Cidades

Sindicato denúncia demissões na Equatorial ao MPT

Alerta do sindicato foi realizado ainda em 2020 e cobra da empresa respostas sobre volume de dispensas

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 27/04/2021 08h13
Sindicato denúncia demissões na Equatorial ao MPT
Reprodução - Foto: Assessoria
Para o Sindicato dos Urbanitários de Alagoas o volume de demissões promovido pela Equatorial preocupa. Segundo a entidade sindical, desde que chegou a Alagoas, a empresa já cortou o equivalente a metade dos postos de trabalho existentes e segue demitindo funcionários mesmo em meio a pandemia. Uma denúncia foi protocolada e o Ministério Público do Trabalho (MPT) instaurou ação para apurar a conduta da empresa. De acordo com a presidente do Sindicato, Dafne Ceres, a empresa recebeu no ano passado um aporte financeiro de quase R$ 2 bi feito pelo BNDES, o que não justificaria as demissões. Além disso, segundo a líder sindical, a Equatorial vem conquistando lucros expressivos. “Isso afeta todo mundo porque não é qualquer serviço, é um serviço essencial que toda a população depende. Infelizmente desde o ano passado, com a pandemia, a Equatorial ainda sim continuou com a prática de demissões, já conversamos com a pessoa responsável pelas relações sindicais, colocamos essa preocupação dessa prática constante de demissão que não se explica. A empresa já reduziu o quadro pela metade e segue demitindo. Isso mostra que é uma prática da empresa. A empresa pega toda a história do trabalhador e joga fora”, destaca. Ainda conforme Dafne, além da formalização de denúncia no MPT, a entidade sindical também formalizou queixa na empresa cobrando a suspensão das demissões pelo menos enquanto durar a pandemia. “Encaminhamos documentalmente à empresa para que as demissões fossem suspensas na pandemia, tanto pela questão do serviço que é essencial, pela questão do desemprego. Mas infelizmente não fomos ouvidos e também não conseguimos nem o total de demissões porque depois da Reforma trabalhista não é mais preciso passar pelo sindicato, a empresa também não fornece. A empresa segue demitindo”, diz a líder sindical. A Equatorial Alagoas foi procurada para comentar o assunto, mas de acordo com a assessoria de comunicação nenhum posicionamento será emitido sobre o caso. Dispensas geram má qualidade no serviço prestado pela empresa   A redução no quadro de funcionários deve dar continuidade a outro problema: a má qualidade do serviço prestado. Segundo Dafne, o sindicato não consegue mais ter o controle dessas demissões, mas os relatos “Além da prática de demissão de profissionais com anos de empresa e com experiência, com capacitação para atuar, eles ainda não repõem, então eles demitem e não substituem e isso resulta numa má qualidade na prestação do serviço. O resultado está nas ruas, nas casas dos consumidores que tem reclamado do serviço, da dificuldade em ser atendido ou ter uma demanda resolvida”, enfatiza. O Ministério Público do Trabalho explicou que a denúncia feita pelo sindicato se transformou num inquérito civil que apura as responsabilidades da empresa em relação às demissões. NA JUSTIÇA De acordo com o sindicato, os casos não são isolados. Em março deste ano a entidade já havia denunciado o problema. Segundo informou à época o secretário do Sindicato dos Urbanitários, Vicente Oliveira as demissões viraram rotina na empresa. Num dos casos mais recentes a judicialização de uma demissão resultou na reintegração de três trabalhadores que foram demitidos sem o obedecimento de regras da antiga Eletrobras. O efetivo que era de mais de 1200 funcionários, hoje é de aproximadamente 650. “A Equatorial vem demitindo de forma constante. De lá para cá demitiu centenas de trabalhadores, não temos o número exato porque eles não informam os números. Podemos afirmar categoricamente que já foram mais de 600 trabalhadores. Alguns trabalhadores foram à Justiça questionar a forma da demissão, que era irregular porque não cumpriu uma norma interna. A empresa simplesmente chegou lá e demitia. Os funcionários entraram com tutela de urgência e a Justiça deu até hoje para reintegrar e pagar tudo de atrasado até hoje. Eles alegam que é política deles a renovação constante de quadro e enxugamento de quadro”, diz.