Cidades

Maceió tem sete denúncias de fura-filas na vacinação

Casos foram notificados pelo MP/AL, entre eles um advogado que tentou burlar a regra

Por Emanuelle Vanderlei com Tribuna Independente 12/03/2021 08h04
Maceió tem sete denúncias de fura-filas na vacinação
Reprodução - Foto: Assessoria
O Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL) recebeu sete denúncias de possíveis casos de fura-filas da vacinação contra o novo coronavírus (Covid-19) em Maceió. Segundo informações do órgão, existem duas promotorias na capital com procedimentos instaurados atuando nos casos. A 26ª Promotoria de Justiça da Saúde registrou seis no total. Um advogado que estaria tentando se passar por servidor do Hospital da Mulher; problemas nos critérios estabelecidos na Santa Casa de Maceió; um servidor da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e uma pessoa no Hospital Metropolitano de Alagoas (HMA) que supostamente estariam furando a fila; problemas com os critérios também na Maternidade Escola Santa Mônica; e por fim um caso no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O último foi enviado para promotorias criminal e da fazenda estadual e ainda está aguardando informações sobre o que foi feito. A 67ª Promotoria de Justiça registrou dois casos, um na capital e outro no interior. O da capital está aguardando resposta da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Maceió. O do interior já foi finalizado, com a remessa dos autos à Promotoria de Justiça de União dos Palmares, tendo em vista que o fato ocorreu no Hospital Regional da Mata. Em todos os casos, excetuando o do Samu, o MP/AL instaurou procedimentos e está aguardando informações da SMS. O MP/AL informou que tem trabalhado para fiscalizar e coibir os casos. Na última quarta-feira (10), a Força-Tarefa de Combate à Covid criada pelo órgão se reuniu virtualmente e, entre outras medidas, reforçou que o colegiado vai requerer explicações sobre fura-filas às Secretarias Municipal e Estadual de Saúde. “Priorizar a vacinação dos grupos de risco, evitando que pessoas fora da lista de prioridades recebam a imunização, é um exemplo do que precisamos estar monitorando de perto”, declarou o procurador-geral de Justiça, Márcio Roberto Tenório de Albuquerque. A Sesau informou que até o momento não registou nenhum caso e que conta com um canal para a população fazer a denúncia, o Alô Vacina. “Havendo a denúncia, os órgãos de segurança são acionados para investigação”, destacou a secretaria. Desde o início da vacinação alguns casos ganharam repercussão na imprensa nacional por autoridades ou pessoas conhecidas receberem a vacina mesmo não fazendo parte do grupo prioritário. Em Alagoas, o caso mais conhecido que gerou polêmica foi com o influenciador digital Carlinhos Maia. Ele anunciou através de um vídeo nas mídias sociais que havia sido convidado para ser um dos primeiros a tomar a vacina. Ele e o prefeito JHC foram notificados pelo MP/AL para prestar esclarecimentos. Carlinhos não recebeu a vacina. Um projeto que criminaliza a prática foi aprovado na Câmara dos Deputados em fevereiro deste ano. Se entrar em vigor, a lei prevê pena de reclusão de um a três anos e multa. Primeira dose já chegou a 91.174 pessoas no estado   Até a noite da última quarta-feira (10), 128.401 doses já foram aplicadas na população alagoana. Isso representa 80,7% das doses recebidas do Ministério da Saúde (MS). Dessas, 91.174 são primeiras doses. Em relação à segunda dose da vacina contra a Covid-19, 37.227 pessoas já foram imunizadas. Apesar dos esforços do Governo do Estado, menos de 2,57% da população alagoana recebeu pelo menos a primeira dose. A demora para aquisição da vacina se deu porque dependia do Plano Nacional de Imunização (PNI), que impedia os estados e municípios de comprarem diretamente as doses. Os governos têm pressionado o ministro da Saúde, e com isso o fluxo começou a aumentar. Alagoas já recebeu, do Ministério da Saúde, 260.860 vacinas desde janeiro. Ao todo foram seis remessas: a primeira com 87.760 doses da CoronaVac; 27.500 doses da Oxford; 12.600, da CoronaVac; 34.800, da CoronaVac; 37.400 CoronaVac e AstraZeneca; 28.800 da CoronaVac; e mais 32.000 da CoronaVac. No início da semana, foi anunciado pelo governador Renan Filho que a pretensão é chegar à faixa dos 65 anos até o dia 31, e concluir toda a população acima de 60 até o final de abril. Mas o cronograma oficial não foi estabelecido ainda porque depende da chegada das doses. Há muita dúvida na população sobre os critérios adotados, já que os grupos vão sendo ampliados com a chegada de novas doses. De acordo com o Gabinete de Gestão Integrada para o Enfrentamento à Covid-19 (GGI Covid-19), a vacinação em Maceió começou pelos profissionais de saúde da linha de frente, nos hospitais públicos e privados, sendo que em alguns casos, a vacinação foi feita pelo próprio Estado, por serem servidores estaduais. Também começaram a ser vacinados idosos em abrigos, instituições de longa permanência. Em seguida, a Prefeitura de Maceió seguiu o cronograma do MS e ampliou para outros profissionais de saúde, idosos acamados, idosos com menos idade, como segue fazendo a cada nova remessa de vacina entregue pelo MS e repassada pelo Estado. Atualmente, já é possível vacinar profissionais de saúde de unidades básicas e inclusive profissionais de outras áreas, como administração e serviços gerais, que trabalhem nestes locais, por estarem expostos aos riscos. A ordem continua sempre seguindo o Plano Nacional de Imunização, não pode fugir dele. A cada nova remessa que chega, a faixa etária incluída entre o público vacinado é ampliada. Foi iniciada nesta quarta-feira (11), a vacinação entre pessoas a partir de 75 anos. A logística de vacinação operada pela gestão estadual e municipal se apresenta bastante ágil, mas ainda depende da chegada das doses.