Cidades
Pinheiro, um ano de dúvidas e aflição
Dia 3 de março de 2018, após um tremor e rachaduras que só aumentam, começou pesadelo para milhares de moradores
No dia 3 de março de 2018 um tremor de 2,4 pontos na Escala Richter transformava a realidade do bairro do Pinheiro. Há exatamente um ano o fenômeno das rachaduras até então dispersas e pouco comentadas pela população se intensificou em ganhou repercussão nacional e até agora continuam sem respostas.
A Defesa Civil Municipal, Estadual e Serviço Geológico do Brasil (CPRM) iniciaram estudos para identificar as causas das rachaduras, em junho do ano passado, um mapa de risco da região foi divulgado e em outubro, três possíveis causas para o fenômeno foram levantadas pelos técnicos do CPRM. Em janeiro deste ano, cerca de 500 imóveis passaram por desocupação preventiva, na chama área vermelha.
Com a chegada de uma equipe de mais de 50 técnicos do CPRM, no início deste ano, uma verdadeira força-tarefa envolvendo os mais diversos órgãos, poderes do estado se articulam para minimizar os danos e chegar a soluções para as demandas do bairro.
Governo do Estado, Prefeitura de Maceió, Ministérios Públicos Estadual do Trabalho e Federal, Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) e diversas entidades dos setores sociais.
MAPA
Em janeiro passado, o Serviço Geológico do Brasil disponibilizou para consulta pública o mapa de feições de instabilidade do bairro Pinheiro, onde é possível identificar as regiões com maior incidência de rachaduras. Foi possível identificar as áreas por meio do nome de ruas e avenidas, o que deve facilitar a localização dos que buscam identificar seus imóveis.
O mapa atualizado está dividido entre as áreas vermelha, laranja e amarela, que representam o grau de intensidade das feições. A atualização atende à solicitação da população e foi realizada para facilitar o entendimento em relação aos locais que têm maior intensidade e persistência das fissuras.
No mesmo mês, os pesquisadores em Geociências do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) iniciaram uma metodologia de investigação do subsolo no bairro, que é complementar aos demais levantamentos em andamento na região. O objetivo principal é identificar, por intermédio de sondagens a percussão, as características das camadas de solo e sedimentos que compõem o terreno em profundidade.
EMERGÊNCIA
O Governo Federal, por meio do Ministério da Integração Nacional, reconheceu em 5 de dezembro, quase 10 meses depois do tremor e das fissuras, a situação de emergência do bairro Pinheiro.
“O bairro está adoecido, as pessoas estão com pavor”
Com medo do que pode acontecer no bairro, e sem respostas por parte dos órgãos sobre as causas das rachaduras, moradores se mobilizaram e começaram a protestar em atos para cobrar soluções para o problema. Eles criaram uma comissão paralela para cobrar providências.
O morador do bairro, Geraldo Castro Júnior definiu a tensão vivenciada pelos moradores do bairro. “Não é medo não, a gente tem pavor. Os moradores estão em situação muito difícil, a cada chuva os moradores entram em desespero, os grupos de WhatsApp lotam de mensagens, as pessoas não dormem à noite quando chove. O bairro está adoecido, a situação é gravíssima do ponto de vista do psicológico da comunidade. As pessoas estão adoecendo porque não sabem o que pode acontecer e a situação continua piorando”.
Cerca de seis mil pessoas teriam sido atingidas diretamente e outras 20 mil indiretamente.
EVACUAÇÃO
No dia 16 de fevereiro houve um simulado de evacuação do bairro, mas o grupo de moradores: SOS Pinheiro defendeu a necessidade de outros treinamentos com a população, e avaliou como um desastre o simulado. Segundo Geraldo Vasconcelos, uma solicitada intervenção da Defesa Civil Nacional seria encaminhada.
Para Vasconcelos houve uma falta de sensatez da Defesa Civil local. “Não é mais questão de incompetência é falta de sensatez tratar o povo do Pinheiro dessa forma. O que nós estamos querendo agora é uma intervenção da Defesa Civil Nacional. Estamos trabalhando nesse sentido com a bancada federal do Estado de Alagoas. Já não tem mais sentido a gente ficar na expectativa que se tome uma providência de se estruturar a Defesa Civil, para obter uma resposta mais positiva em caso de acidente. Nós temos prova suficiente que ela não nos dá segurança. Essa é a sensação da população”, afirma Geraldo Vasconcelos.
De acordo com ele, a insatisfação foi generalizada. “A população entende que o simulado foi uma ação midiática. Do ponto de vista operacional, houve uma série de falhas”, falou.
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