Cidades

Trabalhadores da Equatorial voltam a protestar por demissões em massa na empresa

Vice-presidente dos Urbanitários, Dafne Orion, relata o temor pela saúde emocional e acidentes de trabalho com morte por terceirizados inexperientes

Por Thayanne Magalhães 30/08/2019 09h37
Trabalhadores da Equatorial voltam a protestar por demissões em massa na empresa
Reprodução - Foto: Assessoria
O pesadelo de entrar para a estatística crescente do número de desempregados no Brasil tem tirado a paz dos trabalhadores da Equatorial Energia em Alagoas, a antiga CEAL, privatizada no ano passado. Para protestar contra a situação, o Sindicato dos Urbanitários de Alagoas reuniu na manhã desta sexta-feira (30) dezenas de funcionários em frente à sede da empresa em Maceió para reivindicar o fim da demissão em massa. A vice-presidente dos Urbanitários, Dafne Orion, relata que já ocorreram cerca de 500 desligamentos desde o início da nova gestão. “Houve 300 desligamentos voluntários, que eram trabalhadores aposentados e perto de se aposentar. Ou eles se desligavam ou eram demitidos de toda forma. E as demissões sem justa causa já chegam a 200”, afirmou. A maior preocupação do Sindicato é com a saúde e os riscos que os trabalhadores que estão atuando em campo estão correndo. “Os trabalhadores que continuam atuando trabalham sob tensão, com receio de sair à campo, e na volta ser demitido. Ninguém mais tem estabilidade e isso afeta a saúde emocional dos trabalhadores. Por outro lado, os terceirizados que estão sendo contratados como eletricistas não possuem experiência e trabalhar com energia elétrica é um risco muito grande. Tememos por mortes em acidentes de trabalho”, ressaltou Dafne Orion. [caption id="attachment_324069" align="alignright" width="289"] Dafne Orion relata a preocupação com a saúde emocional dos servidores em risco de demissão (Foto: Sandro Lima)[/caption] A vice-presidente afirma ainda que os terceirizados, além de não terem experiência para atuar em campo, ainda são pressionados a bater metas. “O que são as metas? É quando a empresa manda a equipe sair para realizar 35 cortes de energia, e a equipe só pode voltar para a empresa depois de realizar os 35 cortes. Caso contrário, pode sofrer retaliação. Quando questionamos o porquê de substituir servidores experientes por terceirizados, eles alegam que a empresa não tem quadro de eletricistas, que são os profissionais mais importantes para uma empresa de energia”. Nestor Powell, presidente do Sindicato dos Urbanitários, afirmou que a substituição de trabalhadores experientes por terceirizados têm refletido na qualidade do serviço presdtado pela Equatorial. “São pessoas concursadas e qualificadas sendo substituídas por terceirizadas. Isso já está sendo refletido na qualidade do serviço. A população já percebe isso. Não acreditamos que com diminuição de quadro, a qualidade do serviço irá melhorar. Isso é incompatível. O discurso não casa com a prática”, afirma. “Estamos tentando colocar para a empresa que queremos sentar com ela e discutir uma reestruturação sem demissões”, completa Nestor Powell. Ainda de acordo com o presidente do Sindicato dos Urbanitários, a cláusula do acordo coletivo da categoria que vetava as demissões em massa foi retirada das negociações. “Com a reforma trabalhista, que flexibilizou tudo, o a cláusula do acordo coletivo que não permitia demissões em massa foi retirada na última negociação. Justamente para isso, ter a liberdade para diminuir o quadro”, relata Nestor Powell. Em contato com a Equatorial, o Portal Tribuna Hoje recebeu nota. Leia na íntegra: Nota de esclarecimento A Equatorial Energia Alagoas esclarece que a empresa foi privatizada recentemente, herdando uma dívida de mais de R$ 1.8 bilhões de reais, com sucessivos prejuízos e uma prestação de serviço precária. Neste momento, a distribuidora encontra-se em processo de reestruturação. A empresa realizou o Programa de Demissão Voluntária, onde os que julgaram ser o momento, aderiram ao PDV. O quadro de colaboradores da distribuidora está sendo adequado ao modelo de gestão do Grupo Equatorial Energia. A concessionária mantém relacionamento institucional respeitoso com todos os órgãos de representação de classe, entidades públicas e poderes constituídos, prezando pela observância da legislação trabalhista. A Companhia ainda ratifica o compromisso da empresa com o estado e já apresentou o plano de investimentos da companhia até 2020, onde busca a melhoria no fornecimento de energia elétrica e atendimento, para satisfação dos clientes.