Cidades

Problema do Pinheiro faz disparar valor de aluguéis em Maceió

Alugar imóvel, além de caro, está cada vez mais difícil por conta da desocupação nas residências no bairro afetado pelas fissuras

Por Tribuna Independente com Evellyn Pimentel 30/03/2019 12h36
Problema do Pinheiro faz disparar valor de aluguéis em Maceió
Reprodução - Foto: Assessoria
As famílias que vêm deixando suas moradias no bairro do Pinheiro em Maceió estão precisando lidar também com aumentos abusivos nos valores de aluguéis. É que com o aumento da procura, proprietários – pasmem-, estão aumentando os valores acima do auxílio-moradia e até pedindo caução de no mínimo três meses pela locação. O morador Moacir Wanderley precisou sair do Pinheiro e afirma que recebeu propostas com valores acima da média e até uma cobrança antecipada para “garantir” a locação. “Realmente a situação está muito difícil para muita gente. Sei que existe a lei da oferta e da procura, mas o que estou achando incrivelmente absurdo é alguém dizer que a casa é R$ 2 mil, mas dizer que é preciso uma caução que só receberá quando sair. Isso está acontecendo, tivemos essa experiência ruim com três proprietários. É uma situação muito difícil, precária, realmente está havendo uma exploração no setor imobiliário. Nem sei se haverá casa para todas essas pessoas. Até para financiar, os valores estão aumentando, é um caos total, porque aflige não só o bairro do Pinheiro”, pontua. Sebastião Vasconcelos, líder comunitário do Pinheiro afirma que todos os dias recebe queixas de moradores que, em busca de um imóvel, encontram dificuldades. “Para alugar está um problema, porque tem muita gente saindo. Você achar imóvel hoje abaixo do aluguel social é complicado. Anteriormente, você conseguia alugar no Divaldo Suruagy, estourando R$ 700 se fosse reformado. Se for procurar imóveis compatíveis com esse valor hoje só vai achar no José Tenório, em apartamentos do PAR na Serraria, por exemplo. Só que quando as pessoas vão procurar nestes locais, já não tem mais. Imóveis abaixo do aluguel social é praticamente impossível”, ressalta. A presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento Alagoas (IAB-AL), Isadora Padilha avalia que há um processo de hipervalorização dos imóveis na capital em relação à locação. “Já existia uma fenômeno na cidade de imóveis colocados à disposição pelo mercado imobiliário, mas que estavam com metade da ocupação, por exemplo. Eu imagino que esses imóveis desocupados há um bom tempo vão encontrar valorização, seja por imobiliários ou indivíduos. E isso pode alterar o valor. Existe uma necessidade aí de regulação pelos órgãos públicos para que façam fiscalização para que não seja algo exorbitante, proibitivo”. Aumentos são de até 20% nos valores originais, diz corretor De acordo com o corretor de imóveis Henrique Farias o mercado já tem reagido ao aumento da procura. Como consequência os valores dos aluguéis estão até 20% mais altos e segundo Henrique com um complicador: com valores iguais ou superiores ao aluguel social disponibilizado pelo Governo Federal. “Inflacionou muito os aluguéis. Aumentou bastante o valor dos aluguéis, algo em torno de 15% justamente para agregar esse pessoal do Pinheiro. A procura tem sido muito grande e o pessoal, donos de imóveis, por saberem que o Governo está auxiliando com R$ 1 mil, o aluguel que era R$ 800 estão dizendo que é R$ 1 mil, R$ 1.100, justamente por isso para pegar o máximo do valor do governo”, expõe. Conforme apurou a reportagem da Tribuna Independente, muitas famílias estão precisando procurar imóveis em regiões mais afastadas para conseguir um valor que não comprometa sua renda. “E existe ainda a escassez de imóveis, porque as pessoas acabam procurando por casas e apartamentos na região, o pessoal está preocupado, porque quem mora no Pinheiro vai acabar precisando se deslocar para regiões cada vez mais distantes, como por exemplo o antares. Tem sido muito complicado. São poucos imóveis disponíveis nas proximidades”, detalha o corretor. Segundo o também corretor de imóveis Thiago Dantas o aumento ocorre num contexto geral. E atribui o aumento a uma “reação do mercado nacional”. “Inicialmente, os valores de aluguéis estavam estagnados devido a retração do mercado imobiliário no cenário nacional. Com a reação do mercado imobiliário, desde dezembro tivemos um aumento de aproximadamente 20% na procura de imóveis, e em especial nos últimos dois meses tivemos um outro aumento na procura devido ao caso Pinheiro. Digamos assim, o aumento não foi especialmente para caso Pinheiro, mas sim no contexto geral. Na verdade o período infeliz do caso Pinheiro caiu realmente no período do começo perspectiva de 2019”, diz.