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Alagoas: mais de 45% dos pedidos de auxílio-doença são negados no INSS

Excesso de pedidos indeferidos é denunciado pela CUT e Contag, que estão mobilizadas em todo país contra o problema

Por Texto: Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 04/09/2020 09h31
Alagoas: mais de 45% dos pedidos de auxílio-doença são negados no INSS
Reprodução - Foto: Assessoria
Entidades representativas como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) estão mobilizadas para questionar a concessão de benefícios do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) em todo o país. Segundo a CUT, em Alagoas a média é de 45% de negativas nos benefícios. “A nível nacional já são mais de 45% de benefícios negados pelo INSS e em alguns estados os pedidos de auxílio-doença já estão em 90% de negativas. Em Alagoas temos mais de 45% de índice de indeferimento”, afirma Rilda Alves, presidente da CUT em Alagoas. Rilda afirma que as entidades vêm se mobilizando para chamar a atenção da sociedade ao problema. “Essa mobilização está sendo puxada pela Contag, as federações dos estados e as associações de trabalhadores rurais e a entidades parceiras. A nível nacional a gente está pegando a Semana do dia D, até sexta-feira. Essa mobilização vem acontecendo de forma online, em lives, spots, denunciando a questão dos indeferimentos do INSS, principalmente em relação aos benefícios de auxílio-doença. O auxílio-doença é quem tem tido um número maior de indeferimentos e isso é inadmissível, principalmente num momento como este de pandemia, para chamar a atenção da população e chamar à responsabilidade o INSS e o Governo Federal”, diz. Segundo o INSS, de janeiro até agora 42.159 pedidos de benefícios foram indeferidos. Em todo o ano passado, o número passou de 84 mil. Os principais motivos de negativas, segundo o órgão são “Parecer Contrário Perícia Medica; Falta de Período de Carência  ou não Comprovação da Atividade Rural; Perda da Qualidade do Segurado; Falta de Tempo de Contribuição; não Comparecimento ao Exame Médico Perícia; Falta de Comprovação Como Segurado(A); não Apresentação ou Conformação dos Dados Contidos no Atestado Médico (Exclusivo do período da pandemia - Antecipação do auxílio doença)”. Trabalhadores rurais são dos mais afetados O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) Givaldo Teles destaca que os trabalhadores rurais vêm enfrentando uma série de problemas desde os pedidos de benefício até a resposta do Instituto. “Perícia médica está uma tristeza para os agricultores, para os trabalhadores em geral. É um descaso total. Desde o governo Temer que isso vem sendo muito difícil. Não é em virtude da pandemia que a situação está assim, em todo o país são mais de 2 milhões de benefícios em análise, travados, sem resposta. Outro ponto é como um benefício é pedido para um agricultor de Alagoas e quem analisa é um funcionário do Rio Grande do Sul, a plataforma joga para outro estado, é muito benefício represado, sem análise, indeferido, sem acesso a perícia, é muito triste a situação”. A expectativa segundo o representante da Fetag é que a discussão do assunto entre parlamentares no Congresso Nacional impulsione o debate e possibilite uma resolução para o problema. “A Contag vem com essa proposta de denunciar essa situação, fizemos uma live nacional e agora vamos debater com o parlamento. Essa audiência pública vai ter espaço para mil pessoas para discutir o tema, Alagoas estará com 30 participantes, ainda não temos o apoio da bancada federal, mandamos e-mail, fizemos contato, mas não tivemos retorno e a expectativa é que esse debate  a nível federal traga resultados”, enfatiza. Os prejuízos, segundo Rilda Alves se estendem para a economia local, principalmente no interior do estado. “Os trabalhadores dão entrada porque precisam, às vezes demora quatro meses, seis meses, e quando sai é negado. O INSS exige documentações que não são necessárias, indeferem e as pessoas ficam numa situação extremamente complicada, porque dependem desses auxílios para o sustento. A maior parte desses benefícios está relacionada ao sustento familiar. Muitos municípios do interior sobrevivem hoje da circulação de aposentadorias, benefícios, então prejudica também a economia local”.