Cidades

Hoje é Dia do Orgasmo, mas tema ainda é tabu

As mulheres, muito mais que os homens, foram ensinadas a não conhecer o próprio corpo e são mais reprimidas

Por Editoria de Cidades com Tribuna Independente 31/07/2019 10h00
Hoje é Dia do Orgasmo, mas tema ainda é tabu
Reprodução - Foto: Assessoria
Hoje, 31 de julho é o Dia Mundial do Orgasmo, o momento de maior prazer sexual que uma pessoa tem durante o sexo, ou ainda durante a masturbação. Ele pode ser experimentado por qualquer pessoa, e dura apenas alguns segundos. Mas, o tema ainda é tabu para muita gente, seja em roda de conversa entre amigos e até entre os casais. A data foi criada por donos de sex shops na Inglaterra em 1999. Os estabelecimentos realizaram pesquisas com o público, onde foi revelado que 80% das mulheres inglesas não atingem o clímax durante o sexo. A reportagem da Tribuna Independente conversou com especialistas que ressaltam o tema como um tabu mesmo nos dias de hoje. Para a jornalista, educadora em sexualidade, acadêmica de Psicologia, estudante de Terapia Sexual e Sexualidade Tântrica, Laylla Brandão, as mulheres muito mais que os homens foram ensinadas a não conhecer. “Ainda convivemos em uma sociedade muito machista - não machista na ideia de que as mulheres não podem nada, mas, fomos criadas dentro desse ciclo de culturas  onde fomos ensinadas a não se conhecer, então, a gente não sabe onde fica no nosso ponto G, o que nos excita, e normalmente deixamos na mão do parceiro. Mas, eles não conhecem o corpo feminino, o sexo feminino, porque é de fato complexo. Se não sabemos, se não nos conhecemos, não é  o parceiro que vai. Isso para as mulheres é um tabu porque não é vivenciado. Já para os homens, o orgasmo é coisa sutil e fútil ao mesmo tempo – porque os homens se masturbam com facilidade e sempre acham que a finalização do orgasmo é a masturbação e a ejaculação, o que nem sempre é”, ressalta a sexóloga lembrando que os tabus acontecem justamente pela história da sociedade machista, “mas vem  acontecendo mudanças com as revoluções femininas”. A sexóloga comenta que apimentar a relação com produtos e outros elementos podem ajudar a relação. “O sexo pelo sexo, ou pela penetração por si só não vai trazer o orgasmo, se pensam assim estão enganados. Não existe para mulher o orgasmo por conta apenas da penetração, ele sempre vai ser clitoridiano, a penetração estimula. Os orgasmos acontecem com ou sem penetração. São várias possibilidades. Ele pode chegar apenas com o toque das mãos no corpo, podemos sentir orgasmos até por trás da orelha, por exemplo”, diz acrescentando que os produtos eróticos ajudam, apimentam, inovam e traz muitas sensações “que podem nos trazer novos caminhos para chegar ao ápice do prazer”, diz a especialista. Clímax tem função terapêutica que traz equilíbrio, diz psicólogo Para muitos casais uma terapia sexual pode ser interessante segundo a sexóloga, porque ajuda ao casal a fazer descoberta para o corpo e chegar aos novos caminhos para o orgasmo. “Ele é o pico do prazer, no caminhar que é o movimento sexual, não só com a penetração, mas também com a masturbação – que é o treino essencial para que o orgasmo aconteça. É o momento que temos com a gente mesmo, com o nosso corpo de autoconhecimento sexual. Não é obrigação do parceiro ou parceira ofertar o orgasmo a você. Cada um tem que ensinar sua parceria sobre o seu corpo”, esclarece. Ainda de acordo com Laylla, todo mundo consegue chegar ao orgasmo. “Todas as pessoas têm capacidade fisiológica para chegar ao orgasmo. Menos as mulheres anorgasmicas – tem dificuldades fisiológicas e psicológicas. A idade não influencia. É de se esperar que quanto mais velha a pessoa for, mais experiente ela fique e mais tenha o autoconhecimento sexual, sendo mais fácil, porém não é regra”. Laylla explica ainda que a camisinha não afeta em nada a chegar o orgasmo. “O que acontece é que algumas camisinhas podem diminuir um pouco a sensibilidade, principalmente do pênis, mas mesmo assim ele consegue chegar ao orgasmo”, afirmando que não existe a história de quem demora mais, tanto o homem quanto a mulher pode chegar dependendo da sua entrega emocional - “não dá para fazer sexo pensando no trabalho, por exemplo”. “O ser humano é um ser de desejo. Desde que nascemos desejamos. No desejar vem à sexualidade, sendo uma das coisas mais importantes. Algumas pessoas colocam o orgasmo como uma meta, é como sabemos, meta às vezes é difícil atingir, então acabamos reduzindo a relação sexual por estatísticas, de como se chega ou chegou, quantas vezes etc. Não devemos procurar o orgasmo na vontade dos outros, no relato ou nas imagens romantizadas da mídia. O prazer tem que ser vivido, experimentado e descoberto, é um autoconhecimento. Falar de sexo ainda é um tabu infelizmente, imagine falar de orgasmos. O orgasmo vai de momento em que o prazer da excitação sexual atinge o máximo de intensidade. Então, o sexo e o orgasmo têm uma função terapêutica que é algo que nos equilibra, restabelece e relaxa”, avalia o psicólogo Carlos Gonçalves. Repressão feminina dificulta entrega ao prazer sexual Para o especialista, a dificuldade de chegar até o orgasmo está relacionado a fato determinado pela história principalmente de repressão feminina. “Ou seja, as mulheres sofreram muito com essa cobrança de encontrar o ponto G. O sexo é  também dito dentro de algumas culturas e religiões como algo pecaminoso. Falar sobre isto é algo que encontramos em poucas famílias, pais e mães falando abertamente com os filhos entrando na adolescência. A gente houve mais falar da questão da masturbação masculina, bem mais que as meninas que acabam escondendo isso. Já que estamos falando do tema é preciso que homens e mulheres  conheçam melhor seu corpo, se descobriram, pois quem sabe a parte mais sensível do corpo vai facilitar o encontro com a outra pessoa”, lembra. Ele comenta ainda que muitas vezes, o ser humano quer encontrar o orgasmo em outra pessoa, “porém a gente que vai permitir que esse segundos de prazer deixe a vida sexual mais prazerosa. Apesar das mudanças ainda encontramos pessoas que nunca se tocaram”. MOTÉIS Para os casais que querem mudar a rotina e sair de casa e aproveitar essa data, apesar de não ter programação específica para o Dia do Orgasmo, alguns motéis da capital alagoana estão com preços promocionais por período. Os valores para uma hora de puro prazer  variam  em média R$ 28 a R$ 50. SEX SHOP Como o psicólogo e a sexóloga afirmam que fugir da rotina pode ser bom, além de comemorar a em um motel, por exemplo, outra opção para fugir da rotina e buscar o prazer é  apimentar a relação com o auxílio de alguns produtos  eróticos como os géis excitantes, prótese genitais, vibradores, lubrificantes e as famosas fantasias, entre outros. Atualmente os sex shops tem uma variedade para gostos e bolsos. Keliane Costa, vendedora de um sex shop no Centro de Maceió disse que as pessoas estão menos retraídas e usando mais os produtos. “Mulheres, homens, o casal, enfim, todos buscam melhorar a relação. E os produtos ajudam a sair da rotina. Aqui, por exemplo, existe uma variedade. Com preços que variam de R$ 8 a R$ 160”, informa.