Cidades

"Aumenta sensação de insegurança no Pinheiro”

Segundo movimento, casos de violência cresceram após a saída de moradores, mas SSP diz que policiamento na região é constante

Por Lucas França com Tribuna Independente 26/10/2019 10h36
'Aumenta sensação de insegurança no Pinheiro”
Reprodução - Foto: Assessoria
Apesar de não se ter dados estatísticos oficiais da Secretaria de Segurança Pública (SSP/AL) quanto ao aumento da criminalidade no bairro do Pinheiro, lideranças comunitárias afirmam que após a saída de parte dos moradores da área de risco, a sensação de insegurança na região aumentou e os casos de violência também. “Tem sim havido aumento dos casos de violência no Pinheiro, porém como não temos o hábito de fazer o BO [Boletim de Ocorrência] não aparecem nas estatísticas. Estamos conversando com o Governo do Estado desde fevereiro, mas com pouquíssimos avanços efetivos em relação às pautas que apresentamos e discutimos. O governo tem sido muito lento em tudo que diz respeito aos bairros afetados. A política de atenção tem sido demasiadamente restritiva’’, comenta Geraldo Vasconcelos, do SOS Pinheiro. Vasconcelos conta que a segurança para os moradores que continuam no bairro e para as pessoas que precisam trafegar foi cobrada. “Já solicitamos, com a Segurança Pública, mas a situação não tem sido nada diferente. Tínhamos que ter o Ronda no Bairro, mas não temos. A única pauta que conseguimos avançar foi quanto à remissão e isenção do ICMS para as empresas enquadradas no Simples Nacional, ainda assim não publicaram o decreto’’. A reportagem da Tribuna Independente entrou em contato com a SSP para saber se há um registro de crimes cometidos no bairro, se era possível afirmar que houve aumento na criminalidade, mas a assessoria de comunicação informou que o núcleo de estatísticas não registra as ações por bairros. E ressaltou que o policiamento na região foi reforçado desde o aparecimento das rachaduras que gerou a saída dos moradores. No entanto, de acordo com Geraldo, a única coisa que foi feita em relação ao pedido, foi à ampliação de passagens de viaturas pelo bairro. O que, para ele, não representa efetividade ao combate à violência. “Quase toda semana temos arrombamentos, assaltos, roubos, etc. É lamentável que diante de uma situação de calamidade a estrutura do Governo responda com tão baixo nível de efetividade”, reclama dizendo que soube que a ronda não é efetiva, passa poucas vezes. “Eles estão usando a estratégia seguinte: Quando há um fato (assaltos, arrombamentos, etc.) que gera mídia, imediatamente a frequência de rondas aumentam. Passado o efeito reduzem novamente. Não há consistência alguma nos serviços’’, pontua Vasconcelos. Sebastião Vasconcelos, líder comunitário do Pinheiro, acredita que a sensação de insegurança é justamente pela falta de movimento de moradores. “Se existe um número grande de residências fechadas, se passar a noite por lá é possível notar o quanto está perigoso passar por conta da falta de movimentação e a escuridão das ruas. Ou seja, para um ‘malandro’ ele vai quebrar a porta de apartamentos, invadir, roubar, quebrar, e por coincidência estes dias a polícia conseguiu deter um cidadão dentro de um apartamento desses com droga. Não sei se os suspeitos pegos pela polícia na ação eram invasores ou tinham locado a residência de algum familiar e usavam como ponto de tráfico”, ressalta Sebastião. “Sensação é tremenda e falta de policiamento contribui’’ “Falta de movimento de pessoas em várias ruas do bairro incentivaram a ida de vândalos para o local, após às 20h30 é impossível passar por algumas áreas sem se sentir inseguro. A sensação de insegurança é tremenda e a falta de policiamento contribui para a situação’’, conta Sebastião Vasconcelos. APREENSÃO Coincidência ou não, com os relatos de moradores e líderes comunitários sobre o aumento da criminalidade no bairro do Pinheiro, em menos de 20 dias duas ações da polícia resultou em apreensão de grande quantidade de drogas. A primeira operação integrada da SSP/AL realizada no dia 8 de outubro no bairro resultou na prisão de um homem e apreensão de 251kg de maconha. Os trabalhos de investigação para se chegar as drogas e ao suspeito começaram há cerca de dois meses. Segundo o delegado Gustavo Henrique, titular da Delegacia de Narcóticos (DNARC), José Joaquim Ferreira Neto, de 26 anos, trabalhava disfarçado como motorista de aplicativo, para fazer entregas de entorpecentes para dois reeducandos do Sistema Prisional, e alugou uma residência no Pinheiro, que servia como depósito de drogas. O material estava avaliado em R$ 300 mil, veio do estado de Sergipe e seria distribuída nos bairros do Benedito Bentes, Clima Bom e Santos Dumont. José Joaquim já respondeu processo pelo crime de homicídio. Outra ação do DNARC/AL, comandados pelo delegado Gustavo Henrique, apreendeu na última terça-feira (22) seis quilos de maconha em um apartamento, localizado no bloco 6, do conjunto residencial Divaldo Suruagy, também no bairro Pinheiro. O dono da maconha, Igor Mendes Accioly, conseguiu fugir pela varanda do apartamento quando os policiais chegaram ao local, mas apresentou-se depois à delegacia. Policiais da DNARC continuam com as investigações para combater o tráfico na localidade.