Cidades

Estação elevatória é rejeitada por moradores do loteamento

Mobilização é para que a prefeitura seja sensível ao pedido dos moradores, respeitando a área verde preservada do local

Por Tribuna Independente 27/03/2021 09h07
Estação elevatória é rejeitada por moradores do loteamento
Reprodução - Foto: Assessoria
Os moradores do Loteamento Gurgury, em Guaxuma, voltam a sofrer com transtornos de obras estruturais no Litoral Norte. Recentemente o Prefeito João Henrique Caldas (PSB) aprovou o início da obra da estação elevatória na única área verde do loteamento. Antes desse local, a Prefeitura de Maceió pretendia executar a obra na Praça Paulo Décio. A mobilização é para que a prefeitura seja sensível ao pedido dos moradores, respeitando a área verde preservada e que encontre um novo local que não afete o meio ambiente nem os moradores do entorno. No ano passado, os moradores conseguiram sensibilizar o Governador Renan Filho (MDB) para que não se construísse um muro na área verde durante a obra da duplicação da AL 101 Norte. Logo após, foram surpreendidos com o início da obra de estação elevatória de esgoto na Praça Paulo Décio, único espaço coletivo do local, na época a Associação dos Moradores requisitou ao então prefeito Rui Palmeira que as obras na Praça Paulo Décio fossem suspensas para que se pudesse chegar a um entendimento entre população e poder público. Agora, com o prefeito JHC a estação elevatória está sendo colocada para a única área verde. Para os moradores, as consequências da estação são preocupantes. “Nosso problema não é o saneamento, agora a gente não pode aceitar que seja colocada uma estação de 20 m x 8 m, vai ficar um equipamento na entrada do condomínio”, coloca o morador Vinícius Palmeira. Comunidade A área preservada no local é um espaço importante para os moradores da região que contribuem na limpeza e na preservação, construindo inclusive uma trilha. “A área verde é nossa proteção contra a poluição dos carros, menos ruídos, proteção no caso de acidentes e qualidade de vida na melhoria do ar e a proteção da Mata e animais que dela sobrevivem, salienta Linda de Morais. O espaço faz parte do cotidiano da comunidade, como afirma o jornalista e morador Felipe Câmelo. “Gostamos de nos reunir nas calçadas para conversar, comemoramos festas juninas e natalinas na única praça do loteamento, onde há parquinho infantil, quadra de vôlei de praia, área muito utilizada por todos nós”, ressalta Felipe. Mesmo com a pandemia, os moradores têm se esforçado para conseguir convencer a prefeitura de que há a possibilidade de que a estação elevatória seja construída fora do loteamento Gurgury e lamentam essa situação de impasse. “É o meu futuro, tudo que eu tenho na minha vida, do meu trabalho e do meu marido tá nessa casa que eu escolhi pra passar o resto da minha vida. E agora toda essa confusão”, expõe Linda. Preocupação Além da preocupação dos moradores com a preservação do espaço, eles alegam que a obra pode aumentar de tamanho de acordo com a demanda, causando ainda mais desmatamento. Para a moradora Linda Moraes, a expansão imobiliária no Litoral Norte de realização da estação. “Como a área verde é grande e como existe a possibilidade do crescimento imobiliário de várias torres na área, isso já foi liberado, desde que seja feito o esgotamento sanitário. Essa estação elevatória vai crescer na medida da necessidade, sendo quem sabe toda devastada, revela. A obra, segundo os moradores, fere o plano diretor para o bairro, como coloca Louise Oliveira que mora no loteamento há mais de 20 anos. “O nosso plano diretor não permite, ou seja, vai ser contra todo o projeto dessa moradia; além do mau cheiro”, conta a moradora. Maceió possui outras duas estações elevatórias que incomodam os moradores com o mau cheiro, localizadas próximo ao Sesc Poço e na Praça Lions. A comunidade teme que os transtornos se repitam no local. “Não queremos a estação elevatória aqui na guaxuma, a prefeitura precisa encontrar um local mais adequado. Essa estação elevatória é a mesma que tem no Sesc Poço e na Praça Lions e tem um mau cheiro absurdo”, aponta o arquiteto e urbanista Pablo Fernandes. “Obras podem ocorrer respeitando-se o meio ambiente” Para a comunidade, as obras precisam acontecer, mas respeitando o meio ambiente e a comunidade. “A gente tá questionando que faça um projeto que abranja a parte ambiental social e que todo mundo seja respeitado, não é porque nós somos moradores de residência que a gente vai ser desrespeitado. O papel da prefeitura é esse de conciliar, de harmonizar o desenvolvimento com sua comunidade”, destaca Louise Em diálogo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura, a comunidade conseguiu um prazo para confeccionar um estudo e apresentar outras possibilidades de locais para que a estação elevatória seja construída. Na quinta-feira (25), os moradores solicitaram um prazo maior tendo em vista que não tiveram acesso a todo o projeto. “Não somos nós, pagadores de impostos, que temos que fazer e se ele dá a chance de nós fazermos é porque ele sabe que existe a possibilidade de fazer em um novo local”, reitera a moradora Louise. Anivaldo Miranda, ambientalista e Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, em debate promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Alagoas sobre o marco legal do saneamento, colocou a sua preocupação com a obra que pode trazer problemas futuros como a manutenção e ressalta o papel do diálogo com a comunidade para a solução de problemas como esse. “Não fosse a comunidade se mobilizar, todo esgoto desse trecho inicial do litoral norte iria parar na praça central de uma comunidade. E o problema ainda continua, porque querem implantar na área verde aqui do local, os moradores não querem. É uma questão de recurso, se gastar um pouco mais de dinheiro dá pra fazer essa solução e atender a comunidade e não jogar uma elevatória de esgoto que vai ter problema no futuro de manutenção ao lado da vizinhança, das casas. É importante que a comunidade que paga impostos tenha absoluto conhecimento das obras, dos projetos que vão atravessar as suas ruas”, ressalta o ambientalista. O engenheiro, Carlos Leal, aponta que obras como essa trazem benefícios para o saneamento entretanto a proximidade pode trazer transtornos à população. “ Na fase de operação, os pontos positivos consistem no afastamento do esgoto das residências, ruas e do solo, com efeitos sobre a saúde e os negativos são sentidos próximos a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) e em elevatórias com funcionamento inadequado, consistindo na geração de odores, ruídos e alterações na qualidade do corpo hídrico receptor do efluente da ETE”, explica o engenheiro especialista em engenharia ambiental e recursos hídricos. Sem desmatamento Em nota, a Prefeitura de Maceió salientou estar em diálogo com os moradores dos bairros Garça Torta e Guaxuma para atender as demandas da população. Ela ainda afirma que analisou os locais sugeridos pela comunidade e que foram considerados inviáveis. “Em reunião, os moradores apresentaram duas propostas de locais à Prefeitura, que foram analisadas pelos técnicos da Unidade Gestora de Programa, vinculada à Secretaria Municipal de Infraestrutura, e foi visto que não era viável, conforme parecer de 30 páginas apresentado. A Prefeitura aguarda agora a contraproposta dos representantes da comunidade. Marcamos uma segunda reunião com os moradores no loteamento, que pediram até o dia 30 de março para apresentar uma contraproposta com novos locais. Mas reforçamos que já foram analisados seis locais: dois rejeitados pelo MPF, dois inviáveis segundo análise técnica da Prefeitura de Maceió, restando a área verde e a praça”, explica Marcelo Maia, coordenador Executivo da UGP”, afirma a nota.