Cidades
Força de trabalho das mulheres ocupa apenas 43,8% dos espaços no Brasil
Em Alagoas, disparidades no mercado podem ser combatidas com mudança comportamental
O Dia Internacional da Mulher serve não só para enaltecer a importância da figura feminina na sociedade, mas também para discutir as desigualdades, principalmente em se tratando do mercado de trabalho. No Brasil, apenas 37% dos cargos de chefia são ocupados por mulheres. Em Alagoas, a realidade é outra, afirma Central Única dos Trabalhadores (CUT).
As mulheres representam 50,65% da população brasileira, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2017. Mas a força de trabalho delas ocupa apenas 43,8% dos espaços. Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Girlene Lázaro, as disparidades são reflexos culturais.
“Aqui no estado existe uma cultura histórica, que tem origem rural, que nem todo o serviço é para mulher. Elas estão em grande maioria na educação, saúde, serviços porque essas áreas são historicamente tidas como áreas femininas. E não há porque ter um salário maior apesar da formação, essa é uma visão errada. Nesse sentido a mulher realmente tem um prejuízo sempre”, destaca.
Em média, a mulher recebe 76% do total do salário de um homem, com o mesmo cargo e igual formação. Nos casos onde elas ocupam cargos de chefia os rendimentos caem para 68% em relação aos salários deles.
Fernanda Marinela, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil OAB-AL e única presidente das seccionais da ordem no Brasil, ressalta que embora haja dificuldade, os avanços para as mulheres são indiscutíveis.
“Sem dúvida nenhuma as mulheres conquistaram muito mais espaço do que já tinham no passado. Hoje as mulheres estudam mais do que os homens e desenvolvem atividade profissional em condições de igualdade, capacitação. Não temos problemas de falta de capacidade das mulheres. O que ainda falta efetivamente é oportunidade de ocupar esses espaços”, expõe Marinela.
A presidente da OAB acredita que a evolução no quadro é uma questão de tempo, a partir de uma transição de papeis da sociedade. “Com certeza isso é uma questão de tempo, é uma mudança cultural, de comportamento e que está acontecendo a cada dia. O assunto tem que estar sempre na mesa para ser relembrado, discutido”.
Girlene Lázaro reforça a necessidade de debates sobre as desigualdades entre homens e mulheres. “Onde está escrito que a mulher não pode ser motorista de ônibus, de táxis, metalúrgica? Ainda há essa barreira, não existe essa definição do que a mulher pode fazer. A capacidade de desempenhar uma função não está definida pelo sexo. A gente vê muito essa divisão, tanto no serviço público como no setor privado. É um desafio que nós temos ainda a superar”, argumenta Girlene.
As mulheres alagoanas representam 51,46% da população estimada pelo IBGE, em 2017. No serviço público estadual elas somam 18.486 mil. No poder judiciário são 1.246 servidoras, representando 49,7% do total.
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