Cidades

Comidas típicas garantem renda e mantêm tradição

Bom para quem compra e aos que vendem, preparação dos quitutes juninos está a pleno vapor desde o início de maio

Por Tribuna Independente com Evellyn Pimentel 08/06/2019 13h52
Comidas típicas garantem renda e mantêm tradição
Reprodução - Foto: Assessoria
Pamonha, canjica, mungunzá. Milho assado, cozido ou num bolo quentinho. Os quitutes além de manter a tradição, são fonte de renda e basta falar de algum deles que fica fácil descobrir em qual período do ano estamos. Apesar de oficialmente as festas Juninas começarem na quarta-feira (13), no dia de Santo Antônio, a preparação começa bem antes, e há muitos espaços em Maceió que já estão com tudo pronto desde o início de maio. De acordo com a chefe coordenadora de um curso de Gastronomia, Tina Purcell, o período junino é marcado pela tradição e pelo destaque da culinária regional, tais fatores, são importantes para a comercialização dos quitutes. “É uma época, que diante do momento econômico que o país está vivendo, garante um ganho a mais. Não só com os pratos já tradicionais, como pé-de-moleque, canjica, mungunzá, bolos tradicionais. Gerando emprego, você gera renda, e gerando renda você gera emprego. É uma época muito boa para um dinheirinho a mais”, garante. E se o assunto é tradição junina em Maceió não há como deixar de fora os quitutes do seu Jailton de Oliveira de 57 anos. Já são 30 anos vendendo comidas típicas na entrada de uma padaria na Avenida Rotary. As vendas garantem o sustento da família o ano todo, mas nesse período o reforço é garantido. Segundo seu Jailton, diariamente o consumo de milho para a produção gira em torno de 5 mãos de milho, o que equivale a 50 espigas. Mas durante os festejos, as vendas e as encomendas recebidas demandam até 100 mãos de milho. “Vai depender das encomendas, dos pedidos, normalmente o que a gente faz não dá, o pessoal chega mais cedo e vamos vendendo. Até agosto ainda continuamos com um movimento grande”, resume. Marília Faria, de 20 anos, ajuda o pai todos os dias na venda. A rotina deles é intensa, atender, passar troco e conferir encomendas. Servir, embalar e distribuir os pedidos. “Já estamos com as vendas aquecidas, o pessoal já começou a fazer encomenda, as festinhas já começaram e já estamos sentindo a diferença. Antes de começar o mês de junho a gente já sente, vai ficando mais corrido ainda. Nós mantemos o mesmo produto. É o básico da comida junina, não enjoa, aqui é São João o ano todo [risos]. Nós já aceleramos a produção e já estamos chegando mais cedo”. A jovem conta que a família toda é engajada no comércio. Ela e o pai fazem as vendas, mas em casa o trabalho é dividido entre todos e comandado pela mãe, que produz os quitutes. “É assim o ano todo. A demanda é muito grande e é assim o ano todo. A gente atende encomenda, festas, mas tem pedido que a gente não pega porque não dá conta. Fazemos todos os dias, montamos às 17h e quando é 19h30 vamos embora porque não sobra nada, ficamos com as panelas vazias e o povo pedindo mais”, afirma Marília. Com uma clientela fiel, seu Jailton afirma que a família mantém o mesmo padrão de atendimento e nos produtos. Marília explica que a propaganda do negócio continua sendo o boca a boca. “Nossa propaganda é boca a boca como temos muito tempo aqui, o cliente compra, aí o filho compra, os netos. Indicam outras pessoas e por aí vai”. Padaria aumenta produção e aposta em novidades para agradar clientela Segundo Tina, apesar da forte tradição é possível inovar e ampliar o cardápio para conquistar novos públicos e trazer diferenciais. “É possível trazer um pouco de inovação para o cardápio tradicional. Diante de tanta coisa gostosa e tendo como carro-chefe o milho é possível exercer a criatividade transformando prato tradicionais em mais sofisticados. Não gosto da palavra gourmetização, mas é possível incluir valor agregado e várias possibilidades como amendoim. É conhecer as técnicas, os ingredientes e transformar em novas delícias e com isso ampliando o mercado e garantindo novos públicos”. É o caso de uma padaria e restaurante no bairro da Serraria em Maceió. Já no início de maio eles aceleram a produção e iniciam a comercialização dos produtos. Este ano eles trouxeram algumas novidades como o gelatto de milho, bolo “Gonzagão” e bolacha de milho e canela. Além disso, eles visam agradam a gostos bem diversificados com canjica e mungunzá zero lactose. Clodoaldo Nascimento explica que além dos itens tradicionais o espaço fabrica produtos novos para agradar todos os públicos. “Lançamos a bolacha de milho com canela, a canjica e mungunzá zero lactose e os gelattos de amendoim, paçoca e milho, que são bem propícios para a época. Também temos o bolo gonzagão que é feito com leite condensado, coco e milho. São novidades para esse ano. Tudo produção nossa. As pessoas buscam novidades também, sempre trazemos algo inovador para nos diferenciarmos da concorrência”. A preparação também é intensa e começa bem antes das fogueiras, quadrilhas e estalos de São João. “Nossa preparação começa no 1º de maio. Percebemos um momento propício para a padaria. Porque caso, no período junino com o inverno, pãozinho quente, milho, sopa, caldos, as pessoas vêm comprar pão e já levam o milho, a canjica. Isso reforça a venda adicional. As vendas crescem muito nesse período”, comenta.