Cidades

Mergulhadores vão avaliar condições dos corais em Alagoas

Primeiros mergulhos coordenados por pesquisadores da Ufal ocorrem neste fim de semana nos Litorais Sul e Norte

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 26/10/2019 08h32
Mergulhadores vão avaliar condições dos corais em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Mais de um mês após a chegada das primeiras manchas de óleo na costa alagoana a atenção agora começa a se voltar para as condições dos arrecifes e corais. Mergulhos em determinado pontos dos Litorais Sul e Norte são o “ponto de partida” para identificar se há dano e mensurar os prejuízos. No estado de Pernambuco, pesquisas identificaram a presença de óleo em corais. Aqui em Alagoas, uma força-tarefa de pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) deve começar essa avaliação e identificar os impactos do derrame de óleo no litoral alagoano. Uma das primeiras ações, segundo o professor Emerson Soares, será um mergulho nos corais de Ipioca e Paripueira, previsto para ocorrer neste sábado (26) e domingo (27). “A Ufal criou uma força-tarefa para pesquisas sobre o óleo, estou na coordenação oficialmente e vamos percorrer todo o litoral com uma equipe de investigadores para coletas de material. Percorreremos todo o litoral”, diz o professor. Emerson Soares já realizou no ano passado uma expedição no Rio São Francisco e agora se prepara para coordenar o trabalho de pesquisa dos impactos do derrame de óleo em alagoas. Na avaliação dele, o caso é gravíssimo e as consequências são imensuráveis. “Por isso que a gente costuma dizer que o desastre é imensurável, porque não se tem ideia da quantidade de danos. Esse óleo afunda, vem um pouco mais abaixo, mas com o tempo ele vai ficando mais difícil, ele vai enrijecendo, e onde ele se fixa com o tempo vai endurecendo e vai ficando mais difícil de tirar, porque ele desce, penetra mais no fundo, vai liberando produtos tóxicos e é difícil de ser degradado porque vai enrijecendo. Como ele é muito tóxico ele vai matando os animais, se ele bate no coral ele mata o coral porque o coral não consegue respirar. Onde ele chega, ele vai matando. E não podemos esquecer que ele vem de um longo percurso no mar, vem se espalhando e vai liberando as toxinas, por onde ele vai passando. O rastro que ele vai deixando é de destruição. Vai matando larva de camarão, de molusco, de peixe”, destaca o professor. [caption id="attachment_335845" align="aligncenter" width="300"] Professor Emerson Soares destaca que caso das manchas de óleo é gravíssimo e consequências são imensuráveis (Foto: Edilson Omena)[/caption] Já no Litoral Sul do estado, mais precisamente no município de Coruripe, o também professor e pesquisador da Ufal Cláudio Sampaio vai capitanear a pesquisa nos corais da região. O trabalho contará com a participação de alunos do campus Penedo e terá início neste fim de semana. O mergulho é realizado em parceria com o Instituto do Meio Ambiente (IMA). De acordo com o coordenador de Gerenciamento Costeiro do IMA, Ricardo César, neste momento - em que a criticidade da situação das manchas na praia foi “controlada” -, a atenção se volta para outros aspectos, como os estuários e corais de vital importância para a vida marinha e os ecossistemas relacionados. “Temos uma programação já confirmada em Coruripe. O professor Claudio Sampaio do campus da Ufal em Coruripe junto com os alunos da parte de biologia marinha vão realizar mergulhos nos corais de Coruripe e nos principais recifes que são utilizados para pesca e o turismo. Porque há suspeita dos munícipes que possa ter óleo nessa área e como é uma área de atração turística e pesca, e tivemos em Pernambuco recifes com acúmulo de óleo. Amanhã [hoje] a Universidade irá ver isso”, destaca o coordenador. Em algumas praias da capital como a Praia de Pajuçara e Ponta Verde, os mergulhos têm sido feitos em parceira com uma empresa especializada. Segundo o IMA, nenhum indício de presença de óleo foi detectado nos corais, tampouco nos naufrágios da região. Na Praia do Francês, em Marechal Deodoro, os mergulhos serão realizados pelo Corpo de Bombeiros. “Em Maceió a gente tem o apoio de uma empresa de mergulho que faz mergulhos turísticos para monitorar. Aonde eles praticamente vão todos os dias e os naufrágios. Estamos buscando parcerias para unir os esforços para obter mais resultados. A gente está compartilhando isso, o pessoal filmando, fazendo fotos para a gente monitorar os recifes já que a parte de praia já tem força-tarefa, os estuários também. Agora vamos trabalhar com os arrecifes e corais. Já trabalhamos na Pajuçara e Ponta Verde toda essa parte de arrecifes, monitorado”, pontua. Mais de mil toneladas de resíduos contaminados em 40 áreas de praias Segundo informações do Grupo Técnico de Acompanhamento (GTA), já foram recolhidas 1.051,96 toneladas de resíduos das praias alagoanas até o fim da sexta-feira (25). Alagoas concentra um total de 40 áreas afetadas desde o surgimento das primeiras manchas no início de setembro. Ainda de acordo com o IMA, algumas partículas surgiram nas praias de Pajuçara e Guaxuma na capital e foram retiradas pela Prefeitura de Maceió. Nos municípios de Feliz Deserto, Piaçabuçu, Coruripe e Barra de São Miguel no Litoral Sul; Japaratinga e Maragogi no Litoral Norte as ações de limpeza continuam. O relatório de balneabilidade do IMA aponta que cinco áreas são considerados impróprias para banho. No entanto a classificação não considera ainda a possível presença de resíduos do óleo. Na próxima semana, o IMA irá recolher amostras da água nas praias de Maragogi e Japaratinga para verificar a presença de óleos e graxos. “Na próxima terça-feira (29) o Laboratório de Estudos Ambientais do IMA faz coleta de amostras de água do mar, em Maragogi e Japaratinga, para verificar a presença de óleos e graxos”, informou o Instituto.