Cidades

Encostas: remoção de moradores do Mutange será feita de uma vez só

Segundo Prefeitura de Maceió, 1.240 famílias serão encaminhadas diretamente a novas moradias, sem necessidade de aluguel social

Por Tribuna Independente 23/11/2019 11h46
Encostas: remoção de moradores do Mutange será feita de uma vez só
Reprodução - Foto: Assessoria
A remoção de moradores das encostas no Mutange e Jardim Alagoas, incluídas nas zonas de risco geológico, será feita de uma vez só e diretamente para as novas moradias. A informação é do secretário municipal de Governo de Maceió, Eduardo Canuto. Segundo ele, dificuldades como a falta de documentações e a necessidade de fianças para o aluguel de imóveis dificultaram a remoção como havia sido previsto. “O plano de evacuação nosso já está ficando pronto. Demoramos alguns dias a mais porque antes tínhamos atendimento de 740 e o restante aluguel social, mas eles não definiram para onde iriam, ficava complicado tirar mais de 600 pessoas esse aluguel social sem saber para onde iriam. Diferentemente do Pinheiro que as pessoas tinham estrutura para alugar, já o pessoal da encosta tem essa vulnerabilidade, foi mais difícil por falta de documento”, explicou o secretário. Inicialmente, a Prefeitura havia informado que apenas uma parte das famílias (740) seriam transferidas para moradias populares nos bairros do Benedito Bentes e Rio Novo. As demais iriam para imóveis no sistema de aluguel social. Agora, a informação é de que todas as 1.240 famílias sairão para moradias definitivas. “Nós conseguimos o preenchimento imediato das unidades atendendo 100% da encosta.  Nós estamos terminando o plano de evacuação, devemos fazer a apresentação na próxima semana para os órgãos de apoio e pedir ao MPF a liberação das 1.240 unidades habitacionais”, comentou. Apesar de a Braskem anunciar a desocupação de 400 imóveis na região do Mutange. Eduardo Canuto afirma que a programação da Prefeitura não sofrerá impactos. Segundo ele, as áreas são distintas. “Não muda nada. Pelo contrário, o jurídico da Prefeitura e da Braskem está discutindo o termo de cooperação 2. Vamos fazer algumas arguições para fazer o resguardo das áreas com segurança”, resumiu Canuto. De acordo com o secretário de Governo, as tratativas seguem na próxima semana. “No dia 27 nós teremos uma reunião com Defesa Civil Nacional, CPRM [Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais], ANM [Agência Nacional de Mineração] para tratar essas atuações como também o Plano de Ação Integrada”, disse Canuto. Enquanto os tramites legais seguem, o líder comunitário do Mutange, Arnaldo Manoel reclama da indefinição quanto a situação dos moradores. Segundo ele, não há diálogo. “Está tudo indefinido. Ninguém sabe de nada, esse diálogo da Prefeitura com a comunidade, isso não existe”, critica. Supostos tremores assustam moradores do bairro Os tremores sentidos por moradores do Mutange na última quinta-feira (21) causaram preocupação. Segundo relatos do líder comunitário da região, Arnaldo Manoel, algumas casas apresentaram rachaduras após uma suposta sequência de três sismos. A Defesa Civil de Maceió nega a ocorrência do evento. “Ontem foram três temores, o primeiro foi sentido umas 20h. Eu não sei qual horário que aconteceu o último. Não sei o que aconteceu, estamos sem informações. Vamos fazer uma reunião hoje [ontem] à noite para tomar uma decisão, fazer uma mobilização. Não aguentamos mais essa situação”, detalha o morador. A Defesa Civil descarta a possibilidade do sismo. Segundo o órgão, nenhuma atividade atípica foi detectada pelos sensores instalados na capital. “A Defesa Civil informa que não há registro de acionamento ou de tremor de terra no sistema de Differential Global Positioning System (DGPS) que monitoram a movimentação do solo na região”, afirma o órgão. O morador afirma que no fim da noite de quinta-feira três tremores foram percebidos pela população. A atividade tem sido atribuída por eles aos trabalhos da Braskem as margens da Lagoa Mundaú. “O pessoal ficou amedrontado com o que aconteceu. Houve um abalo, o pessoal foi para a rua. Alguns moradores foram até o portão do CSA onde está instalado o sonar e mandaram parar. A Braskem vai para a televisão dizer que foi um equipamento que caiu, aqueles tubos, que foi um pequeno problema. A gente já está aqui numa situação deplorável. E ainda acontece algo dessa forma? Depois dessa situação tem morador dizendo que rachou a casa. Se a gente chamar a Defesa Civil ela não vem. A Defesa Civil não está para diálogo”, diz Arnaldo. Procurada para comentar o caso, a Braskem informou que não há atividade de extração de sal-gema na região do Pinheiro, Mutange e Bebedouro e segue realizando o estudo de sonar em poços da região. “Sobre o barulho ouvido por alguns moradores em uma localidade do Mutange, próxima à região onde está sendo feito sonar, na noite de ontem (21/11) [quinta-feira], informamos que se trata da utilização pontual de ferramentas de manutenção de poço que vêm sendo utilizadas nos estudos de sonar. A Braskem informa também que estas atividades são monitoradas e não houve alteração relevante nos dados de monitoramento.”