Cidades

Rachaduras no Farol surgiram em 2018

Informação é de moradores do bairro; Defesa Civil de Maceió investiga fissuras em imóveis, mas não há prazo para laudo oficial

Por Texto: Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 11/09/2020 08h50
Rachaduras no Farol surgiram em 2018
Reprodução - Foto: Assessoria
A Defesa Civil de Maceió investiga o aparecimento de rachaduras em imóveis no bairro do Farol. De acordo com moradores da Rua Tenente Antônio Oliveira, as fissuras começaram ainda em 2018, mas que não chegaram a fazer associação ao afundamento que atinge Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto. Ainda segundo moradores, o processo tem se intensificado desde o início do ano. Ainda não há definição das causas. O processo de afundamento de solo dos bairros em Maceió é apontado pelo Serviço Geológico do Brasil como decorrente da extração de sal-gema. Vem afetando mais de 40 mil moradores. A situação de calamidade pública nos locais atingidos foi decretada no fim de 2018 e renovada por duas vezes, a última no primeiro semestre deste ano. Na quinta-feira (10), equipes da Defesa Civil de Maceió estiveram no local e vistoriaram sete imóveis, três deles foram avaliados a partir do chamado prévio de moradores. Segundo o órgão, os imóveis serão monitorados e uma nova visita deve ocorrer no próximo mês. Entretanto, não há prazo para emissão de laudo. “Tinham três casas agendadas, a Defesa Civil já tinha ido no mês passado e voltou. Lá no local outros moradores apontaram que tinham rachaduras. Os imóveis foram avaliados pela equipe e os moradores foram orientados a informar à Defesa Civil qualquer anormalidade. A Defesa Civil vai continuar o monitoramento. Podem voltar mês a mês, foram feitas marcações e os moradores foram orientados caso percebam evolução, informar para ser realizada uma revistoria. Não tem prazo para o laudo. O levantamento feito hoje [ontem] é uma investigação que depende do que vai sendo encontrado, do que vai sendo necessário de informações”, pontua o órgão. A casa dos avós de Vanessa Sabino foi uma das visitadas pela Defesa Civil. Os avós dela têm 90 anos e há mais de meio século vivem no local. “As rachaduras começaram a aparecer em 2018. A primeira foi na garagem, uma coisa bem simples que passava despercebido. Mas aí foi aumentando... O meu avô sempre foi muito zeloso com a casa, e percebemos por conta disso, que todo fim de ano ele sai ajeitando, vendo o que tem para fazer, então nós vimos que estava aparecendo e quando foi em maio agora, piorou. Foi aparecendo mais rachaduras e onde tinha está abrindo mais. A gente está temeroso porque meu avô mora ali há 51 anos, todo dinheiro que ele ganhou investiu na casa, tem um vínculo emocional muito grande”, conta. Vanessa diz ainda que os vizinhos tem relatado o aparecimento de rachaduras, mas ela acredita que várias casas da rua estejam na mesma situação. Agora, os moradores visitados aguardam uma definição do órgão. “Na primeira vez que minha prima entrou em contato com a Defesa Civil, eles foram em outubro/novembro do ano passado e ficaram de mandar um laudo, terminou que esse laudo nunca chegou. Aí entrei em contato novamente, no mês passado eles foram lá e pediram para ligar novamente para saber o resultado. Quando eu liguei, me informaram que não havia nada relacionado ao problema do Pinheiro e que era necessário chamar um técnico para fazer reparos. Só que foi informado aos vizinhos que caso houvesse rachaduras informassem porque tinha a ver. Aí essa semana eles ligaram informando uma nova vistoria e vieram. E nos disseram que dia 10 de outubro entrassem em contato novamente para uma nova vistoria”, detalha. Investigação dirá se há associação com a instabilidade de solo No imóvel de Ubirajara de Souza as rachaduras foram confundidas com dilatação do reboco. Segundo ele, o problema só foi identificado quando ao retirar o reboco, observaram que o tijolo também havia rachado. “Como a casa é de esquina, a gente achou que o problema estava no reboco, que estava caindo, então pensamos que quando fosse fazer uma reforma a gente consertaria, isso já tem uns dois anos. A gente estava aguardando, só que aí começou a piorar, e foi quando percebemos que realmente estava atingindo o tijolo. Quando eu vim morar na casa, há cinco anos eu reformei e não tinha nada de errado na casa”, destaca. O morador afirma que está preocupado, mas que ainda é cedo para dizer que a situação de seu imóvel está relacionada ao afundamento de solo, no entanto, diz acreditar que “tem algo de errado” nos imóveis. “A Defesa Civil tinha informado que era pra observar, saber dos vizinhos se havia algo diferente, mas aí começou a aparecer em boa parte das casas. E aí começamos a nos preocupar, ligamos para a Defesa Civil para ela olhar. E agora eles vieram fazer uma nova análise. Eles dizem que temos que esperar um pouco, que vão avaliar o solo. Mas não tem nada definido ainda não. Eles nos disseram que vão fazer um relatório. Eu não sei se tem relação com o Pinheiro, mas tem algo errado com o solo e não é só na minha casa, em outras casas também, que tem coisa errada tem”, pontua o morador. A investigação deve servir para determinar se o fenômeno no bairro do Farol está relacionado com a situação nos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto. “A intenção desses levantamentos é investigar se o fenômeno está se estendendo para outras áreas. Investigar se as fissuras e fraturas identificadas estão associadas à instabilidade de solo que afeta os bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto ou não”, explica o geólogo do Centro Integrado de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cimadec), Antonioni Guerrer.