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Para assistidos pela Pestalozzi, fazer compras estimula autonomia e inclusão

Eles vão ao mercado conhecer e escolher produtos; proposta é que família coloque prática na rotina

Por Texto: Lucas França com Tribuna Independente 01/05/2019 10h41
Para assistidos pela Pestalozzi, fazer compras estimula autonomia e inclusão
Reprodução - Foto: Assessoria
Ir ao supermercado, fazer compras, escolher os produtos que necessita ou que goste parece ser uma tarefa bem fácil, porém, para pessoas com necessidades especiais, esse tipo atividade muitas vezes não é possível. E pensando nisso, a Associação Pestalozzi de Maceió, através do Centro-Dia de Referência: Viver com Autonomia está realizando visitas em alguns supermercados da cidade, com os usuários da instituição para promover autonomia e inclusão social. Segundo a coordenadora do centro, Patrícia Amorim, a ideia de levar os assistidos surgiu de acordo com a necessidade de estimular a autonomia de cada um.  “Está ação faz parte da AVP [Atividades de Vida Prática], da unidade e tem como objetivo proporcionar as pessoas com deficiência, independência e autonomia, além de promover a inclusão na sociedade”. Patrícia explica que a proposta é estimular que as famílias levem seus filhos para o seu dia a dia, inclusive as compras. “Nosso objetivo é que eles conheçam os produtos, escolham. Trabalhamos previamente as atividades no Centro de referência e agora os trouxemos para a prática para fazer o reconhecimento. Hoje [ontem, 30], eles foram conhecer e escolher frutas. Na próxima edição vamos trabalhar os produtos de higiene pessoal. Com essas atividades  eles se sentem mais seguros para comprar os alimentos que eles gostam. Nossa proposta é que a família incentive e estimule colocando na rotina deles este tipo de prática”, declarou. Para os usuários Paulo dos Santos, 44 anos, e João José dos Santos, 39 anos, que são irmãos e ambos com microcefalia, ter ido ao supermercado e escolhido a fruta foi muito bom. Apesar de não reconhecer detalhadamente o produto, os irmãos reconhecem as frutas pela textura e por lembranças. Paulo levou para casa uma maçã. Já João comprou banana. Durante a visita, os usuários identificaram vários tipos de produtos nas prateleiras, sentiram a textura das frutas, das hortaliças e dos legumes, trabalhando também a estimulação sensorial. Na visita, ainda aprenderam a reconhecer os produtos, de acordo com as modalidades como frutas, produtos de higiene etc. Esta foi à segunda ação. A primeira aconteceu na semana passada. “Outras devem acontecer”, disse Amorim. Familiares acompanham ação e reconhecem importância do trabalho Como a ideia é que os familiares estimule essa prática – eles foram convidados para acompanharem a ação. Seu Antônio Francisco de Assis pai dos jovens disse que às vezes leva os filhos para o supermercado no bairro que moram, mas nunca notou esse reconhecimento que eles tinham. “O Paulo já reconhecia muitas coisas. Eles são espertos. Quando fizeram o convite pra gente acompanhar a ação eu achei engraçado. Mas depois vi que a ação é muito importante. A equipe observa o desenvolvimento deles, olha o que eles estão escolhendo. Confesso que não teria esse pensamento de levar e pedir para que eles mesmos escolham o que gostam”, conta Antônio. A costureira Lúcia de Melo, também acompanhou a ação com o filho Michel Oliveira, 22 anos. “Meu filho é especial – não fala, mas é um garoto esperto também. Ele geralmente vai comigo para vários lugares inclusive fazer compras. Já havia colocado isso na rotina dele. Por isso, tem essa noção de escolher algum item”, explica Lúcia. Segundo ela, a ideia do Centro é muito importante para continuar estimulando o desenvolvimento e a inclusão dos assistidos na sociedade. “É uma iniciativa excelente. Incentiva a independência de cada um deles. Ver esse crescimento é emocionante. O Michel já vai comigo e sempre escolhe produtos para o cachorrinho dele. Ver que a cada dia ele é capaz de realizar essas atividades me deixa muito feliz”.