Cidades
Movimento contra reestruturação para sede do Banco do Brasil em Alagoas
Local foi isolado desde as 6 horas da manhã e nem o superintendente entrou para trabalhar
Funcionários do Banco do Brasil realizaram nesta quarta-feira (30) um dia de luta em Alagoas para protestar contra o pacote de reestruturação anunciado pela empresa. O foco das manifestações foi o prédio central do BB, onde funcionam a superintendência estadual, três agências e diversos departamentos. O local foi isolado desde as 6 horas da manhã, e nem o superintendente entrou para trabalhar.
Com a paralisação, os funcionários que chegaram foram se aglomerando em frente à sede, onde foi realizada uma assembleia geral. Representantes do Sindicato dos Bancários e empregados do banco revezaram-se nos pronunciamentos, denunciando as consequências e o que consideram as verdadeiras intenções da reestruturação: “enxugar, desestruturar e preparar o BB para a privatização”.
“E tudo vem sendo feito sem transparência, sem que os trabalhadores saibam qual vai ser o seu futuro dentro do banco”, destacou Arivoneide Moraes, diretora do Sindicato e funcionária do BB. O fechamento de agências, o desligamento de funcionários pelo plano de aposentadoria incentivada, o fim das gerências administrativas e a extinção de funções, entre outras medidas, causarão, segundo o Sindicato, um impacto significativo, mas o banco não explicou até agora para onde vão e como vão ficar os funcionários atingidos.
“A revolta entre os trabalhadores é grande e todos sabem que a dita reestruturação faz parte de um estratagema do governo ilegítimo de Michel Temer, cujo objetivo é retirar direitos dos trabalhadores, reduzir o tamanho e a responsabilidade do Estado, entregar o patrimônio público à iniciativa privada e elevar o lucro do capital financeiro”, observa o presidente do Seec-AL, Jairo Santos. De acordo com ele, a reestruturação do BB, que logo chegará à Caixa Econômica Federal, vem em paralelo ao congelamento dos gastos públicos (inclusive na saúde e educação), à reforma da Previdência, à reforma trabalhista e ao desmonte de várias conquistas sociais obtidas nos últimos 16 anos.
O dia de luta dos funcionários do BB contou com o apoio da população e de diversas entidades, entre elas a CUT-AL e o Sindicato dos Vigilantes, que também se pronunciaram durante os protestos. “O movimento teve ampla cobertura da imprensa, ajudando a repercutir a indignação dos trabalhadores, que não é só com os efeitos internos do pacote, mas também com os prejuízos que serão gerados à população”, avalia o Sindicato.
“Querem tirar o caráter social e público do BB, além de piorar o atendimento e dificultar o acesso da população”, alertou Juan Gonzalez, diretor de Comunicação do Sindicato. As agências e postos de atendimento que serão extintos em Alagoas são justamente em comunidades carentes que necessitam de um banco público, como a do Jacintinho, em Maceió. “O banco só está pensando na eficiência financeira, no lucro. Este é o novo modelo que estão trazendo para o BB”, completou.
Além dos pronunciamentos dos dirigentes sindicais e funcionários, o ato desta quarta-feira contou com apresentações teatrais, nas quais atores bancários satirizaram as medidas anunciadas pelo banco. Eles cantaram paródias de músicas criticando a reestruturação, as ameaças do governo Temer aos direitos trabalhistas e convocando a sociedade para reagir. As pessoas que passavam participaram de enquete, onde puderam opinar e se pronunciar.
Sindicato busca apoio de parlamentares na luta contra a reestruturação do BB
Dando continuidade ao dia de luta contra a reestruturação no Banco do Brasil, diretores do Sindicato se reuniram ontem com o deputado estadual e ex-presidente do Procon-AL, Rodrigo Cunha (PSDB), em busca de apoio e parceria contra o fechamento de agências, a redução de funcionários e a piora no atendimento, que advirão do pacote do BB. O Sindicato solicitou audiência com vários deputados da Assembleia Legislativa, e Cunha foi o primeiro a responder.
O deputado manifestou preocupação com as medidas anunciadas pelo banco, sobretudo em função do histórico que a empresa possui no Procon. “O Banco do Brasil foi quem mais sofreu autuação por causa das filas. Se não tinha gente suficiente para atender, como vai ser após o fechamento dessas agências e essa redução de funcionários?”, indagou.
Cunha se prontificou a ser parceiro do Sindicato e dos funcionários na luta contra a reestruturação, e disse que fará um levantamento das medidas para poder atuar. Ele vai cobrar explicações do banco sobre os critérios para fechar as três agências bancárias de Maceió e os três postos de atendimento no interior, e sobre o que o banco fará para cobrir a demanda no atendimento com a aposentadoria de tantos funcionários.
Manifestações contra reestruturação do BB continuam nesta quinta-feira
A mobilização contra o pacote de reestruturação no Banco do Brasil prossegue nesta quinta-feira (1º), com manifestação na Assembleia Legislativa do Estado, onde ocorrerá sessão solene para comemorar os 100 anos do BB em Alagoas. Diretores do Sindicato e funcionários estarão no local para dizer que não há o que comemorar, sobretudo após as medidas que irão reduzir o tamanho e o papel social da instituição.
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