Cidades

Academias em Maceió usam a criatividade para se adaptar na pandemia

Número reduzido de pessoas e aulas online foram alternativas encontradas para manter funcionamento

Por Emanuelle Vanderlei com Tribuna Independente 10/03/2021 08h26
Academias em Maceió usam a criatividade para se adaptar na pandemia
Reprodução - Foto: Assessoria
Entre os setores afetados pela Covid-19, o ramo da atividade física tem sido um desafio. Academias têm buscado alternativas, se adaptando ao máximo as condições, para manter o funcionamento em todas as fases da pandemia. Academias e educadores físicos descobriram a modalidade online e têm conseguido bons resultados. De acordo com Eduardo Lobato, sócio da academia Fit Arena, todas as adequações estão sendo feitas para cumprir as determinações e manter o funcionamento. “Nesse momento estamos na fase laranja. Estamos funcionando com apenas 30% da nossa capacidade e não podemos ter aulas coletivas em ambientes fechados. Essas são as mudanças mais significativas”. Ele acredita que se trata de um setor que não poderia parar, pois ajuda a manter em dia a saúde da população. “Inúmeros estudos comprovam que a atividade física faz com que as taxas sanguíneas fiquem equilibradas, melhora a capacidade cardiorrespiratório, libera hormônios responsáveis pelo bem-estar e, algo muito importante no momento atual, ajuda a diminuir a ansiedade e previne a depressão”. Após o fechamento, em março de 2020, o serviço voltou a ser autorizado em agosto. Com isso, muitos alunos não se sentiram seguros. “Começamos com muitas pessoas receosas. Porém, após dois meses, muitos clientes verificaram que o ambiente é seguro e que a ausência do exercício é prejudicial no dia a dia do trabalho, no convívio com familiares e na hora do descanso. Estávamos mostrando as pessoas que somos essenciais para uma vida mais saudável de corpo e mente. Os clientes nos agradeceram por estarmos nas vidas deles nesse momento delicado para a sociedade”. A volta das restrições com a mudança para a fase laranja afeta uma parte do público. “Temos inúmeros alunos que praticam a ginástica coletiva. Tendo apenas a musculação como opção, muitos alunos desanimam e interrompem a prática de exercícios”. Mas a academia tem tentado suprir isso com uma versão adaptada, que foi adotada desde o início da pandemia. “Disponibilizamos aulas online. Assim as pessoas poderão cuidar da saúde dentro das suas próprias casas”. Com a crise, houve uma união das concorrentes. “Se teve algo positivo na pandemia, foi isso. Claro, sempre há exceção, porém a grande maioria das academias se uniram em prol de um só objetivo, promover saúde e cuidar de pessoas”. Adriana Ribeiro é professora universitária. Ela tem mantido o distanciamento social ao máximo, e garante que a atividade física tem sido fundamental. “Aqui em casa estou me protegendo o máximo possível, desse o início quando parou tudo priorizei trabalho”. Ela era constante na atividade física e parou. “Senti a diminuição da resistência física, engordei, pra mim foi complicado, tive medo até de sair na rua pra fazer caminhada. Sabia de muita gente adoecendo. Quando voltei em agosto, senti muita segurança, todos os protocolos foram seguidos. Sou a neurótica do álcool, e levei até agora, no presencial”. Com o decreto, ela voltou para as aulas online. “Vou focar em fazer as aulas de casa, e não deixar de fazer atividade física. Hoje fiz pela manhã, e a noite tem aula”. Compreensiva, ela defende os cuidados do momento. “É para nossa segurança, não estou chateada nem achando ruim, é o que dá pra fazer. Tem que lembrar dessa parte, fazer exercício, ter válvula de escape, cuidar do corpo”, justificou. “Não é a mesma coisa, ontem fiz aula sete horas, minha família estava jantando. Eu desliguei a câmera pra não afetar a vida dos outros, mas faço. A palavra é resiliência, esperar por esse momento pra fazer a nossa parte, se deus quiser com saúde, mental e física”. Consultoria online surgiu como alternativa para personal trainer   Para quem costuma buscar o serviço mais personalizado como o de personal trainer, o acompanhamento virtual foi uma alternativa que se fortaleceu muito desde o início da pandemia. A educadora física Jana Pedro trabalhou esse formato desde o início. “Muita gente me procurou desde o início. Eu coloquei na minha rede social que estava dando aula online. Fazia alguns treinos pra que as pessoas fossem conhecendo meu trabalho. Foram se identificando e entrando em contato comigo, considerando que são aulas seguras em suas próprias casas e eu realizo a aula da minha casa”, diz Jana Pedro. Segundo ela, os resultados são bastante satisfatórios. “Muita gente acredita que talvez não seja uma opção aulas online. É uma opção muito segura, muito eficaz e que preza a saúde tanto física como emocional. A pessoa se sente ativa, melhora sua autoestima, busca seus objetivos e metas movimentando o corpo e isso ajuda muito”. À distância, o atendimento tem muitas similaridades com o presencial. “Eu tiro dúvidas, oriento se estiver executando da forma errada. De longe a gente consegue também fazer todo esse movimento da aula e conseguir muitos bons resultados”. Muitos dos alunos que adotaram o online já trabalhavam com ela antes, mas surgiu também gente nova. “Uma de minhas alunas, a Marilia, eu só conheci depois de mais de sete meses que estava no online, em um aulão de confraternização que fiz na praia”. Outra vantagem foi o custo reduzido. “Eu optei por cobrar do aluno de forma diferente da presencial. Se eu cobrasse, hipoteticamente, R$ 600 a presencial, cobraria 350 online. Isso foi no início da pandemia. Até eu me acostumar com o trabalho à distância e o aluno entender como ia funcionar à distância”. Com quase um ano no formato, ela explica detalhadamente o funcionamento. “O trabalho é realizado em casa. Eu fico em casa, faço demonstração dos exercícios pros alunos e eles executam na casa deles, com os aparelhos que eles têm, coisas improvisadas como garrafas, colchonetes, saco de arroz de 1kg, cadeira, coisas que tem na casa dele. Através do que ele tem eu faço o treino. Dou aula durante em média 50 a 55 minutos que começa com alongamento, parte principal e finalização”. ESSENCIAIS Representando os profissionais de educação física, o Conselho Regional de Educação Física (CERF/19) informou através de suas redes sociais nesta terça-feira (9) que protocolou ofício na Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau), requerendo a permissão do funcionamento das academias e similares, bem como dos profissionais de Educação Física na fase vermelha do protocolo de Distanciamento Social Controlado do Governo do Estado. “Destacamos os dados do próprio Governo do Estado de Alagoas que corroboram com o pedido, bem como com base na ciência, demostrando o quanto somos essenciais”, diz a publicação. De acordo com o ofício, a atividade física reduz em 34% a chance de internação hospitalar. Também reforçou que de acordo com dados do próprio Governo de Alagoas, quando houve a reabertura de academias e estabelecimentos afins não houve aumento na taxa de contaminação por Covid-19.