Cidades

Mestra Dadá é exemplo de amor às tradições culturais

Aos 92 anos, artista participa de projeto que fortalece manifestações folclóricas e história local no ensino a crianças em Pão de Açúcar

Por Davi Salsa com Tribuna Independente 29/10/2019 08h56
Mestra Dadá é exemplo de amor às tradições culturais
Reprodução - Foto: Assessoria
Transmitir o conhecimento popular para as novas gerações. Esse tem sido o lema da vida de Lindaura Alves da Silva, a Mestra Dadá de Meirus, na cidade de Pão de Açúcar, no Sertão de Alagoas. Católica e devota do Padre Cícero Romão Batista, Mestra Dadá nasceu no dia 1º de junho de 1927, no Povoado Meirus, onde desde criança acompanhou  as apresentações dos grupos folclóricos locais. Nessa época, o cangaceiro Lampião e seu bando invadiram o povoado. A pequena Lindaura ouviu a narrativa de seus pais e até hoje repassa o acontecimento com riqueza de detalhes para as crianças e adultos. Cantora de modinhas, apresentadora de pastoril, das Rampeiras e da Chaleirinha de Meirus, por muitos anos, também costurou as roupas dos integrantes dos grupos folclóricos em Pão de Açúcar, sua terra natal. Ao lado do primo, o artesão, poeta e repentista José Roberto da Silva, o Beto de Meirus, Mestra Dadá mantém viva, até hoje, as tradições artistas e culturais de Pão de Açúcar. No ano de 2012, foi homenageada pelo governo estadual, com o título de “Patrimônio Vivo de Alagoas”. Mesmo depois da homenagem, ela continuou a ensaiar e a transmitir seus conhecimentos para as novas gerações. Mestra Dadá e seu bloco Chaleirinha fazem parte da única manifestação folclórica do gênero em Alagoas. O grupo reúne 20 meninas, com idade entre dez e 15 anos, que fazem apresentações em eventos sociais e nas festas mais importantes em Pão de Açúcar. “Estou muito feliz com tudo isso e vou seguir fazendo o que gosto, através do amor e paixão pela nossa cultura”, afirmou. Por conta de toda essa experiência de vida e legado cultural, a artista popular foi convidada pela secretária municipal de Educação, Ana Valéria Peixoto, para participar do projeto “O mestre vai à escola”. Iniciado no ano de 2018, o projeto tem como base a Pedagogia Griô, que propõe o diálogo entre a tradição oral e a educação formal, colocando a identidade da cultura local sempre em evidência. Segundo o coordenador-pedagógico da Secretaria de Educação de Pão de Açúcar, professor José Clebson, o município possui uma rica tradição cultural, com mestres de notório saber na música, dança, reisado, pastoril, entre outras manifestações populares. A Mestra Dadá e outros artistas dos territórios locais atuam como monitores no projeto, que funciona no contraturno dos alunos do ensino fundamental de escolas da rede pública. “Realizamos a formação com os diretores, professores e estamos levando os mestres para repassar seus conhecimentos para os alunos”, explica o coordenador, acrescentando que as comunidades quilombolas estão sendo incluídas no projeto.