Cidades

Cerca de 200 imóveis fora do mapa de risco têm rachaduras

Moradores do bairro do Pinheiro fazem apelo por respostas do poder público

Por Evellyn Pimentel com Tribuna IndependentE 19/03/2021 08h02
Cerca de 200 imóveis fora do mapa de risco têm rachaduras
Reprodução - Foto: Assessoria
Moradores do bairro do Pinheiro, em Maceió, que residem na área entre a Rua Professor José da Silveira Camerino (antiga Rua Belo Horizonte) e a Avenida Fernandes Lima, denunciam o avanço de rachaduras. Cerca de 200 imóveis, fora do mapa de risco, apresentam fissuras e os moradores pedem que sejam tomadas providências. Uma comissão de moradores vem se organizando no sentido de buscar explicações para o que estaria ocorrendo nos imóveis. O morador Max Luiz está à frente do grupo e cobra respostas do poder público. “Nosso grupo está hoje com 195 pessoas, não fizemos um porta a porta, temos uma comissão a frente. O que nós fizemos foi um ofício a ser entregue aos órgãos competentes solicitando explicações oficiais, pois nessa nossa faixa tudo é apenas de boca. O que questionamos é: Como pode dezenas ou centenas de residências estarem rachando ao mesmo tempo no mesmo período do resto do bairro e não ser o mesmo motivo?”, diz. Max questiona ainda a situação dos moradores, caso seja confirmada a relação com o fenômeno, ele afirma que é preciso segurança aos proprietários. “Se não for por causa da mineração, o que está causando essas rachaduras em construções de diferentes épocas, pois tem casas com 10, 20, 30 e até 50 anos de construídas, de construtoras diferentes, de engenheiros diversos, de estruturas diversas. Seria muita coincidência que todas essas residências viessem a combinar essas rachaduras diante de tantos parâmetros diferentes. E se ainda persistir que não tem nada a ver com a mineração, precisamos de uma garantia oficial que podemos ficar tranquilos e que nossas famílias estão a salvo. Só não pode ser de boca, precisamos que algum órgão, inclusive técnico, nos dê essa garantia. Pois amanhã esses mesmos podem nos obrigar a sair e será da pior forma: com uma mão na frente e outra atrás, já que o acordo com a Braskem encerra no final de 2021 ou 2022, não sabemos ao certo”, indaga. Empresária diz que fissuras começaram em junho de 2020   A empresária Sandra Calheiros de Araújo tem um comércio e mora num imóvel na Rua Comendador Francisco Amorim Leão e afirma que as rachaduras vêm surgindo desde junho de 2020 e causando preocupação “Nós temos sido prejudicados porque também tenho outros pontos na mesma rua e precisei diminuir o aluguel para manter o ponto locado. Saímos prejudicados porque essas lojas completavam minha renda familiar, procurei diminuir para manter o pessoal, porque se saírem, não tenho como alugar. Ninguém quer alugar mais nada nesse bairro. Inclusive eu projetei essas lojas pensando no meu futuro, na minha aposentadoria, e hoje foi um sonho perdido, tudo foi em vão. “Já passaram um laudo para a gente onde aponta que tem fissura, rachadura, erosão de solo mas ficou só aí. Ficou muito limitado e só mandam a gente aguardar. Não sei se é porque essa rua não está no mapa e isso limita a gente de resolver as coisas. Estamos brigando para não sair perdendo tanto numa situação que a gente não sabe nem como fazer. Tudo que disseram para a gente é que não estamos no mapa. Observamos que esses laudos vêm se repetindo. Eles não mudam nem vírgula e recomendam que a gente procure um profissional para garantir a integridade do imóvel e eu acho que isso não existe”, reclama. “Não temos garantia de que rua é segura”   Ismênia Cajé também mora no Pinheiro e pontua a necessidade de garantias para os moradores. A inclusão no mapa, segundo ela, serve para dar um pouco mais de segurança numa eventual piora no quadro. “Sou moradora do Pinheiro e estamos fora do mapa, porém não é porque não estamos no mapa que os imóveis estão livres de rachaduras. São trincas, são rachaduras, apartamentos, casas. O que eles estão fazendo é limitar uma rua. Estamos lutando para que essa área entre no mapa, porque vamos ficar sem serviço algum. Vai sair tudo. Outro detalhe, nós estamos com o prazo muito apertado, termina em 2022 e vamos ficar sem nenhum auxílio. Outra coisa, nós não temos nenhuma resposta do poder público que nos garanta que aquela área fora do mapa é segura. Estamos lutando para que essa área entre. Não estamos obrigando os moradores saírem, queremos incluir os moradores que querem sair, temos medo. Pelo risco e pela segurança, pelo abandono que o bairro está. Estamos querendo que o poder público nos responda, que faça a ampliação do mapa. Têm imóveis com rachaduras que separam estruturas, separam paredes”, detalha. A reportagem não conseguiu contato com a Junta Técnica, responsável pelos laudos para posicionamento. De acordo com o último termo de acordo celebrado entre Braskem e órgãos de controle, é possível que ocorra a inclusão de novos imóveis. No entanto, essa inclusão depende de avaliação de equipe técnica e de um trâmite que nem sempre ocorre de forma ágil. “O novo aditivo prevê a instituição de um grupo técnico destinado justamente para avaliar essa área limítrofe para fora do mapa atual, a fim de diagnosticar eventual necessidade de ampliação do mapa”, explicou o MPF à época do fechamento do acordo.