Cidades

Líder dos táxis-lotação irregulares é nomeado para cargo no setor de multas da SMTT

Gilson Gomes da Costa é suposto líder da ''categoria'' foi nomeado para integrar a 1ª Junta Administrativa de Recursos de Infrações, o que revoltou alguns diretores do órgão e colegas condutores

Por Tribuna Hoje 05/04/2021 16h50
Líder dos táxis-lotação irregulares é nomeado para cargo no setor de multas da SMTT
Reprodução - Foto: Assessoria
“Evitem falar o nome do prefeito JHC. Evitem o máximo possível dizer que o prefeito vai fazer isso ou vai fazer aquilo. Errem o nome do prefeito porque vêm coisas boas aí pra gente (sic)”. As declarações são do líder dos táxis-lotação, que por sinal fazem o transporte irregular de passageioros já que não há nenhuma regulamentação em Maceió, Gilson Gomes da Costa, o “Gilson da Lotação”. As falas foram feitas em grupo de WhatsApp integrado por motoristas que exploram o transporte irregular de passageiros, usando táxis. Gilson da Lotação foi candidato a vereador na eleição passada pelo PROS e obteve 547 votos. No grupo, os integrantes ficaram sem entender a mensagem do líder porque, nas gestões de Rui Palmeira e Cícero Almeida, conforme ele mesmo diz em outros áudios, ele sempre “bateu de frente” na defesa da categoria. Mas a Portaria nº 0100, publicada no Diário Oficial do Município, de 31 de março deste ano, explica sobre as “coisas boas que viriam por aí”. Ouça os áudios de Gilson em grupo de mensagens de motoristas de lotação: [audio mp3="https://tribunahoje.com/wp-content/uploads/2021/04/WhatsApp-Audio-2021-04-05-at-15.49.09.mp3"][/audio] [audio mp3="https://tribunahoje.com/wp-content/uploads/2021/04/WhatsApp-Audio-2021-04-05-at-15.49.10.mp3"][/audio] Gilson Gomes da Costa foi nomeado para integrar a 1ª Junta Administrativa de Recursos de Infrações (JARI) da Superintendência Municipal de Transporte Trânsito (SMTT), na condição de relator, em substituição à Camila Soares Porciúncula. A portaria foi assinada pelo chefe da SMTT, delegado federal André Santos Costa. A nomeação bate de frente com a promessa de campanha de JHC de nomear pessoas pelo critério técnico e avaliação de currículos pelo “Time Maceió”. Após a divulgação do áudio de Gilson da Lotação nos grupos de táxi-lotação e o conhecimento da portaria, surgiram outros áudios com vários comentários. Muitos criticando a postura do líder, outros apoiando. “Ele [Gilson] é quem está certo. Adianta lutar tanto por uma classe desunida?”, questionou um deles. “Agora a gente entende o que são as “coisas boas” que ele falou no grupo. Coisa boa pra ele que está ganhando o dele na Prefeitura”, comentou outro taxista. “Isso foi um cala-boca que o prefeito deu a ele. Estamos sem liderança na categoria”, disse outro integrante do grupo. “Agora eu entendi porque ele pediu para a gente não falar do prefeito”. Agora está entendido, não é?”, disse outro integrante. Gilson da Lotação enviou mais um áudio ao grupo, agradecendo o apoio e ignorando as críticas. Aproveitou para esclarecer os caminhos e os motivos que os levaram à 1ª Jari. Em outras palavras, revelou que é apadrinhado do vereador Francisco Sales, hoje, secretário de Governo de JHC. Sales teria recebido a tarefa de acalmar os taxi-lotação nesse início de gestão. “Pessoal, sobre a publicação do Diário Oficial, foi o vereador Francisco Sales foi quem me nomeou. Vou ficar numa comissão, na Jari, no Setor de Multas da SMTT. Como eu disse: as coisas estão melhorando. Por isso que pedi para não falar no prefeito, porque ele vai ver a situação dos táxis-lotação. A gente ajudou e nada melhorou pra gente, com a apreensão de carros todo dia. Quando houve esse último protesto no Centro, Francisco Sales ligou pra mim e disse que estava me ajeitando com superintendente [André Costa]”, comentou Gilson da Lotação. “Eu falei o que estava acontecendo. Francisco Sales ligou pra mim dizendo que estava abrindo as portas com o superintendente. Eu disse que não era eu que estava liderando o ato e que estava lá (no protesto) para resolver a situação. Eu creio que deu uma melhora aí. Nunca mais vi apreensão de táxi-lotação. Pode ser que mude. Vou para o setor de multas, mas isso é um passo para gente coordenar os taxistas de Maceió”, disse ele. Na SMTT a nomeação de Gilson da Lotação caiu como uma bomba. Vários diretores de setores ficaram indignados com a nomeação dele para um setor tão importante. Durante anos, a SMTT combateu o transporte ilegal feito por táxis-lotação uma vez que não há lei que regulamente essa atividade. Gilson da Lotação esteve sempre do lado oposto aos agentes de trânsito. O Setor de Fiscalização foi o que se sentiu traído pela administração da SMTT, com a nomeação de Gilson da Lotação para a Jari. Os diretores que temem se identificar, lembraram que Gilson sempre fez transporte irregular, teve a permissão cassada por reincidir na infração. E se perguntam, como uma pessoa com esse perfil pode julgar recursos administrativos contra infratores, se ele é um condutor infrator contumaz. A reportagem do Portal Tribuna Hoje entrou em contato com a SMTT e aguarda posicionamento sobre o caso. Também foi feito contato com a Associação dos Profissionais do Táxi de Maceió (Asprotam), para saber como avaliam o caso, mas até o momento não obteve retorno. Assim que as respostas forem enviadas o material será atualizado. Na manhã desta terça-feira (6), a SMTT se pronunciou por meio de nota . Segundo o órgão municipal,  a composição da JARI é feita por integrantes do órgão municipal e por igual número de pessoas de entidades representativas ligadas ao trânsito. Ainda segundo a superintendência, Gilson Gomes da Costa irá compor como integrante da Associação dos Taxistas de Maceió. ''A JARI é uma uma instância de recursos disponível aos cidadãos infratores para garantir o princípio constitucional do direito à ampla defesa e ao contraditório. A SMTT reforça ainda, que na dinâmica de análise dos recursos, o representante de determinada categoria não analisa os processos encaminhados pelo seu setor representativo''. Mas uma vez, a reportagem tentou contato com a Asprotam para verificar se Gilson Gomes de fato estaria representando a entidade, mas não obteve respostas. Matéria atualizada às 11h40 desta terça-feira (6)