de sarampo, com 1.553 registros de acordo com o Ministério da Saúde. “Esse surto pode se relacionar a dois fatores associados: à falta de imunização prévia e a alta da imigração venezuelana no Norte do País, local com maior concentração de casos”. James Nogueira, voluntário da Cáritas Arquidiocesana de Maceió, enfatizou que quanto a isto não há possibilidade de abrir precedentes para infecções por sarampo no Brasil partindo da Venezuela. Ele explicou que assim que os venezuelanos cruzam o Brasil são vacinados ainda mesmo na fronteira, “em todos os locais que chegam, às secretarias de saúde vacinam, aqui mesmo já foram vacinados também até contra a Covid-19, sempre participando das conversas e monitorando eles”, afirmou.