Cidades

Valor proposto por empresas é abusivo, afirmam entidades

Reunião do Conselho de Transportes ainda não foi marcada

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 20/12/2018 08h30
Valor proposto por empresas é abusivo, afirmam entidades
Reprodução - Foto: Assessoria
Entidades de classe já se mobilizam contra a proposta de aumento de reajuste da tarifa de transporte público da capital. A proposta apresentada no início da semana pelo Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros (Sinturb) quer a elevação da atual tarifa de R$ 3,65 para R$ 4,15. Movimentos sociais classificam valor como abusivo. Para vigorar, a proposta deve passar pela deliberação do Conselho Municipal de Transportes e pela sanção prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB). Só então poderá ser cobrada aos usuários. No entanto, o possível reajuste tem causado polêmica. O primeiro encontro para definir os rumos da mobilização está previsto para ocorrer no início da noite desta quinta-feira (20) no Centro de Interesse Comunitário (CIC) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) na parte alta da capital. Já a reunião do Conselho Municipal de Transportes que deve discutir o percentual de reajuste a apresentar os cálculos dos empresários e a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) ainda não tem data para ocorrer. Um dos líderes da mobilização contrária ao reajuste, Magno Francisco da Silva, membro da comissão executiva da Unidade Popular pelo Socialismo (UP), critica a proposta. Segundo ele, o valor atual é desproporcional ao serviço prestado. “Vamos discutir coletivamente como reagir a essa proposta absolutamente desproporcional de reajuste nas tarifas do transporte. Compreendemos que o preço atual já é um absurdo. Especialmente se analisarmos a situação do transporte, que é de péssima qualidade e da própria renda do trabalhador de Maceió, especialmente num cenário de crise”, avalia. Para Magno Francisco, é preciso que todos os segmentos representados no Conselho participem do debate. “O diálogo sobre essa questão deve se iniciar por lá. É importante que os diversos segmentos de usuários possam se colocar. É claro, na medida em que essa discussão se desenvolve, vamos estabelecer diálogos e atuações em outros espaços. Mas o fundamental é preparar mobilizações, ocupar as ruas”, diz. Para CUT, proposta tem de ser repensada   A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também é contrária ao aumento da passagem de ônibus. A presidente da entidade, Rilda Alves, afirma que é a proposta de aumento deve ser repensada. “Os movimentos estão se organizando. Esse é um valor abusivo, porque quando a gente vai para a questão de reajuste salarial, quando a gente vai para a questão do emprego, fica cada vez menos acessível para a população. Tem que se repensar, porque estamos vivendo um momento não muito fácil e mais uma vez com esse reajuste, quem vai pagar pelo preço abusivo é a população menos favorecida.” Procurada pela reportagem, a SMTT informou que pretende priorizar o interesse dos usuários nas negociações. “A SMTT está aberta ao diálogo e vai buscar uma negociação priorizando, sobretudo, o interesse do cidadão e usuário de ônibus de Maceió”, pontua. Representante da Câmara no Conselho é contrário à proposta   O vereador José Márcio Filho (PSDB), representante da Câmara de Vereadores de Maceió no Conselho, se mostrou contrário à proposta de reajuste. Ele afirma que a Câmara irá trabalhar para barrar o possível reajuste. “Vamos buscar meios... não tenho dúvidas... quem sabe uma audiência pública, mobilização da sociedade civil... entre outros, para que esse aumento absurdo não seja aprovado. Tenho confiança que o conselho não irá aprovar e nem o prefeito Rui Palmeira vai concordar com esse aumento”, defende. “Minha posição pessoal é ser totalmente contra. Como represento a casa, vou conversar com os demais vereadores para poder amadurecer essa questão”, diz o vereador. O vereador José Márcio Filho teceu duras críticas ao sistema de transporte coletivo da capital. “As empresas não cumprem a parte dela. O transporte coletivo de Maceió é cada dia pior. Não foram retiradas as catracas, os ônibus não têm ar condicionado, não possuem wi fi, frota deficitária. Falam que a licitação prevê os aumentos para equilíbrio do sistema, mas pensam apenas em lucro. Porque o transporte público na  opinião da maioria da população e na unanimidade da câmara não se vê qualquer melhora. Todas as ações que a câmara tem feito buscando melhoria o que se faz [empresas] é procurar o judiciário para intervir. Quando as empresas deveriam acatar essas sugestões de imediato. Só vão conseguir trazer os passageiros de volta pra o sistema quando o transporte tiver qualidade”, opina o vereador. Sinturb justifica percentual solicitado   Segundo justificativa divulgada à imprensa, o Sinturb aponta o transporte clandestino, a integração temporal e o preço do diesel como alguns dos fatores. Mesmo com a proposta de 13% a mais na tarifa, o sindicato da categoria alega que são necessárias outras ações para o equilíbrio econômico das empresas. “O cálculo da nova tarifa foi baseado na fórmula paramétrica prevista no edital de licitação, que corresponde a 7,91% de reajuste. E soma-se ainda, a perda de passageiros para o transporte clandestino, integração temporal onde o passageiro paga apenas uma passagem com múltiplos deslocamentos, variação do preço do diesel e reajuste salarial dos rodoviários dado acima da inflação, chega-se a 6,25%, totalizando 13,7% para reajuste a partir de janeiro. Em 2017 a média de passageiros foi de 5.737,453, já em 2018 houve uma redução de 3,8% em relação a este ano, o que representa uma média de 221 mil passageiros a menos. Levando em consideração também que levantamentos do sindicato mostram que o transporte clandestino transporta anualmente na capital uma média de 1 milhão de passageiros”, diz o Sinturb.