Cidades

Braskem anuncia ampliação de estudos no Pinheiro

Segundo a nota informativa, a empresa tem colaborado com as autoridades e tem garantido a segurança das pessoas e do meio ambiente

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 01/03/2019 08h51
Braskem anuncia ampliação de estudos no Pinheiro
Reprodução - Foto: Assessoria
A Braskem iniciou, esta semana, a comunicação aos moradores do Pinheiro sobre a necessidade de ampliação dos estudos que a empresa vem desenvolvendo desde o início do mês. De acordo com o comunicado distribuído à população, a intensificação dos estudos se dará com o uso de sondas e sonares e aumento no número de trabalhadores e equipamentos utilizados na região. Segundo a nota informativa, a empresa tem colaborado com as autoridades e tem garantido a segurança das pessoas e do meio ambiente. “Nós, da Braskem, estamos colaborando com as autoridades na busca das causas das rachaduras no bairro do Pinheiro. Sabemos que essas rachaduras causam extrema preocupação aos moradores e, por isso, intensificamos os estudos no local. Nos próximos dias, vamos ampliar a movimentação de maquinário e pessoal. Isso acontecerá exclusivamente para os trabalhos de pesquisa, usando equipamentos modernos, como sondas e sonares, obedecendo todas as normas e garantindo a segurança das pessoas e do meio ambiente. Reafirmamos a nossa atuação responsável e que seguiremos colaborando com as autoridades na identificação das causas do problema que atinge o bairro e contribuindo para a tranquilidade dos moradores do Pinheiro”, diz a nota na íntegra. O representante de um dos grupos de moradores do bairro, Sebastião Vasconcelos, explica que a população tem aos poucos tomando conhecimento que a empresa está desenvolvendo estudos no bairro. No entanto, reclama da lentidão no processo de informação. “A Braskem agora tem tentado passar informações do que vem fazendo. Agora estão tentando mostrar que estão preocupados em ajudar a população, mas ao meu ver, muito vagamente. Segundo o que nos foi falado, existe um trabalho deles perto da Ladeira do Calmon e que eles vão trabalhar em conjunto com os geólogos que estão aí, mas que tipo de estudos eles vão desenvolver ainda não sabemos. Teremos uma reunião depois do Carnaval com a nossa equipe, para aprofundarmos isso”, pontua o morador. ETAPAS Enquanto os estudos da Braskem são desenvolvidos, o trabalho do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) estão na oitava semana. Desde o último domingo (24), a energia elétrica da região precisou ser suspensa para dar continuidade a uma etapa de estudos que utiliza ondas magnéticas, no chamado método geofísico Áudio Magnetotelúrico (AMT). Nesta etapa, os estudos alcançarão profundidades de até 1500 m. A Prefeitura de Maceió informou ontem (28) que os desligamentos programados seguem até o dia 10 de março. “Durante este período, a Eletrobras atuará com a automação do sistema para, por meio de manobras, atingir o mínimo possível de consumidores com a interrupção no fornecimento. Devido à configuração da malha da rede elétrica de distribuição que passa pelo Pinheiro ser responsável também pelo fornecimento para outros bairros, localidades adjacentes poderão ser afetadas. Os endereços listados no cronograma poderão ter o fornecimento interrompido por duas a cinco horas por dia, no período das 6h às 16h, conforme a realização dos estudos”, explicou a Prefeitura. Pesquisas complementares podem durar até dois meses, diz consultor     Em janeiro, a Tribuna Independente já havia adiantado que a empresa iniciaria uma avaliação técnica própria para identificar os impactos que os fenômenos na região estão causando ou podem causas às atividades industriais da empresa. Segundo o engenheiro de minas e consultor da Braskem, Paulo Cabral o estudo ocorrerá em paralelo às ações do CPRM “Paralelamente a gente vai fazer uns estudos sísmicos, conhecer como estão as estruturas geológicas da superfície. O pessoal da Defesa Civil, Governo Federal vai fazer outro estudo. Nós vamos fazer esse estudo para verificar se essa falha geológica pode comprometer nossas atividades. A gente quer saber se isso traz consequências”, pontuou o geólogo. Segundo o especialista, um dos estudos consiste em emissão de ondas para as camadas mais baixas da superfície. A expectativa é de que dure cerca de dois meses para ser concluído. “Inclusive existiam algumas pessoas que achavam que esse estudo poderia prejudicar a situação na região, mas a empresa que vai fazer tem experiência em área urbana. É assim: vão dar umas pancadas, e vai para baixo, não para as laterais. É um caminhão que vem batendo e capta a onda, que vai lá para baixo e depois é captada pela superfície. As mais resistentes voltam mais rápido, as menos resistentes voltam depois. E aí vai se fazer perpendicular à falha. Vamos percorrer todas as linhas perpendiculares e algumas linhas horizontais.  E lá embaixo, onde está a mineração vamos fazer também”, detalhou Cabral. “São pelo menos dois meses, mas a gente vai ter alguma coisa preliminar que mostre porque está havendo essa acomodação. A acomodação nós supomos o que seja. Isso tem um custo, mas nós vamos assumir. Nós temos um dever social, não é só produzir e empregar pessoas”. Ele explicou ainda que todos os poços ativos ou inativos serão avaliados pelos técnicos da empresa. “Queremos saber o que é e o que pode nos afetar. De todo jeito vamos entregar isso aos técnicos do CPRM. Independente disso nós estamos com sondas naquela região para avaliar as crateras desativadas naquela região, naquele terreno onde as pessoas põem lixo, na continuação da rua da Convem. E também vamos fazer em todos os poços onde for possível fazer. O importante é a gente saber o que isso pode vir a nos afetar. Se houve movimentação do terreno na superfície, lá embaixo pode ser que tenha. Nós queremos saber se no próximo tremor, caso tenha, vai afetar.”