Cidades
Cresce em 18% o número de doadores de medula óssea em Alagoas
Este ano, foram registrados 1.164 candidatos à doação no Estado contra 986 em todo o primeiro trimestre de 2016
O número de pessoas cadastradas no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) são animadores. Em 2016, de janeiro a março, 986 pessoas fizeram o cadastro em Alagoas. Já em 2017 foram 1.164 e o mês de março ainda nem chegou ao fim. Desde que foi iniciado no estado em 2004, o banco de dados reúne 25.974 possíveis doadores.
A assistente social do Hemocentro de Alagoas (Hemoal), Régia Peixoto, comemora o aumento de 18%. Em todo o ano de 2016 foram 4.913 doadores cadastrados, dois anos antes este número não chegava a 600.
Alagoas ainda não realiza os procedimentos de transplante de medula óssea. Quando são encontrados, os doadores são encaminhados para cidades próximas que realizam o procedimento que pode ser cirúrgico ou clínico.
“Existem duas formas de doar, a opção vai ser feita entre o doador e o médico. Pode ser através de punção direta do osso da bacia, um osso poroso onde se concentra uma grande quantidade de medula. Ou através de veia periférica, aí é preciso uma medicação durante quatro dias, que não precisa ser feito em centro cirúrgico, mas é mais demorado, dura quatro horas a cinco horas”, diz.
No entanto, existem grandes dificuldades em relação aos transplantes, segundo ela, porque apesar da compatibilidade comprovada, ainda é possível rejeição do paciente à medula nova.
“O transplante precisa achar uma pessoa com a caraterística genética 100% igual ao paciente. Em casos de irmãos do mesmo pai e mesma mãe, a taxa de compatibilidade é de 25%, como o Brasil é um país com muita miscigenação existem grandes dificuldades. Além disso, um grande mito porque as pessoas confundem com a medula espinhal, precisamos desmistificar para que as pessoas doem mais”, destaca.
CADASTROSistema nacional reúne mais de 4 milhões
Segundo dados do Hemoal, Maceió teve, desde dezembro do ano passado, 13 candidatos compatíveis. Isto é, pessoas que realizaram o cadastro e foram identificadas com alguma equivalência de DNA com pacientes que necessitam de transplante.
Incentivado no momento da doação de sangue, o bancário Henrique Alves se cadastrou no Redome em 2005.
Ele conta que já foi convocado uma vez por compatibilidade com um paciente. Não chegou a doar porque o irmão que mora em Minas Gerais e também era cadastrado no sistema foi escolhido.
“Interessante, que quando me chamaram descobri que meu imrão também era doador e se cadastrou no mesmo ano que eu”, afirma.
Numa eventual necessidade, Henrique é categórico: “Doaria sem dúvida”.
Para o bancário, a população precisa se conscientizar da necessidade da doação. Ele acredita que o medo e a falta de informação caminham juntos. “As pessoas possuem os dois. Eles têm medo de doar por falta de informação.”
ENTENDA
“O Redome faz parte de um registro internacional. Quem se cadastra pode ser compatível com uma pessoa em qualquer lugar do mundo. Os dados ficam disponíveis por 60 anos. Caso seja compatível, o doador fica a disposição do sistema e tem todas as despesas do transplante custeadas pelo Ministério da Saúde, assim como hospedagem, passagem e acompanhante”, afirma Régia.
O Redome é uma base de dados nacional de responsabilidade da Fundação do Câncer que atua na catalogação e cruzamento de informações dos possíveis doadores de medula óssea. Segundo informações disponibilizadas no endereço eletrônico da instituição, o banco de dados reúne 4 milhões de cadastros em todo o país.
Ainda de acordo com as informações, o Redome é o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo e pertence ao Ministério da Saúde, sendo o maior banco com financiamento exclusivamente público. Anualmente, são incluídos mais de 300 mil novos doadores no cadastro do Redome. O registro americano conta com quase 7,9 milhões e o alemão, com cerca de 6,2 milhões. Ambos foram desenvolvidos e são mantidos com recursos primordialmente privados.
Para Régia é preciso disponibilizar cada vez mais informações à sociedade a fim de estimular a doação. “O mais importante é que as pessoas entendam que é um cadastro. Se você for compatível não vai interferir em nada. A medula não é espinhal, é óssea. Isso aí dificulta. As pessoas têm medo, acham que dói ou que dá reação. As pessoas acham que se doarem uma vez não vão pode doar mais, mas pode sim. A medula após quinze dias está recuperada e pronta para uma nova doação”, argumenta.
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